Em transição de gerações, Onix segue vendendo bem e HB20 despenca
Entenda por que as estratégias diferentes de Chevrolet e Hyundai acabam provocando essa disparidade no mercado
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Como você já leu no Autoo, o Onix e o HB20 são veículos que compartilham muitas ideias, além de terem sido renovados ao mesmo tempo. Mas nem tudo é parecido entre os dois carros cujas famílias de modelos estão entre as mais vendidas no Brasil.
Um desses aspectos ficou bastante claro com o ranking de vendas de setembro. Enquanto o HB20 despencou da vice-liderança para o 5º lugar o Onix seguiu na ponta com o mesmo patamar de emplacamentos. Já o sedan Prisma, que ganhou a companhia do Onix Plus, terminou na segunda colocação, pouco à frente do Kwid.
Mas afinal como a Chevrolet consegue fazer uma transição sem sofrer os reflexos comuns quando se substitui uma plataforma por outra na linha de montagem? Simples, a GM possui várias fábricas no país e pode deslocar a produção dos velhos Onix e Prisma para São Caetano do Sul, onde havia ociosidade. Com isso ela abriu espaço para que Gravataí, sua unidade mais produtiva, pudesse começar a fabricar a nova família de compactos sem prejuízo para o consumidor.
A Hyundai, ao contrário, só tem uma fábrica no Brasil, a de Piracicaba e que está no limite da capacidade. Ou seja, a montadora acabou passando pelo processo mais tradicional em que um produto deixa aos poucos de ser fabricado para dar lugar ao novo. Esse cenário torna a transição mais lenta até que a produção ganhe ritmo. O efeito nocivo é o desabastecimento da rede por algum tempo.
HB20 “Joy”, nem pensar
Isso explica em parte porque os dois carros experimentam situações tão diferentes, mas não é tudo. Nesse contexto é inserido outro fator fundamental, a estratégia aplicada por Chevrolet e Hyundai em seus produtos mais vendidos.
A montadora norte-americana, assim como Volks e Fiat, preferem lançar uma nova geração sem aposentar a anterior. Com isso, preserva-se um nicho de mercado onde estão os clientes que buscam por um custo-benefício melhor, geralmente empresas como locadoras e frotistas.
Eis aí porque o Onix e o Prisma continuam lá em cima enquanto o Onix Plus e em breve a nova geração do hatch chegarão às concessionárias mirando em clientes pessoa física, mais suscetíveis aos seus encantos tecnológicos e de estilo.
Isso não quer dizer que não haverá fogo amigo, com queda no volume dos velhos Onix e Prisma, mas será algo bem mais suave que o trauma vivido pela Hyundai.
A fabricante sul-coreana, por sua vez, tem preferido não cair na tentação de lançar um HB20 ‘Joy’, com a primeira geração. A razão é que ela possui um foco maior no consumidor final e tentar vender um produto antigo com preço mais acessível muitas vezes depõe contra sua imagem – embora o novo HB20 nem seja tão novo assim.
O outro motivo para não manter dois produtos ao mesmo tempo em produção é logístico: a fábrica de Piracicaba simplesmente não tem espaço para mais veículos. Desde sua inauguração em 2012, a unidade trabalha sempre acima da capacidade normal de dois turnos.
A demanda acima do normal tornou o planejamento da marca no Brasil ultrapassado em tão pouco tempo que até hoje ela não decidiu se parte para uma expansão, sobretudo pelas incertezas da economia. Para se ter uma ideia, da precaução coreana, nem mesmo uma fábrica nacional de motores saiu do papel, embora ela mais do que se justifique há vários anos.
No fim das contas, embora vivendo realidades diferentes, Chevrolet e Hyundai não têm do que reclamar. O Onix segue o mais vendido de longe enquanto o HB20 logo deverá retomar a velha forma, para incômodo geral da concorrência.
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