Da aversão ao transporte público à procura por carros mais baratos: os reflexos da pandemia no setor automotivo

Especialistas da área avaliam algumas consequências imediatas que o cenário de emergência sanitária trará para o mercado
No "novo normal", especialistas preveem maior procura por deslocamentos em carro próprio

No "novo normal", especialistas preveem maior procura por deslocamentos em carro próprio | Imagem: Agência Brasil

Em uma interessante live promovida pela Anfavea nesta semana, diversos especialistas do setor automotivo foram reunidos para debater quais serão os reflexos imediatos da pandemia desencadeada pelo novo coronavírus no comportamento dos consumidores, em especial no momento em que diversas regiões do Brasil iniciam seus processos de retomada gradual das atividades da indústria e comércio em um ambiente de fortes incertezas econômicas e uma recessão aprofundada.

Com isso, segundo Ricardo Bacellar, da KPMG Brasil, uma das características do mercado para os próximos meses está relacionada com o “bolso do consumidor”. “Nesse retorno às atividades, notamos em outros países que os consumidores tendem a buscar veículos mais baratos, inicialmente os usados e depois seminovos. Então, se isso se confirmar aqui no Brasil, teremos duas primeiras ondas que não se refletem em produção, uma vez que esses carros já estavam no mercado. Se a gente levar em conta que os serviços de mobilidade, incluindo aí as locadoras, também sofreram um baque, a tendência é que você terá um volume enorme de veículos seminovos no mercado, com muitos preços em oferta”, analisa.

Ainda de acordo com Bacellar, somente após a procura maior por automóveis usados é que uma “terceira onda” pode surgir refletindo em uma procura maior por carros novos, o que poderá acelerar o ritmo de produção da indústria.

Outro ponto interessante abordado pelo especialista da KPMG diz respeito à procura por parte dos consumidores de carros 0 km com valores mais acessíveis daqui para frente, um reflexo da queda na renda causada pela retração da economia. “Um ponto que estamos discutindo com a indústria envolvendo produtos é avaliar o interesse do consumidor em adquirir carros mais simples. Se olharmos nos últimos anos, seja por questões de regulação ou demanda do consumidor, os nossos carros foram evoluindo tecnologicamente. Com isso, os preços também foram subindo. Mas será que existe uma oportunidade, nessa nova reconfiguração do mercado pós-pandemia, do consumidor assimilar produtos novos mais simples? Só saberemos com uma pesquisa bastante densa”, pondera Bacellar.

Outro ponto que pode colaborar para a movimentação do mercado de veículos aqui no Brasil é a “aversão ao transporte público” em decorrência da pandemia, portanto uma busca das pessoas em evitar ambientes lotados ou com circulação de ar restrita. Segundo explica Eduardo Jurcevic, CEO do Webmotors e um dos convidados da live realizada pela Anfavea, “dentro da nossa plataforma de pesquisa ficou constatado essa aversão das pessoas ao transporte público, algo que também ocorreu em outros países. Não sabemos se isso vai durar apenas por um tempo, mas é um fato. Notamos até mesmo uma queda na procura por carros de aplicativo (Uber, etc.). Algo não tão intenso, mas haverá uma diminuição. Logo, eu acho que isso colabora ainda mais para abrir espaço aos carros de entrada no Brasil”, conclui o executivo. 

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