Honda Civic retorna na versão EXR. Vale investir em um sedã top de linha?

Já na linha 2016, versão EXR do sedã médio incorpora mudanças estéticas e ganha central multimídia com acesso à internet; versão LXR também melhora para justificar preço mais alto

Versão EXR retorna com mais equipamentos para a linha 2016 | Imagem: Honda

Quando a Honda lançou no mercado o facelift do Civic em junho de 2014, chamou atenção a ausência da versão top de linha, EXR – foram apresentadas as versões de entrada LXS com câmbio manual e automático, e a intermediária LXR apenas com câmbio automático que ganhou uma repaginada no visual. A própria Honda explicou na ocasião que eles estavam trabalhando para melhorar o pacote do EXR, que deixaria o carro mais competitivo e justificaria o preço.

Foi exatamente o que fizeram. Primeiro, esperaram acabar o estoque do EXR 2014 ainda com a “cara velha” e nesta semana lançaram a versão top de linha do sedã médio, devidamente equipado, junto com a linha 2016. O sedã chega às lojas no início de março por R$ 88.400 e, como era de se esperar, incorporou as mudanças no exterior e interior já recebidas pela versão LXR no ano passado – nova grade frontal, barra cromada na tomada de ar do para-choque, farol de neblina com formato circular, rodas de liga leve aro 17” e alguns retoques no interior.

Resumindo, sua versão base é a LXR, equipada com o mesmo motor 2.0 i-VTEC de 155 cv de potência a 6.300 rpm quando abastecido com etanol e 150 cv com gasolina, na mesma rotação. A transmissão é automática e inclui paddle shifts para trocas de marcha por aletas atrás do volante. O que eu quero dizer com isso é que o comportamento dinâmico do carro é o mesmo. Parece redundância, já que sedã japonês é sinônimo de confiável para muita gente, mas ele é mesmo. Um sedã correto, confortável, com uma cabine extremamente silenciosa e, inclusive, até divertido de dirigir.

Central multi touch

Desde o modelo 2014, a versão EXR já contava com controle de tração e estabilidade e sistema de direção batizado pela Honda de MA-EPS (Motion Adaptive Electric Power Steering), que interpreta o movimento do motorista favorecendo ou enrijecendo o esterço da direção conforme a condução. Esses foram mantidos e, para a linha 2016, o modelo ganhou assistente de partida em rampa. Não só a versão mais completa, os três equipamentos supracitados também foram incorporados à versão intermediária do Civic LXR, que teve o preço ajustado a R$ 78.400.

Mas, então, o que diferencia a versão intermediária da top? Por fora, as diferenças são teto solar e maçanetas cromadas. A cereja do bolo, no entanto, ficou no interior do veículo com um novo sistema multimídia com monitor LCD de 7” e navegador integrado ao painel. O GPS é da marca Garmin e entrega ao usuário informações sobre o fluxo de trânsito e incidentes nas vias das principais capitais do país – inicialmente, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília (apenas fluxo) e Belo Horizonte. O plano é que em breve três outras cidades passem a ter a mesma cobertura. O GPS indica a velocidade máxima nas principais vias, mas não avisa sobre radares. A Honda achou melhor desabilitar a função, por conta da mudança corriqueira nos pontos de radares, o que poderia gerar uma lista de reclamações dos usuários e uma dor de cabeça extra para a montadora.

De fato, a central oferece muitos recursos e é bem intuitiva. A tela é “multi touch” e isso significa que você pode expandir e diminuir a imagem, alterar a imagem da tela como se faz no iPhone, por exemplo. Thiago Fachini, líder do projeto local de desenvolvimento da central multimídia, explica que é a primeira vez que um carro produzido no Brasil conta com uma central tão evoluída. O hardware possibilita a conexão Wi-Fi com o uso de browser para acesso à internet. Dá para se conectar com qualquer rede Wi-Fi (desde que se tenha acesso à senha, claro) e checar os e-mails, por exemplo, mas quando o carro entra em movimento, o recurso é desabilitado automaticamente.

A versão também ganhou uma entrada HDMI, que permite a reprodução de áudio, vídeo e imagens em alta definição por meio de dispositivos como notebooks, câmeras digitais, entre outros (novidade que estará no jipinho HR-V também). Se você conectar seu smartphone ao veículo, a imagem da tela do aparelho é transferida para o painel do carro, como um espelho (quando você gira o celular, a imagem também muda na tela do carro) , mas os comandos só valem através do smartphone. Não adianta tocar o painel do carro que nada acontece. Se você optar por usar o app Waze do seu celular, a imagem vai aparecer "grandona" no painel central, legal, mas se você solta o freio de estacionamento a tela fica preta e só o áudio permanece por questões de segurança.

Bom, além disso, há conexão Bluetooth, mais duas entradas USB e um CD player escamoteável que fica atrás da tela de LCD – no HR-V, que está prestes a chegar ao mercado, a entrada de CD ficará em cima da tela, mas a central será a mesma).

Outro destaque da central, é que ela reproduz as imagens da câmera de ré em três modos de visão (normal, com campo ampliado e de cima para baixo). Sempre bom contar com este auxílio. Mas não fique chateado se seu orçamento não lhe permitir ter na garagem a versão mais completa, pois nas versões LXR e LXS (visual antigo) do Civic 2016, a central de áudio é composta por um monitor LCD colorido de 5 polegadas que fica no painel de instrumentos. Ali pode-se conferir as informações gerais do veículo, o computador de bordo e a imagem da câmera de ré, além de dados do sistema de áudio, que conta com CD player, entrada auxiliar, USB e Bluetooth.

Por dentro, o ar-condicionado é digital em toda a linha, desde a versão de entrada. A partir da intermediária há função de acendimento automático dos faróis e revestimento dos bancos em couro. Já no quesito segurança, todos os modelos trazem direção elétrica assistida, freios a disco nas quatro rodas, ABS (antitravamento) e EBD (distribuição de frenagem). A versão EXR ainda agrega airbags laterais e de cortina.

Vale a pena comprar um sedã médio top?

Partindo dos R$ 70.900, o sujeito que quer ter um sedã médio japonês (com fama de confiável) pode adquirir um Civic LXS com motor 1.8 de 140 cv, câmbio manual de seis marchas, acabamento justo e pacote razoável. Com o câmbio automático, na mesma versão, o preço sobe para R$ 73.900. Vale mencionar que mesmo com reajustes na casa dos R$ 2.500, o sedã da Honda pode ser uma opção mais interessante que seu principal rival, o Toyota Corolla – líder do segmento. E. certamente, este era mesmo o objetivo da Honda. 

Se engana quem pensa que as versões de entrada vendem mais.  Elas representam apenas 5% do mix inicial de produção, enquanto o carro-chefe é a LXR, com 84% do mix. A a top fica com apenas 11%. Este é um plano inicial, que pode ser alterado de acordo com a demanda, explica a montadora, mas não deve mudar muito.

Também, pudera, não precisa ser um especialista para entender que a versão intermediária é a que oferece o melhor custo-benefício e, racionalmente falando, é a melhor compra. Em suma, para se gastar cerca de R$ 10 mil a mais por um teto solar e uma central multimídia completona (que é muito legal, sem dúvida, mas não indispensável) só se a grana estiver fazendo cócegas no bolso mesmo ou se você fizer uma comparação com o Toyota Corolla Altis CVT - a Honda demorou um ano, mas conseguiu oferecer uma versão top de linha por quase R$ 8 mil a menos que seu principal rival e quanto aos itens de segurança e tecnologia, tão completa quanto.