Ricardo Meier

Comenta o mercado de vendas de automóveis e tendências sustentáveis

Por que existem SUVs baixinhos no mercado?

Um dos atributos mais procurados pelos consumidores é a posição mais alta de dirigir, típica de utilitários esportivos, porém, há marcas que insistem em criar modelos sem essa característica

Se quisermos simplificar o conceito do SUV, categoria que mais cresce no mundo, podemos defini-lo geralmente pela frente alta, rodas e pneus grandes, para-lamas largos e o mais importante de tudo, posição elevada de direção.

Apesar disso, há marcas que ignoram esses dogmas e lançam veículos que não se encaixam no perfil, sobretudo por ter uma altura pequena. E o resultado não é dos melhores...

É fato que um automóvel com menos altura oferece uma dirigibilidade mais agradável e um comportamento mais estável naturalmente, virtudes apreciadas por parte dos motoristas. Ou seja, é um nicho importante, mas não primordial, ainda mais que o avanço da tecnologia embarcada permite que hoje mesmo SUVs imensos possam oferecer uma tocada agressiva sem riscos aos ocupantes.

 

 

Toyota SW4 2017
Toyota SW4 2017
Imagem: Divulgação

 

 

No entanto, algumas experiências nos últimos anos têm demonstrado que o público procura mesmo a receita tradicional. Veja o caso da BMW, que lançou o X1 em 2010 como uma espécie de “perua off-road”. Embora tenha começado bem até, o modelo perdeu fôlego, só retomado com a segunda geração, esta sim com um perfil autêntico de utilitário esportivo.

Mas, afinal, o que separa um SUV alto de um baixo? É algo que depende de alguns fatores. Peguemos como exemplo os modelos com carroceria separada do chassi, de concepção mais antiga e tradicional. Normalmente eles são bem mais altos, como a TrailBlazer (1,85 m) ou a SW4 (1,84 m), por conta dessa configuração.

Já os modelos com chassi monobloco, que dispensam uma base separada, a altura depende mais do perfil do veículo. Modelos maiores como o Chevrolet Equinox beiram 1,7 m de altura, já automóveis com pegada mais esportiva e urbana transitam na faixa de 1,6 m a 1,65 m. Há exceções como Renegade, da Jeep, cujo projeto enfatiza justamente a altura elevada, por essa razão o modelo chega a ter 1,71 m de altura, mais até que um RAV4.

No entanto, os modelos mais vendidos do país são menos altos. Kicks e HR-V não chegam a 1,6 m enquanto o Creta atinge quase 1,64 m. Os três, é claro, vendem muito bem e isso mostra que o aspecto altura é relativo, dependendo da marca que está por trás desse produto.

 

 

Jeep Renegade 2019
Jeep Renegade 2019
Imagem: Divulgação

 

 

Baixinhos persistentes

Ainda assim surpreende que o grupo PSA, que controla as marcas Peugeot e Citroën, insista em lançar modelos baixinhos. Primeiro foi o 2008 em 2015, um SUV bem mais pacato que seus rivais e que nunca decolou nas vendas. Com 1,583 m de altura, ele se iguala ao bem sucedido HR-V, mas o design não passa essa impressão. É um fenômeno semelhante ao que ocorreu com o irmão maior, o 3008, que surgiu em 2010 com uma proposta exótica, meio minivan, meio SUV e que deixou a desejar. Felizmente, a Peugeot reviu esse conceito e lançou um belo carro na segunda geração.

 

 

BMW X1 2016
BMW X1 2016
Imagem: AUTOO

 

 

Mas parece que a PSA não absorveu a lição por completo. Embora parte das baixas vendas de seus veículos tenha muito mais a ver com uma certa rejeição do público nos últimos anos, surpreende que ela tenha dado luz verde a um carro como o C4 Cactus, o mais baixo dos SUVs compactos, com somente 1,56 de altura.

Em que pese o estilo diferenciado e uma tocada leve na direção, o Citroën não se encaixa na proposta de utilitário esportivo. Está mais para um hatch aventureiro assim como o BMW X2, mas nesse caso o alemão é uma alternativa para quem não quer um X1 ou X3. No caso da PSA, o Cactus é crucial para a marca sobreviver em nosso mercado, mas com essa altura não dá para esperar grande coisa dele.

 

 

Peugeot 3008 2018
Peugeot 3008 2018
Imagem: Divulgação

 

 

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