Carro brasileiro custa 60% mais que chinês, diz Anfavea

Entidade que reúne os fabricantes de veículos no Brasil divulgou estudo de competitividade para ser entregue ao governo

Cledorvino Belini | Imagem: Fiat

A Anfavea concluiu o estudo de competitividade da indústria automobilística brasileira anunciado há alguns meses pelo presidente da entidade, Cledorvino Belini. Para a associação, que reúne os fabricantes instalados no Brasil, o principal problema do preço elevado dos automóveis no país é o custo da mão de obra.

Segundo o estudo, feito com a ajuda da consultora Pricewaterhouse Coopers, a hora de trabalho do funcionário brasileiro sai por 5,30 euros contra 2,60 euros do mexicano, cuja indústria está num patamar de desenvolvimento semelhante ao nosso. Se comparado a outros dois países do BRIC, os gigantes Índia e China, o custo no Brasil é mais de quatro vezes maior: 1,20 euros e 1,30 euros, respectivamente. De maneira geral, um automóvel produzido no Brasil custa 5% a mais que na Índia, 20% a mais que no México e 60% superior a China, hoje o maior produtor do mundo.

Belini também apontou o aço brasileiro e a energia elétrica como os vilões. “O aço chega a custar 50% mais no Brasil”, revelou. Até mesmo o aço chinês, que usa minério de ferro brasileiro, tem valor 40% menor, segundo o executivo. Já o custo do kilowatt/hora chega a ser o dobro de outros países.

A solução apontada pela Anfavea é o investimento em tecnologia e inovação para aumentar o índice de nacionalização dos produtos brasileiros.

Made in Brazil

O que o estudo da Anfavea não explicou é porque o preço de alguns veículos produzidos aqui consegue ser tão mais barato em outros mercados para onde são exportados. A Honda, por exemplo, exporta o Fit para o México e cobra pela versão mais simples cerca de R$ 26.800. O mesmo carro no Brasil custa quase o dobro – R$ 51.805. Já a Toyota vende na Argentina o Corolla XLi produzido no interior de São Paulo por aproximadamente R$ 36.100 contra R$ 63.500 cobrados dos clientes aqui.

Tanto o México quanto a Argentina têm isenção de impostos com o Brasil, ou seja, basicamente trata-se da diferença de impostos cobrados em cada país e mais o custo do frete, sobretudo para o primeiro.

Segundo outro estudo feito pelo IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário) e divulgado por um artigo publicado na revista Autoesporte, a carga tributária do automóvel brasileiro equivale a cerca de 30% do preço. A grosso modo, o Corolla citado acima teria um custo de produção em torno de R$ 40.000, ou seja, acima do preço cobrado na Argentina. Se a lógica da Anfavea fizesse sentido, os veículos produzidos no Brasil não poderiam ser exportados porque custam mais para produzir do que o preço cobrado no exterior. Ou se trata de filantropia ou há algo de muito errado nessas contas.