Lexus aposta em SUV para aparecer no Brasil

Primeiro SUV compacto da divisão de luxo da Toyota, NX 200t chega com design arrebatador e disposição para encarar seu rival Evoque; preços partem dos R$ 216.300

Lexus NX 200t, primeiro SUV compacto da marca japonesa, chega ao Brasil | Imagem: Lexus

Em toda divisão de luxo que se preze, os sedãs sempre foram os modelos notórios. Um movimento que temos observado recentemente é a inclusão de SUVs na “frota de elite” das montadoras grã-finas, sobretudo os compactos. Basta dar uma olhada nos próximos projetos de marcas pomposas como a Jaguar ou de nomes tradicionais como a Rolls-Royce. Ambas estão desenvolvendo SUVs, pois muita gente deseja e, principalmente, gasta seu dinheiro neste tipo de veículo hoje.

A Lexus, divisão de luxo da Toyota que chegou ao Brasil em 2012, também quer uma fatia deste atraente mercado. Embora o momento econômico não seja dos mais favoráveis para se fazer uma aposta arrojada em um automóvel no Brasil, a Lexus não tem nada a perder com o NX 200t, primeiro SUV compacto da marca.

Serão oferecidas duas versões, a regular por R$ 216.300 e a F-Sport, que mantém o mesmo conjunto mecânico e adiciona itens exclusivos, por R$ 236.900. Os preços chegaram um pouco acima do que foi anunciado na última edição do Salão do Automóvel, quando o NX foi apresentado, por conta do IPI e especialmente da variação cambial. Enquanto a situação não estabiliza, mais reajustes podem ocorrer, mas a marca fará o que pode para não mexer na tabela. 

Ele assusta, mas não morde

Assim que chegar às ruas, o NX vai deixar muita gente com torcicolo por conta do visual impactante. Me lembrou, inclusive, algumas motos esportivas japonesas, que abusam de traços fortes e ousados. O design do NX é um forte atributo a seu favor, impossível passar despercebido. A grade, do tipo Spindle, é marcante na dianteira do carro, assim como o conjunto óptico com três projetores de lâmpadas em formado de L com tecnologia Full-LED. Na traseira, as lanternas também parecem esculpidas e, quando acesas, fica ainda mais bonitas. A versão F-Sport conta com grade diferenciada, em formato de colmeia, belas rodas de 18 polegadas em alumínio e retrovisores pintados de preto. Ambas versões tem escape cromado de saída dupla , mais um detalhe que reforça a esportividade.

Coração novinho em folha

O SUV é equipado com uma motorização inédita na linha, o 2.0 turboalimentado com injeção direta, que entrega potencia máxima de 238 cv a 5.600 rpm e torque de 35,7 kgfm entre 1.650 e 4.000 giros. Experimentamos a novidade em um circuito de pista na Fazenda Capuava, interior de São Paulo (SP). Embora este não seja o propósito de uso do carro, o NX surpreendeu pela estabilidade durante as voltas, com baixo rolamento de carroceria e muito silêncio na cabine. Mesmo quando levado ao extremo, o SUV mostrou um acerto de suspensão correto, firme sem ser desconfortável.

A direção elétrica é bem leve em baixas velocidades e enrijece a medida que a velocidade aumenta, enquanto a transmissão automática de seis velocidades tem trocas suaves e conta com uma nova lógica de controle de torque por demanda. Enquanto você está “apenas” dirigindo, o conjunto mecânico está calculando a força necessária para maximizar a resposta de aceleração e reduzir o consumo. Caso queira priorizar a esportividade ou a eficiência, há um seletor giratório que te permite escolher entre os modos de condução Eco, Normal e Sport. Segundo a Lexus, a média de consumo combinado é de 9,2 km/l.

Na versão top de linha, F-Sport, o motorista ainda pode optar pelo modo de condução mais arisco Sport+. Além disso, a configuração esportiva mostra a aceleração da força G, pressão do turbo e adiciona sistema de suspensão adaptativa, muito mais refinada. São R$ 20.600 de diferença que, para um carro de mais de R$ 200 mil, fazem valer o investimento. Tanto é que a Lexus estima que 70% do mix de vendas, seja da versão mais cara.

Pelas mãos dos Takumis

A montadora japonesa preza muito pelo cuidado envolvido em todo o processo da concepção de um carro, desde a fabricação até o atendimento ao cliente. Na cabine, a atenção dada ao acabamento é notável, com uso de materiais de primeira. O relógio analógico no centro do painel, confere mais requinte ao SUV e não destoa da moderna tela de LCD de sete polegadas, que reproduz informações do computador de bordo, navegador, TV digital, entre outros. Telas, aliás, não faltam. Além da principal, há um monitor de cristal líquido de 4,2 polegadas no painel de instrumentos e uma superfície sensível ao toque perto da alavanca de câmbio para operar o sistema multimídia – como em um tablet.

No mais, o NX traz uma infinidade de facilidades ao piloto e passageiros, como ajuste elétrico, aquecimento e resfriamento dos bancos, acionamento elétrico do teto solar – na versão top o teto é panorâmico -, botão de assistência em rampas, câmera de ré, sensor de chuva, entre outros. Dez airbags garantem a segurança dos ocupantes, além de um pacote completo de segurança que vai desde o conhecido controle de tração até monitor de ponto cego.

A versão F-Sport conta com bancos esportivos em dois tons (um vermelho bem bonito, por sinal) com ajuste de lombar e oito posições de memória, pedais em alumínio, acabamento de portas e painel em aço escovado e head-up display, que projeta no para-brisa as principais informações de condução.

Gol de placa

Os executivos da marca sabem do potencial do NX no mercado brasileiro e miram, principalmente, nos clientes Toyota para ganhar espaço. A seu favor, eles tem o mercado de luxo, que cresce enquanto o mercado de automóveis como um todo despenca.

Até o final deste ano, a montadora espera chegar a 100 veículos vendidos por mês (número que inclui o novo SUV e os outros cinco modelos da marca à venda por aqui). Em suma, eles querem quintuplicar sua participação no mercado nacional, abrangendo 40% do segmento premium no País. Uma estratégia bastante otimista, se levarmos em conta que estamos em um ano economicamente difícil e que em 2014 inteiro eles venderam 240 carros por aqui.

Steve St. Angelo, CEO da Lexus na America Larina e Caribe, reforça que o objetivo deles não chegar logo aos 100 carros vendidos por mês e sim garantir clientes satisfeitos. “ O nosso desafio é que um maior número de pessoas viva a experiência Lexus, que envolve um serviço pré e pós-venda impecável, além do contato com o produto, que fala por si só. O brasileiro é muito exigente e não há em nossa linha um carro que seja mais propício para o Brasil. Como vocês dizem, o Lexus NX 200t vai ser um gol de placa!"

A rede, todavia, ainda é limitada. Há apenas uma loja e um showroom, ambos localizados na cidade de São Paulo e, segundo a marca, a abertura de mais lojas está atrelada à demanda. Antes de pensar em abrir concessionárias, a montadora quer estabelecer a rede de assistência técnica, que passará de 8 para 15 postos de atendimento ainda em 2015. Por ora, as vendas podem ocorrer nas próprias concessionárias Toyota do País, diz Luís Carlos Andrade Jr, vice-presidente da Lexus no Brasil.

O executivo me perguntou o que eu acho que falta para que o NX emplaque no Brasil. Respondi que o SUV tem qualidades que o coloca no páreo direto com rivais como o Range Rover Evoque e o BMW X3 – que vendem muito bem, obrigado -, porém ainda não possui a visibilidade que ambos ostentam. Outro ponto a seu favor é o respaldo da Toyota, cuja operação é sólida no Brasil além de ser sinônimo de confiabilidade para o sujeito que ainda não está tão familiarizado com a montadora. A Lexus está com a faca e o queijo na mão, só falta avisar ao brasileiro abastado que ele pode ser servir.