Excesso de tecnologia pode ''matar'' carros compactos

Na Europa, algumas fabricantes estudam sair do segmento
Acima o Toyota Aygo, modelo que ainda é muito importante para a marca na Europa

Acima o Toyota Aygo, modelo que ainda é muito importante para a marca na Europa | Imagem: Divulgação

Enquanto aqui no Brasil os hatches compactos e demais carros de entrada ainda cumprem um papel muito importante ao servir como a porta de entrada para quem deseja adquirir seu primeiro carro, na Europa a vida desses modelos parece estar tomando um caminho diferente.

Segundo reportagem publicada nesta sexta-feira no Automotive News Europe, grandes conglomerados como a PSA e a Volkswagen estudam sair do segmento em um futuro não muito distante.

“A possibilidade de qualquer fabricante obter lucro no segmento de carros compactos encontra-se sob pressão por conta de toda a tecnologia que nós temos que colocar nos carros atuais”, explica Maxime Picat, diretor operacional da PSA para a Europa.

Fato é que mesmo os modelos de entrada no Velho Continente contam com uma demanda por parte do público para que eles contem com os mesmos, ou pelo menos algo equivalente, aos sistemas de infoentretenimento e assistentes de condução presentes em modelos maiores e mais caros.

Como o executivo da PSA deixou transparecer, essa é uma equação complicada para ser resolvida na medida em que os custos desses recursos ainda são caros para um segmento onde o preço ainda é algo decisivo.

Um exemplo bem didático é apresentado CEO do grupo Volkswagen, Herbert Diess. “Atualmente um up! é vendido por 11.000 euros. Para que ele atenda as normas de emissões que irão vigorar na Europa a partir de 2021 teríamos que elevar seu preço em cerca de 3.500. Eu não estou certo quantos consumidores aqui na Europa estariam dispostos a pagar tudo isso a mais por um up!”, analisa Diess.

Uma alternativa para os hatches compactos, que tem grande aplicação urbana, é que em um futuro não muito distante os conjuntos propulsores elétricos consigam se tornar bem mais acessíveis, o que prolongaria a vida desses modelos. “O segmento está se tornando cada vez menor em termos de volume, então acho que ele precisa evoluir para um caminho alternativo e eu acho que provavelmente ele deve ser a eletrificação”, explica Linda Jackson, CEO da Citroën, em entrevista ao Automotive News Europe.

Para alguns fabricantes, contudo, o segmento de carros pequenos na Europa ainda é considerado bem estratégico. “O segmento A é uma porção muito importante do mercado para nós. Ele traz novos consumidores para nossa marca”, explica Johan van Zyl, CEO da Toyota na Europa. De acordo com o executivo, o consumidor de modelos como o Aygo na Europa é bem mais novo do que o restante dos clientes que optam pelos demais carros da gama Toyota.

De qualquer forma, segundo analistas, os carros compactos na Europa podem se beneficiar com o surgimento de variantes mais esportivas ou as “aventureiras” que bem conhecemos aqui no Brasil. O Kia Picanto em sua nova geração, que conta com amplas possibilidades de personalização e oferece variantes de apelo esportivo, registrou um aumento de 19% nas vendas. O Renault Twingo também é outro compacto que registra uma boa procura.

Seja no Brasil ou na Europa, os carros compactos ainda contam com um forte apelo racional, já que são mais acessíveis, geralmente consomem pouco e a manutenção é mais barata do que automóveis maiores. A receita, contudo, inegavelmente terá que se adaptar nos próximos anos para atender a demanda do público sem deixar de lado seus principais atributos.  

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