Quando os carros parecem uma boa ideia e não são

Modelos como o Honda Crosstour surgem como propostas ousadas, mas na prática não vendem nada

Honda Crosstour | Imagem: Divulgação

Ao contrário do que acontece no Brasil, lá fora as montadoras adiantam o fim de linha de seus modelos aos consumidores. Desta vez, a Honda anunciou que vai deixar de produzir o Crosstour em breve nos Estados Unidos, cerca de seis anos após seu lançamento.

A razão é o baixo volume de vendas, mas analisando o modelo é possível ver que se trata de mais um caso de ideia que parecia boa no papel, mas que se revelou ruim na prática. Por mais que as montadoras analisem e tenham departamentos imensos para tentar entender a cabeça dos clientes sempre surge um projeto que desafia a lógica, acaba entrando em produção e depois por razões aparentemente óbvias, dá errado.

O caso do Crosstour segue essa linha. A versão ‘cupê SUV’ do Accord se inspirou no BMW X6 ao tentar juntar num carro vários tipos de modelo. Mas a marca não tem a imagem de esportividade da montadora alemã e o Honda nem passa perto disso. Agora, os japoneses apostam no HR-V para suprir esse nicho: “Acreditamos que o Honda HR-V vai criar um novo valor para os compradores de crossover e desempenhar um papel mais significativo como um modelo de porta de entrada para a marca Honda, para conduzir o crescimento nas vendas de utilitários”, disse a empresa.

Assim o Crosstour entra para uma galeria de veículos que prometiam e no fim não vingaram. Veja a seguir outros casos:

Nissan Murano CrossCabriolet

Se o Honda já era inusitado, o que dizer do Murano CrossCabriolet? O modelo da Nissan já era uma proposta ousada, mas transformá-lo num conversível com capota de tecido foi demais. A versão não durou três anos em produção.

Volkswagen EOS

O EOS foi um belo conversível, mas o fato de ser um carro da Volkswagen e de um segmento que só agrada em alguns mercados acabou minando seu futuro. O modelo até chegou a ser vendido no Brasil mas encontrar um na rua é coisa rara.

Mini Paceman e Coupé

Depois que assumiu a Mini, a BMW resolveu ampliar a oferta de modelos com a grife da marca britânica, mas a brincadeira foi longe demais com o Paceman e o Coupé. Sem acrescentar muita coisa, os dois duraram pouco. O Paceman era um Coutryman cupê e o Coupé, um Cooper também cupê.

Jaguar X-Type

Agora a Jaguar se prepara para lançar o sedã XE, um modelo que tem tudo para fazer sucesso, mas no passado, a marca britânica pensou algo parecido e se deu mal. Quando ainda estava nas mãos da Ford, a Jaguar lançou o X-Type, um modelo médio que usava a base do Mondeo. Parecia o mundo perfeito: compartilhando plataforma, o carro era mais barato de fazer e acessível aos fãs da marca, mas o problema é que o X-Type era tudo menos um Jaguar.

Citroën C3 Pluriel

O C3 Pluriel encantou no Salão do Automóvel de São Paulo em 2002. Em poucos minutos era possível transformá-lo em conversível, bastando para isso retirar as colunas em formato de ‘C’. Mas o carrinho da Citroën, baseado no C3 normal, não tinha onde levar as peças, ou seja, você precisava largar as coisas na garagem. Não teve continuação quando o modelo mudou de geração.

Mercedes-Benz Classe R

Uma minivan tamanho GG da Mercedes? Pois é, parece absurdo, mas os alemães acharam que valia a pena. A Classe R até que durou bastante (de 2005 a 2010), mas vendeu pouco, incluindo o mercado norte-americano, onde era o principal foco da montadora.

Chevrolet SSR

Nos tempos em que os modelos retrô estavam em alta, o PT Cruiser e o New Beetle fizeram a festa, mas nem tudo que lembrava o passado tinha futuro. A GM, por exemplo, achou por bem lançar uma picape nostálgica que, acreditem, era também conversível na cabine. Falamos da SSR que até era atraente, mas a ideia de uma picape esportiva conversível realmente não vingou.

Dodge Trazo C

Hoje a Chrysler, parte do grupo FCA, vive tempos de glória, mas num passado não tão distante a empresa parecia em rota para o abismo. Quando era tocada por um fundo de investimentos após sair das mãos da Daimler, a Chrysler acreditou na ideia de lançar um sedã médio no Brasil com a marca da Dodge, mas que era na realidade um Tiida Sedan. Ainda bem que o projeto acabou cancelado antes que fracassasse nas lojas.