Honda City aposta em novo nicho

Sedã compacto premium busca um cliente com família maior e que precise de um bom porta-malas. Confira nossa avaliação

Honda City | Imagem: Honda

Na semana passada, o Soul, o crossover quadradão da Kia, já usou do expediente de dizer que “inventou uma nova categoria”. Agora a Honda repetiu o gesto com o City, um sedã que pode ser chamado de compacto premium ou também de sub-médio ou semi-médio.

Uma coisa, no entanto, não resta dúvida: o preço é de um veículo de porte médio – vai de R$ 56 210 a R$ 71 095, dependendo de qual das seis versões o cliente escolher. Mas o comentário que mais ouvimos nas últimas semanas é: “por esse preço eu compro um Civic”. Compra sim, com menos equipamentos, é verdade, porém, com uma qualidade e um status que o sedã menor não alcança.

Então, por que a Honda lançaria um concorrente para um carro seu? Cabe aqui um “mini-flashback”. Quando trouxe a nova geração do Civic para o Brasil, em 2006, a marca japonesa rompeu com a tradição de construir carros mornos no desempenho e no estilo. A manobra foi arriscada, mas deu certo e hoje o sedã não só é líder do segmento como trouxe uma clientela que não ligava para os modelos nipônicos. Até ex-donos de hatches médios mudaram de categoria, seduzidos pela modernidade do Honda.

Mas e o público cativo da Honda, o que fez? Muita gente ainda seguiu fiel, mas outro tanto migrou para a concorrência, sobretudo quem buscava um carro com um porta-malas razoável – o Civic é conhecido pela carência nesse assunto.

Explicado isso, fica mais clara a intenção da Honda com o City. Como ela fez questão de frisar, não é um “Fit sedã” muito menos um “mini-Civic”. É, sim, uma outra proposta de sedã, mais familiar, com porta-malas generoso (506 litros) e com itens que seu irmão maior não oferece.

Volta ao tempo

Depois de dirigir o City, essa sensação se confirma. Exceto pela frente e pelo volante semelhante, o nova sedã não lembra em quase nada o Civic. A posição de dirigir é elevada, mesmo no grau mais baixo do ajuste. O volante com assistência elétrica é mais leve e menos direto e a suspensão, mais macia – a carroceria inclina mais em curvas, como era esperado.

O motor 1.5 de 116 cv e os dois câmbios trazidos do Fit cumprem bem seus papéis, sobretudo na versão manual, bem mais ágil que seu par automático. Este responde com um escalonamento mais confortável – o motor gira a 3 200 rpm quando a velocidade está em 120 km/h, já o manual bate nos 4 000 giros.

O ambiente do City também é visivelmente mais simples, até mesmo no EX-L, o top de linha. Há muito plástico visível, na cor preta, o que dá uma impressão pior. Mesmo as partes que deveriam transparecer mais qualidade denunciam um padrão inferior ao do Civic. O painel de instrumentos, por exemplo, não traz nenhum visual inovador – ao contrário, fez lembrar o do Civic de 2000.

Se não esbanja espaço lateral, o City vai bem no ângulo longitudinal: os passageiros do banco traseiro viajam com bastante folga, maximizada pelo encosto reclinável em 8º do assento. Mas um passageiro muito alto vai encostar a cabeça no teto – são apenas 92 cm de altura. Por falar em encostar, o sedã traz de série em todas as versões encostos de cabeça triplos com formato em vírgula.

Rádio trabalhoso

Em matéria de equipamentos, o City não decepciona a não ser pelos itens que os franceses adoram oferecer como retrovisor eletrocrômico, sensores de chuva, estacionamento e viva-voz com Bluetooth. O máximo que a Honda faz nesse sentido é oferecer um rádio com CD Player MP3 e conexão para iPod e USB – ah, sim, o sensor de estacionamento virou acessório.

A versão LX, no entanto, apanha feio da EX e EX-L. Ela não traz freios a disco na traseira e ABS com EBD, as rodas são aro 15, na há repetidor de direção nos retrovisores externos nem possibilidade de ter os faróis de neblina. Para completar, o ar-condicionado é manual e o volante, sem acabamento em couro e comandos satélites de rádio e piloto automático. Ou seja, os cerca de R$ 5 mil que separam o LX do EX valem a pena serem gastos.

Os donos de qualquer City compartilharão ao menos um trabalho: adaptar-se ao confuso rádio de série que esconde a entrada do CD atrás do painel e não possui teclas de memória para estações. Em vez disso, você utiliza o mesmo controle do volume – aperte uma vez e ele seleciona as rádios, aperte de novo e volta a operar o volume.

O contra-ataque do sedãzinho vem na traseira. O porta-malas é imenso, parece não ter fim. Comparado novamente ao Civic, o bagageiro do City é baixo e largo (97 cm de comprimento, 137 cm de largura e 60 cm de altura). O primeiro reflexo é achar que o carro não tem estepe, mas ele está lá, quase no chão, literalmente.

Brasileiro de carteirinha

Um mal-entendido foi esclarecido pela Honda durante o lançamento, nesta semana. Ao contrário do que a imprensa falou durante meses, o City sempre esteve planejado como um produto brasileiro. A confusão surgiu porque a Honda constrói na Argentina uma nova fábrica que, realmente, montará o sedã, mas em regime de CKD, com peças levadas do Brasil.

Argentino ou brasileiro, o fato é que o City tem vocação e perfil de países em desenvolvimento. O modelo hoje é vendido em várias partes da Ásia, na Índia e na Turquia, mercados conhecidos por possuírem uma geração de clientes emergentes, que querem deixar os compactos básicos devido às recentes melhorias no seu padrão de vida. É diferente de Fit e Civic, que são voltados para mercados mais amadurecidos.

A Honda não reconhece nenhum concorrente direto para o City, mas eles existem, sim. São os sedãs médios de pouco sucesso no mercado e que tinham no preço seu argumento de vendas. Talvez o City venha a custar menos no futuro – como é novidade, é natural que a marca cobre mais –, mas de certo mesmo é que os viúvos da pacata geração anterior do Civic poderão voltar a ter na suas garagens um carro com o logo da letra “H”.

Ficha técnica

Honda City 2010 EXL 1.5 16V flex automático 4p
Categoria Sedã compacto
Vendas acumuladas neste ano 7.284 unidades
Motor 4 cilindros, 1496 cm³
Potência 115 cv a 6000 rpm (gasolina)
Torque 14,8 kgfm a 4800 rpm
Dimensões Comprimento 4,4 m, largura 1,695 m, altura 1,48 m, entreeixos 2,55 m
Peso em ordem de marcha 1178 kg
Tanque de combustível 42 litros
Porta-malas 506 litros
Veja ficha completa

Recomendados por AUTOO

Youtube
Fiat Fastback Abarth

Fiat Fastback Abarth

SUV Cupê tem veneno na medida certa
Aviação
Áustria terá ajuda da Holanda para comprar seus Embraer KC-390

Áustria terá ajuda da Holanda para comprar seus Embraer KC-390

Rival do Hercules deve chegar ao país da Europa em 2027
MOTOO
Veja os preços da nova Zontes 350!

Veja os preços da nova Zontes 350!

Novas T350, T350x, R350 e V350 aparecem em site da empresa