Como o Fiat Argo vai mexer no segmento dos hatches compactos

Com uma ampla gama de versões, novidade da Fiat mira os postos mais altos do ranking de vendas
Fiat Argo 2018

Fiat Argo 2018 | Imagem: Divulgação

A Fiat deixou algo bem claro durante o lançamento do Argo para a imprensa especializada: a meta é partir para cima de Chevrolet Onix e Hyundai HB20, encontrando não só um espaço na liderança do segmento de hatches compactos bem como figurar no topo do ranking dos carros mais vendidos do Brasil. 

Com isso, o Argo passa a ter um papel de destaque e torna-se um dos principais produtos dentro da atual – e mais enxuta – linha Fiat no Brasil. Ao lado da Toro e da Strada, duas picapes de enorme sucesso no mercado, o Argo soma-se ao time como um dos três modelos que vai preparar o terreno para a retomada da Fiat no mercado. Uma resposta mais forte ao avanço das marcas asiáticas por aqui.

Dentro da própria Fiat, o Argo já substituiu logo de cara o Punto. Além dele, as versões com motor 1.4 (Attractive) e 1.6 16V (Essence e Sporting) do Palio serão descontinuadas nos próximos meses para acomodar com mais facilidade o novo posicionamento do Argo.

Pensando um pouco mais para cima, no andar dos hatches médios, a Fiat praticamente vai deixar o segmento e não sem motivo: basta navegar em nosso ranking de vendas da categoria para ver como elas despencaram ao longo dos anos. Logo, o investimento para importar ou fabricar por aqui um modelo desse porte (lembre-se que a Fiat já tem ele ponto na Europa, no caso o ressuscitado Tipo) dificilmente justificaria toda a complexidade que a operação pede. Foi para não deixar esses clientes órfãos que a Fiat criou uma versão mais esportiva e sofisticada, no caso o Argo HGT, que deverá reunir atributos para fisgar os clientes do extinto Bravo. 

Partindo para as versões de maior volume, a Fiat deixa agora sua estratégia bem clara. Com o Mobi e o Uno ela vai focar na gama “baixa” dos hatches, ou seja, modelos até o limite de R$ 45.000 em sua maioria com motorização 1.0. Esse subsegmento representa em torno de 40% das vendas, segundo cálculos da montadora. O Argo, por sua vez, mira nos 60% restantes: versões acima de 1.0 ou com valor imediatamente acima dos R$ 45.000. 

Com um volume de vendas mensal estimado em 5.000 unidades para o Argo, a Fiat está sendo muito conservadora levando em consideração que um Chevrolet Onix entrega uma média superior a 13.000 emplacamentos por mês levando em conta os quatro primeiros meses deste ano. 

Mesmo assim, a Fiat sabe o bom produto que tem nas mãos e preparou uma estratégia comercial bem calibrada para o Argo. E, de marketing e vendas, é necessário reconhecer que poucas marcas sabem trabalhar tão bem esses atributos como a montadora sediada em Betim (MG).

Raio-X da fábrica
Autoo

Ao todo o Fiat Argo contará com sete versões, mesclando três opções de motor e outras três opções de câmbio. Desse total, as configurações Drive responderão por grande parte das vendas do Argo, segundo cálculos – quase sempre muito confiáveis – realizados pela fabricante. Dentro desse universo, o Argo Drive com motor 1.0 Firefly de 3 cilindros deverá registrar uma participação relevante, abocanhando 35% do mix de versões. O propulsor 1.3 combinado com o câmbio manual, por sua vez, deve somar outros 30% e o 1.3 automatizado GSR ficará com 10%.

Partindo de R$ 46.800 na versão Drive 1.0 (ou R$ 48.790 com a central multimídia), alguns leitores aqui do AUTOO comentaram que o valor está alto demais. Só que olhando para o segmento, a situação mostra-se bem equilibrada para o Argo Drive 1.0 em relação ao mercado. O Chevrolet Onix LT 1.0, por exemplo, parte de R$ 47.950 já com a central multimídia MyLink. Mantendo o padrão de comparação, um Hyundai HB20 na versão Comfort Plus com a central blueMedia chega às lojas por R$ 48.530. 

Ainda vale destacar que, graças ao projeto moderno, o Argo 1.0 será o único no segmento a oferecer o start-stop de série em todas as versões, recurso que ajuda muito a economizar combustível em especial na cidade. O Argo Drive 1.0 oferece consumo médio de 14,2 km/l com gasolina, a melhor parcial entre Onix LT 1.0 (12,9 km/l) e HB20 1.0 (12,5 km/l). Na estrada, contudo, o câmbio manual com 6 marchas do Onix LT 1.0 faz uma pequena diferença, permitindo-o entregar 15,3 km/l também com gasolina, enquanto o Argo 1.0 praticamente empata com 15,1 km/l. O HB20 1.0, no mesmo percurso, atinge 14,1 km/l. 

Subindo no patamar das motorizações, o Argo Drive 1.3 manual se mantém competitivo no segmento, em especial sobre o Onix LT 1.4. Com preço sugerido de R$ 53.900, o Argo 1.3 sai de fábrica com a central multimídia, volante com comandos do sistema de som e a 2ª porta USB para os passageiros no banco traseiro como itens de série. A estratégia da Fiat para essa configuração foi posicionar o Argo Drive exatamente entre as versões LT (R$ 51.650) e LTZ 1.4 (R$ 56.650) do Onix. Ao oferecer um motor com mais potência e torque do que o 1.4 presente no Chevrolet, mesmo com um deslocamento menor o Argo 1.3 manual ainda tem a vantagem do consumo mais favorável na cidade e praticamente empatado com o Onix 1.4 na estrada. Em termos de conteúdo, os dois são equivalentes.

O Hyundai HB20 com motor 1.6 16V e câmbio manual só é oferecido na versão Comfort Plus de R$ 52.380, valor que é mais competitivo do que o pedido no Argo 1.3. Apesar do desempenho superior graças ao propulsor 1.6, ele fica devendo a central multimídia. Em termos de consumo, o Hyundai também deixa a desejar.

Uma aposta arriscada da Fiat vai para o Argo Drive 1.3 GSR, que conta com a versão mais recente do câmbio automatizado utilizado pela marca. Com preço sugerido de R$ 58.900, ele é bem mais caro do que o Chevrolet Onix LT automático (R$ 56.790) e custa ligeiramente menos do que o Hyundai HB20 1.6 Comfort Plus com central multimídia (R$ 59.580). Vale destacar, contudo, que tanto o HB20 como o Onix contam com caixas automáticas convencionais (com conversor de torque), que oferecem muito mais conforto e suavidade nas trocas em relação à caixa automatizada do Argo 1.3 GSR. 

O argumento da Fiat, contudo, é que nos R$ 58.900 estão algumas conveniências como as borboletas para realizar as trocas de marchas ao alcance das mãos (recurso ausente nos rivais), além de controlador de velocidade e os importantes controles de tração e estabilidade. Só por essa dupla de segurança, o investimento no Argo já mostra-se justificado, o complicado é ter que lidar com os “soluços” da transmissão automatizada. Por mais que a Fiat tenha conquistado uma evolução ímpar com esse tipo de câmbio, a própria limitação do conjunto não permite que ele se equipare a uma caixa automática em termos de suavidade quando opera em Drive.

Partindo para o alto da gama Argo, chegamos à versão Precision. Aqui, em especial para os consumidores que querem um hatch sem o pedal da embreagem, o jogo torna-se mais favorável para o modelo da Fiat. Oferecida somente com o motor 1.8 16V de até 139 cv, esse será o principal argumento do Argo Precision para se descolar dos rivais. Chevrolet Onix, Hyundai HB20, Volkswagen Fox, Toyota Etios, dentre outros, não chegam perto desse nível de potência. Segundo a Fiat, o Argo Precision automático 6 marchas deverá responder por 10% do mix de vendas. Outros 5% ficam para o Precision manual.

Tabelado em R$ 67.800, o Argo Precision AT6 custa o mesmo que um Hyundai HB20 1.6 automático completo (com revestimento interno de couro e central multimídia por R$ 67.720), sendo que o Chevrolet Onix LTZ, também automático, fica em R$ 61.950. Além do motor 1.8 16V, só no Argo você encontra os controles de tração e estabilidade e a vantagem de contar, como já mencionamos, com bem mais potência e torque do que Onix 1.4 e HB20 1.6 são capazes de entregar. Mesmo assim, o Argo 1.8 automático consegue ser mais econômico do que o Hyundai. De acordo com os dados do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular, o Argo 1.8 automático percorre 10,1 km/l na cidade com gasolina (em grande parte mérito do start-stop) e 13,2 km/l na estrada. O HB20 automático, por sua vez, não supera os 9,9 e 12,5 km/l, respectivamente, também com gasolina. 

O Argo Precision também pode tornar-se ainda mais seguro com a inclusão dos airbags laterais por R$ 2.500 e ganhar confortos como o ar-condicionado automático digital, chave presencial com partida por botão, sensores de chuva e crepuscular, retrovisor interno eletrocrômico, dentre outros, presentes no “Kit Tech” de R$ 3.500. Assim como no Argo 1.3 GSR, o 1.8 automático também conta com a opção de trocas sequenciais no volante.

Dentre alguns possíveis concorrentes para o Argo Precision 1.8 manual (R$ 61.800), o Volkswagen Fox Pepper mostra-se um dos mais diretos ao contar com os controles de tração e estabilidade de série e preço sugerido de R$ 61.090. Só que falta ao VW a central multimídia de série e ele ainda não conta com start-stop. Também é importante destacar que, com a chegada da nova geração do Volkswagen Polo, esse sim o concorrente direto da VW para o Argo, o Fox tende a ser descontinuado no médio prazo.

Por fim, chegamos às versões esportivas do Fiat Argo, a HGT 1.8 manual de R$ 64.600 e a HGT 1.8 automática de R$ 70.600. Ao oferecer itens como as rodas de liga leve aro 16”, suspensão com acerto esportivo e todo o visual que se espera de um modelo com essa proposta, a Fiat aposta em um nicho bem procurado entre os hatches compactos, no caso as versões “esportivadas”. Segundo a Fiat, as configurações HGT, considerando as duas transmissões, deverão responder por 10% das vendas do Argo.

Analisando todos os dados do Argo, fica claro que a Fiat concebeu o modelo de uma maneira para entregar um conjunto bem competitivo, sobretudo do ponto de vista mercadológico, em relação a turma hoje liderada em vendas pelo Chevrolet Onix. Com um interior caprichado, ótimas sensações ao volante e bons pacotes de segurança, conectividade e equipamentos, o Fiat Argo tem tudo para alcançar o topo do ranking de vendas brasileiro. Vamos acompanhar, a partir deste mês, como ficará o cenário.

Fiat Argo 2018

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