Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën são as preferidas das 'empresas'
Principais marcas do grupo Stellantis ampliaram estratégia de vendas diretas em 2021, destoando do restante do mercado
Se a Fiat e a Jeep já mostravam predileção por realizar a venda direta de seus veículos, a chegada da Peugeot e da Citroën após a criação do grupo Stellantis só viu essa prática ser ainda mais expandida no ano passado.
Em 2021, as quatro principais marcas da holding foram as preferidas das ‘empresas’, leia-se negócios fechados por meio de um cadastro de pessoa jurídica, ou vulgarmente citado como ‘PJ’.
Esse universo envolve o que deveria ser o normal, a negociação feita com empresas para uso de veículos a trabalho, mas também frotistas, locadoras (que hoje incluem o leasing para motoristas de aplicativos), além do público PcD, que possui isenção de impostos.
No caso da Stellantis, há um enorme incentivo para que qualquer pessoa dona de um CNPJ faça a compra dessa forma, a fim de abater o recolhimento de alguns impostos. Como o mercado de trabalho no Brasil passou por uma grande ‘pejotização’, o que não falta é gente que possui uma microempresa (ME) ou microempresa individual (MEI).
Seria algo trivial, porém, apenas a Stellantis faz uso desse recurso de forma desproporcional ao mercado – cuja participação das vendas diretas foi de 43% dos emplacamentos em 2021, segundo a Fenabrave. Quer dizer, há sim uma marca que explorou ainda mais a venda direta, a Volvo que, considentado seus dois modelos importados mais emplacados (XC40 e XC60), teve mais de 90% dos clientes PJ.
Depois da marca sueca, a Peugeot e a Citroën sobraram nesse quesito, com aproximadamente 82% e 80% das vendas para empresas, respectivamente (veja quadro).
A coluna fez um levantamento baseado nos dados divulgados pela Fenabrave, mas que não lista todos os veículos do mercado divididos por venda no varejo e no atacado. Por isso, a participação mostrada no quadro é aproximada, considerando os principais modelos.
Ainda assim a variação em relação ao número geral é baixíssima visto que a participação de alguns modelos é pequena, como na Honda, onde o CR-V e o Accord mal são vendidos.
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Participação das vendas em Minas Gerais
Voltando às marcas da antiga PSA, é impressionante como seus três veículos mais importantes, o hatch 208 e os SUVs 2008 e C4 Cactus, cresceram ao terem adotado a tática de vendas da Fiat e Jeep.
O Peugeot 208 teve uma alta nos emplacamentos para PJ de 311% em 2021, embora as vendas no varejo tenham se expandido bem também (166%). No entanto, mais da metade do volume vendido foi emplacado em Minas Gerais, conhecida por sediar locadoras de veículos.
O Citroën C4 Cactus, por sua vez, teve uma expansão de 179% na venda PJ enquanto a venda PF ficou estável. O 2008, ao contrário, cresceu 111% no atacado, mas caiu 23% no varejo.
Na Fiat, o panorama foi um pouco diferente. O Argo, seu automóvel mais vendido, cresceu 54% nas vendidas diretas, mas apresentou 14% de aumento no varejo assim como o Mobi, que repetiu o desempenho no PJ, mas expandiu a presença junto ao público pessoa física (31%).
Os dois carros de entrada, no entanto, tiveram quase metade dos emplacamentos em Minas. Por falar em compacto, o sedã Cronos, produzido na Argentina, foi o segundo modelo do grupo a ampliar as vendas diretas em 2021, com crescimento de 223%, mas ele encolheu 16% nos emplacamentos para pessoa física.
Situação inversa das picapes Strada e Toro, cujo maior crescimento se deu justamente no varejo (83% e 71%, respectivamente). Mesmo sendo considerado um utilitário, a picape ‘meio-média’ da Fiat teve um imenso crescimento junto ao público pessoa física, que respondeu por 46% das vendas.
Os ‘reis’ do PJ, no entanto, foram os SUVs da Jeep. O Compass e o Renegade foram os veículos com mais emplacamentos por venda direta em 2021, com 53,7 mil e 52,2 mil unidades, superando o Gol, que liderou nesse segmento em 2020.
Assim como a Toro, os dois utilitários esportivos acabaram vendo suas vendas se expandirem no varejo, sobretudo o Compass (74%) enquanto a venda direta teve um crescimento mais modesto, de 25% e 24% (Renegade).
Como essa coluna já abordou, preocupa esse panorama distorcido no mercado de novos no Brasil. Embora não seja algo ilegal, trata-se de uma brecha estranha e que confunde os resultados de emplacamentos no país já que apenas a Stellantis (e a Volvo) têm a maior parte das vendas para ‘empresas’. Mesmo a Volkswagen, cujos produtos como o Gol e o Voyage, são bastante vendidos para frotistas, essa participação não é tão desequilibrada.
Na outra ponta do gráfico estão as asiáticas Honda, CAOA Chery, Toyota e Hyundai, cuja participação de emplacamentos por CNPJ gira em torno de 9% a 19%, ou seja, algo secundário em suas estratégias de mercado e como seria num cenário, digamos, ‘sadio’.
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