Como os SUVs estão matando as vendas de hatches e sedãs
Poder de destruição dos utilitários esportivos é tão grande que dizima a carreira de carros médios quase que instantaneamente
Sim, toda marca que se preze tem ou terá vários utilitários esportivos em sua linha de produtos. É fato e vale até mesmo para a mítica Ferrari. A própria Ford já deu a deixa: só vai produzir SUVs e picapes nos Estados Unidos em breve.
É o caminho natural que está sendo trilhado em velocidade diferente por todas as montadoras. O problema é que os SUVs são como gafanhotos: dizimam tudo que encontram pelo caminho, incluindo as vendas de veículos de outras categorias da própria marca.
Isso tem ocorrido com quase todas as fabricantes que lançaram utilitários esportivos compactos que, pelo preço competem com hatches e sedãs médios, mais sofisticados, porém, sem o carisma do seus “irmãos mais novos”.
Ou seja, ao mesmo tempo em que uma determinada marca passa a atuar num segmento com muita demanda ela perde também na outra ponta. É verdade que o saldo é positivo sobretudo porque o custo de produção de um SUV é mais baixo que o de um sedã. Pegue-se o exemplo do Civic, um projeto bem mais complexo e sofisticado que o de um HR-V. Mas o SUV vende quase o dobro do sedã.
Impacto profundo
Para comprovar essa tese basta observar como a chegada de um SUV afetou as vendas de hatches e sedãs médios em algumas marcas. Na já citada Honda isso ocorreu em 2015. Naquele ano o HR-V emplacou nada menos que 50 mil unidades, já o Civic, 31 mil. Detalhe é que no ano anterior, sem a concorrência interna, o sedã havia comercializado 52 mil carros.
Na Nissan a situação foi parecida. Embora o Sentra, sedã mexicano, não vendesse tanto assim o impacto do lançamento do Kicks em 2016 (na época também importado do México) foi notório: queda das vendas pela metade. Hoje o sedã acumula 3 mil unidades emplacadas em 2018 enquanto o SUV vendeu 10 vezes mais.
Até na Chevrolet, que traz o Tracker do México e o Cruze da Argentina, esse fenômeno é perceptível. O SUV já é vendido no Brasil desde 2013 mas só em 2017, com o facelift, passou a ter um pacote mais interessante e uma estratégia mais agressiva. Coincidência ou não, o Cruze tanto hatch como sedã vem caindo no ranking desde 2015.
Na Peugeot, o 2008 foi a pá de cal nos decadentes 308 e 408. Desde 2015, quando foi lançado, o SUV tem emplacado de cinco a sete vezes maior que o hatch e o sedã somados.
No caso da Hyundai, o Creta, lançado no ano passado, acabou não só afetando o Elantra, mas sobretudo outro SUV, o veterano Tucson. Com preços semelhantes, o modelo mais novo acabou inviabilizado o mercado para o utilitário esportivo montado pela CAOA em Anápolis, embora ela ainda produza um ou outro exemplar eventualmente.
O que será do Golf e do Jetta?
Se a regra valer para a Citroën e para a Volkswagen, duas marcas que estão entrando no segmento de SUVS compactos, então estamos prestes a ver o fim do C4 Lounge,do Golf e do Jetta, mesmo renovado.
Na Citroën, o Cactus deve se transformar no modelo mais vendido da marca, o que não é difícil afinal seus números estão em queda há tempos. Já a Volks, uma das últimas marcas a lançar um SUV compacto, o impacto do T-Cross deve tirar o pouco de clientes que o Golf e a Golf Variant ainda possuem. Já o sedã Jetta, que subiu de nível e custa a partir de R$ 110 mil, também deve sentir o peso do novo “jipinho”, cujas versões mais caras terão preços parecidos.
Apesar dessa perspectiva, certamente não há arrependimentos por parte delas.
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