Nova bateria é a arma da Volkswagen para popularizar carros elétricos

Tecnologia vai reduzir preço e tornar os veículos elétricos mais sustentáveis
Detalhe do ID.3, atual elétrico mais acessível da Volkswagen

Detalhe do ID.3, atual elétrico mais acessível da Volkswagen | Imagem: Divulgação

A Volkswagen realizou nesta segunda-feira (15) seu primeiro Power Day, evento no qual o conglomerado alemão apresentou de forma detalhada sua estratégia para difundir a mobilidade elétrica não só entre os automóveis das marcas que integram a companhia, mas até mesmo caminhões de empresas como MAN e Scania.

Componente fundamental para a meta do grupo alemão será uma nova tecnologia para as células da bateria principal do sistema de propulsão elétrica. Chamada de célula unificada, o componente permitirá uma redução de 50% no custo da bateria em automóveis de entrada e 30% no caso de veículos maiores. De acordo com a Volkswagen, a nova célula conta com uma construção mais simples, o que permite ganhos em escala e ainda colabora para melhorar a autonomia dos veículos. 

Um dos grandes diferenciais da nova célula unificada de estado sólido reside no uso de um ânodo que mescla grafite sintético e silicone, combinação que vai reduzir consideravelmente o tempo de recarga da bateria. O cátodo da nova célula, por sua vez, foi desenvolvido utilizando um composto de fosfato de ferro, que resulta em um preço mais competitivo para o conjunto final. O cátodo, dentro da estrutura da célula, é a parte do conjunto que mais impacta na questão do custo da bateria e na autonomia do automóvel.  

A perspectiva do Grupo VW é aplicar a bateria com as novas células unificadas em 80% dos veículos do conglomerado até 2030. A Volkswagen não especificou em qual produto a nova tecnologia vai estrear, mas adiantou que ela vai chegar ao mercado em 2023. “Ela [a nova célula de estado sólido] vai finalmente tornar mobilidade elétrica acessível e a tecnologia dominante em termos de propulsão”, anunciou Thomas Schmall, atual membro do conselho administrativo mundial da Volkswagen para a área de tecnologia. O executivo também esteve no comando da empresa aqui no Brasil entre 2007 e 2014. 

De acordo com diversos estudos, o custo dos automóveis elétricos se tornaria equivalente ao de um automóvel a combustão quando alcançada uma relação abaixo de US$ 100/kWh para o custo de armazenamento das baterias. Com a nova célula unificada, é provável que o Grupo Volkswagen consiga entregar um valor até mais baixo do que a relação citada. Hoje em dia o alto custo das baterias dos carros elétricos é o principal motivo que os tornam tão caros.  

Segundo dados da Volkswagen, com as baterias atuais o tempo de recarga para realizar uma viagem de 450 km gira em torno de 25 minutos. As novas baterias com as células de estado sólido permitirão que o tempo de recarga na mesma situação deverá ser reduzido para 12 minutos a partir de 2025. A Volkswagen não descarta ainda que aprimoramentos podem fazer esse tempo cair para cerca de 10 minutos. 

Interessante destacar que a tecnologia das células de estado sólido permitirá uma reciclagem da ordem de 95% das futuras baterias, ajudando a enfrentar a questão da obtenção das matérias-primas para a produção dos acumuladores de energia. Atualmente o grupo conta com uma fábrica dedicada à reciclagem em Salzgitter, na Alemanha, que já domina o processo envolvido na operação. É fato que a mineração traz grande impacto negativo para o meio ambiente e a reciclagem das baterias representa um papel fundamental com relação ao sucesso dos carros elétricos. 

Para a produção das novas baterias, a Volkswagen anunciou que construirá seis fábricas em território europeu até o fim desta década dedicadas ao componente. 

Outro ponto que o conglomerado alemão vai atacar nos próximos anos é o incentivo para a infraestrutura de recarga dos veículos elétricos, outro ponto importante em especial quando falamos de caminhões percorrendo longas distâncias rodoviárias. Ao menos para a Europa, a Volkswagen, em conjunto com uma rede de parceiros em diversos países, espera aumentar em cinco vezes o número de carregadores rápidos para algo em torno de 18 mil pontos. Alguns deles serão instalados em postos de combustíveis de empresas famosas do setor petrolífero como a britânica BP. O estímulo para a rede de carregadores também ocorrerá na América do Norte (mais 3.500 pontos) e China (inclusão de 17 mil carregadores rápidos). 

Por fim, a estratégia global da Volkswagen para carros elétricos contempla uma integração dos veículos com este tipo de propulsão com os sistemas de energia público, privado e comercial. A ideia é que o carro possa ser conectado à residência da família, por exemplo, suprindo as necessidades de energia por determinado período de tempo. A Honda já havia demonstrado um sistema semelhante há alguns anos em seus automóveis com célula de combustível a hidrogênio, portanto essa parece ser uma tendência quando falamos de veículos eletrificados. A Volkswagen acrescenta que os modelos baseados em nova arquitetura elétrica dedicada MEB contarão com essa funcionalidade de suprir redes de energia a partir de 2022. Com isso, módulos e serviços digitais para o gerenciamento da função também serão desenvolvidos pela fabricante, alguns deles também utilizando computação em nuvem. 

Aqui no Brasil, enquanto a eletrificação da frota engatinha, o conglomerado alemão anunciou, no fim de 2020, uma iniciativa envolvendo as marcas Volkswagen, Audi e Porsche uma parceria estratégica com a EDP para a instalação de 30 novas estações de recarga de veículos elétricos no estado de São Paulo. O projeto vai conectar um total de 64 pontos de carregamento que interligam os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Espírito Santo e Santa Catarina, formando um corredor de abastecimento de automóveis híbridos plug-in e elétricos com mais de 2.500 quilômetros de extensão. A Volkswagen já confirmou que vai lançar seis modelos, entre elétricos e híbridos, na América Latina até 2023. 

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