2019: o ano da venda direta no Brasil

Modalidade cresceu nos últimos anos impulsionada pelo público PcD e as locadoras
Em 2019, maior parte dos Jeep Compass vendidos foram no regime de venda direta

Em 2019, maior parte dos Jeep Compass vendidos foram no regime de venda direta | Imagem: Divulgação

Além de sinalizar tempos melhores para o mercado automotivo, o ano de 2019 também será marcado por uma tendência que mostra-se cada vez mais presente no setor. Estamos falando do avanço que as vendas diretas registraram no ano passado, movimento que deverá ganhar ainda mais força nos próximos meses.

Segundo dados da Fenabrave, ao somarmos os automóveis e comerciais leves, as vendas diretas foram responsáveis por quase metade (45,6%) dos emplacamentos em 2019. Chevrolet, Fiat e Volkswagen aparecem como as detentoras da maior participação nesse tipo de venda, com as duas primeiras respondendo, cada uma, por 18,43% dos emplacamentos e a marca alemã alcançando outros 17,04% do total.

Nesse universo, pesam muito dois tipos de clientes: o público de pessoas com deficiência (PcD) que realizam a compra com isenção e a venda para as locadoras, o que gera até mesmo distorções no volume de emplacamentos por Estado, uma vez que essas empresas buscam regiões em que tributos como o IPVA são menores.

Uma olhada rápida nos veículos mais vendidos ao longo de 2019 para o segmento de vendas diretas nos permite delinear com mais facilidade o perfil desses compradores.

O Chevrolet Onix foi o carro mais procurado para venda direta em 2019, somando 100.321 unidades dentro dessa modalidade específica, o que representa consideráveis 41,59% de tudo o que o hatch emplacou no ano passado. Logo em seguida no acumulado das vendas diretas em 2019 figura o Volkswagen Gol como o segundo modelo mais procurado (54.426), carro que, assim como o Onix, tem ótima participação nas vendas para frotistas.

Após o Gol, quem também aparece com um alto volume de vendas diretas é o Jeep Renegade (49.524). Vale a pena destacar que o SUV compacto conseguiu uma boa penetração entre o público PcD graças aos preços competitivos e demais incentivos que a marca ofereceu para ele ao longo do ano passado. Realizando para o SUV a mesma conta que fizemos para o Onix, a participação das vendas diretas no caso do Renegade fica em impressionantes 72%.

Ainda na linha Jeep, vale a pena citar outro exemplo literalmente idêntico ao do Renegade, no caso envolvendo o Compass. O SUV médio foi o quinto carro mais procurado no regime de vendas diretas, somando 40.756 emplacamentos, portanto os mesmos 72% de participação no total geral dos registros alcançados pelo Renegade.

Na época do lançamento do JAC T60 no Brasil, Sergio Habib, presidente do Grupo SHC, holding que opera a marca chinesa no Brasil além de concessionárias de diversas marcas, trouxe alguns números que nos permitem colocar em perspectiva a evolução das vendas diretas no Brasil.

Segundo o executivo, entre os anos de 2011 até 2014 as concessionárias (venda varejo) eram responsáveis, em média, por 73,9% do total de automóveis e comerciais leves vendidos no Brasil. Dentro do período em questão, as vendas para o público PcD representavam apenas 1,6% dos emplacamentos, com as locadoras respondendo por outros 5,4% e o faturamento direto por parte das fábricas ficando com 19,1%.

Já com os números consolidados de 2018, quando o mercado atingiu quase 2,5 milhões de automóveis e comerciais leves chegando às ruas, as vendas no segmento de varejo diretamente nas concessionárias despencou para 57,7% do total, de acordo com os levamentamentos do empresário. Também em 2018, a fatia das compras por parte do público PcD já representava 10,7% do total (com previsão de encerrar a 13,2% em 2019).

As compras por parte das locadoras também cresceram consideravelmente, alcançando 14,7% em 2018 (com estimativa de 18% para o ano passado). Da mesma forma, o faturamento direto das fábricas ficou em 16,9% em 2018, porém Habib estima que essa parcela iria cair para 12,6% em 2019, sinal de que uma boa parte das empresas pode ter optado por serviços de terceirização de frota, alguns deles inclusive oferecidos por locadoras.

Por falar nelas, as locadoras encontraram um forte nicho de mercado que é a revenda dos veículos adquiridos por elas com uma boa margem de desconto (que pode chegar a até 35% em alguns casos), o que lhes rende ganhos consideráveis.

Se, por um lado, as vendas diretas representam uma perda de arrecadação para a administração pública no caso da venda PcD, ao menos o maior volume gerado por esse tipo de comercialização ajuda a indústria a atingir níveis mais altos de produção. Com isso, notamos um ganho para a economia como um todo, em especial por preservar empregos do setor e ajudar a manter aquecida a cadeia produtiva. Ao menos por enquanto ou até que alguma mudança seja feita nas regras, tudo indica que as vendas diretas seguirão relevantes ainda por um bom tempo no Brasil.

Chevrolet Onix 2020
Carro mais vendido do país, Chevrolet Onix também lidera a procura na venda direta
Imagem: Divulgação

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