Maior vítima da alta do IPI, Kia reajusta preços

Carros da marca ficam em média 8,41% mais caros. Empresa ainda prepara mais dois repasses para novembro e dezembro

Novo Picanto chega no segundo semestre | Imagem: divulgação

A representação nacional da Kia Motors vendeu no Brasil até o final de setembro deste ano mais de 62 mil automóveis. É um volume notável se levado em consideração que todos esses veículos vieram de fábricas da distante Coreia do Sul – exceto o minicaminhão Bongo, que é montado no Uruguai. É um belo resultado comercial, mas ele está prestes a mudar devido ao aumento de 30 pontos percentuais no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis importados de fora do Mercosul e México, instituído recentemente com o intuito de proteger a indústria nacional.

Antes com preços competitivos, os carros da marca agora estão em média 8,41% mais caros – ao todo são 10 modelos oferecidos no país. E trata-se ainda do primeiro repasse: a marca prevê mais aumentos graduais em novembro e dezembro deste ano, que serão necessários para a empresa manter uma operação financeiramente sustentável no país.

“Chegamos a essa média ponderada e os preços são válidos até o dia 31 de outubro. Infelizmente temos de repassar o aumento compulsório do IPI. Mas, em respeito ao consumidor, viabilizamos o menor porcentual possível, neste primeiro momento. Mas, de modo escalonado, teremos de fazer novos repasses em novembro e em dezembro”, explica José Luiz Gandini, presidente da Kia Motors do Brasil, em comunicado.

Um dos maiores prejudicados, o compacto Picanto, relançado em agosto com novo visual e motor flex, teve seu valor reajustado em 14,33%, passando de R$ 34.900 para R$ 39.900 na versão básica. Como comparação (veja o quadro abaixo), o modelo, mesmo bem equipado, era cerca de R$ 5.000 mais caro que um VW Gol “pelado”. Com o novo valor, o veículo hoje é R$ 3.200 mais caro que o Fiat Uno 1.0 com o mesmo nível de itens. Como se vê, o produto perdeu parte sua vantagem perante os concorrentes, que era justamente o bom preço aliado a boa lista de equipamentos e um conjunto mecânico mais avançado.

Outro best-seller da Kia, o Soul, subiu 10,11% na versão básica – foi de R$ 54.400 para R$ 59.900 – e 6,68% na opção mais cara – de R$ 67.400 para R$ 71.900. Ou seja, custava o mesmo que um Ford EcoSport na versão de entrada (menos equipada que o Soul) e agora é R$ 2.000 mais caro que o Citroën C3 Aircross, que tem itens semelhante e é produzido em Porto Real (RJ).

Evolução sob risco

Fechando a trinca dos mais prejudicados da Kia pela alta do IPI, o Cerato terá um difícil caminho a trilhar nos próximos meses. Atuamente na terceira colocação no ramo dos sedãs médios, o veículo na versão com transmissão automática, uma das mais procuradas, ficou 9,6% mais caro no primeiro repasse efetuado pela importadora, subindo de R$ 61.900 para R$ 67.900.

Como efeito de comparação, o Cerato AT antes era R$ 5.000 mais barato que o novo VW Jetta 2.0 manual (fabricado no México), mesmo possuindo câmbio automático, motor mais potente e até ar-condicionado com comando digital. Com o novo valor, o modelo coreano ficou cerca de R$ 2.000 mais caro que o Renault Fluence (produzido em São José dos Pinhais – PR), um modelo mais sofisticado e melhor equipado.

SUV e veículos familiares sofrem menos

Diferentemente dos compactos Picanto e Soul e o sedã Cerato, os demais modelos da Kia Motors enquadrados nos ramos dos SUVs e veículos familiares não sofreram tanta alteração de disparidade de preços, pois a maioria dos concorrentes, exceto veículos mexicanos, também vêm do exterior e terão seus valores igualmente elevados.

O utilitário esportivo Sportage, um dos modelos mais vendidos da Kia no país, teve uma das menores taxas de repasse da alta do IPI. O modelo básico subiu 5,96%, de R$ 83.900 para R$ 88.900, ao passo que aumento médio para todas as versões foi de 6,57%. Já os valores do Sorento, o SUV intermediário da marca, subiram 8,46% na média – o modelo básico foi de R$ 98.400 para R$ 107.900 na nova tabela.

O outro jipe da fabricante, o Mohave, ficou R$ 10.000 mais caro na versão de entrada (agora custa R$ 169.900), enquanto as séries intermediária (R$ 159.900) e top de linha (R$ 179.900) sofreram uma elevação de R$ 20.000 – o aumento médio foi de 10,90%.

Sobem também os valores das minivans Carens (- 9,92%), Carnival (- 7,23%) e do sedã de luxo Cadenza (- 9,94%). As menores altas da Kia foram aplicadas a linha do minicaminhão Bongo, cujo reajuste médio foi de 4,02%. A fabricante ainda não divulgou qual será a proporção de aumento dos preços nos próximo repasses.