Inovar-Auto promoveu melhorias, mas maioria dos carros não cumpre as metas de eficiência

Estudo mostra que 60% dos carros à venda no país não cumprem as metas impostas pelo regime automotivo
Poluição

Poluição | Imagem: Reprodução internet

Muito debatido e até mesmo condenado pela OMC ao impor uma taxação tributária desigual para veículos importados, o Inovar-Auto chegará ao fim neste ano para dar lugar ao Rota 2030, novo regime automotivo mais duradouro e que promete corrigir as distorções das diretrizes atuais.

Mas, apesar de todos os pontos questionáveis, o Inovar-Auto surtiu o efeito desejado? Um profundo estudo realizada pelo Automotive Business em parceria com a consultoria Bright Consulting revela que o regime automotivo atual trouxe algumas melhoras, porém nem todos os modelos colocados nas ruas efetivamente estão poluindo bem menos como desejado.

Segundo os textos assinados pelos jornalistas Pedro Kutney e Giovanna Riato, as montadoras conseguiram, sim, atingir as metas estabelecidas pelo Inovar-Auto, mas um volume superior a 60% dos carros novos comercializados no país não atendem à redução mínima de 12% do consumo de combustível em relação à 2011.

Contudo, segundo destacam os jornalistas ao analisar os dados da Bright Consulting, as montadoras não deixaram de cumprir o estipulado pelo Inovar-Auto (confira a tabela aqui) uma vez que “a análise da frota vendida no mercado brasileiro entre outubro de 2016 e abril de 2017, pouco mais de 1 milhão de veículos leves (sem contar modelos diesel), aponta gasto médio de energia de 1,75 megajoule por quilômetro (MJ/km) e emissões de 131,73 gramas de CO2/km. O nível é próximo dos vistos na Europa e representa notável evolução de 15,46% sobre a média de 2,07 MJ/km medida em 2011, ponto de referência para os objetivos de melhoria estipulados pelo Inovar-Auto”, destaca Kutney em seu texto.

Mas como é possível afirmar que as fabricantes chegaram a superar as metas de eficiência se 60% dos carros novos vendidos não atingem a redução de consumo estipulada pelo regime automotivo?

O que ocorre é que “o Inovar-Auto considera a média ponderada da frota efetivamente emplacada, não do portfólio de modelos ofertados. Uma empresa que tem uma série de carros beberrões em sua gama e alguns poucos veículos eficientes pode garantir boa performance se estes últimos corresponderem à maior parte de suas vendas”, explica a jornalista Giovanna Riato em seu texto.

Segundo a jornalista acrescenta, dos 551 carros analisados pela equipe do Automotive Business, somente 100 modelos apresentaram redução de consumo acima de 15%, o que permite à montadora uma desoneração de 1 ponto percentual no IPI se este for o resultado médio de sua gama. O que não deixa de ser animador é que 149 automóveis alcançaram o teto do Inovar-Auto, que prevê uma redução no consumo da ordem de 18,8% e uma média de consumo energético abaixo de 1,64 MJ/km.

Até o momento a Ford, Audi e Nissan já comprovaram suas medições oficiais junto às autoridades, que constataram uma redução de 15% no consumo médio de seus carros, concedendo às marcas o desconto tributário. “A Audi é um bom exemplo de que é possível alcançar o patamar imposto pelo Inovar-Auto mesmo com ampla oferta de veículos que extrapolam o nível de consumo de combustível permitido pelo programa. Dos 45 modelos vendidos pela marca alemã no Brasil, 75,5% não atendem ao nível mínimo de melhoria da eficiência energética. Ainda assim, a marca não só cumpriu o patamar exigido como superou e recebeu incentivo adicional, pois suas opções mais econômicas foram também as mais emplacadas”, explica a jornalista Giovanna Riato.

Um ponto que o Inovar-Auto favoreceu nos automóveis mais recentes produzidos no Brasil foi a introdução de tecnologias para aprimorar a eficiência do carros de modo geral. Segundo o relatório da Bright Consulting, o comando de válvulas variável era um item presente em 20% dos motores em 2012, percentual que saltou para 65% nos carros novos produzidos neste ano. Em segundo lugar figuram os motores com 3 cilindros, que, de uma participação ínfima em 2012 hoje já figuram em 21% dos carros vendidos no Brasil. Além disso o relatório também destaca a difusão de periféricos como a direção elétrica, pneus de baixa resistência ao rolamento, compressores variáveis para o sistema de ar-condicionado, dentre outros.

Outro benefício que o Inovar-Auto conferiu aos carros novos é que, ao conceder créditos de eficiência, as montadoras foram estimuladas a incorporar nos carros recursos como o start-stop, sistema de monitoramento da pressão dos pneus, grade frontal ativa, indicador de troca de marchas, dentre outros equipamentos.

“As metas de eficiência energética são o maior legado do Inovar-Auto, mas não comtemplam nenhum dos dois objetivos registrados em decreto no nome completo do regime automotivo adotado em 2012, Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores, pois não houve inovação ou adensamento de fornecedores locais. Dessa forma, as montadoras só cumpriram os objetivos porque a legislação, corretamente, impõe multas pesadas para aqueles que tiverem frota vendida com consumo energético acima de 1,82 MJ/km. Da mesma forma, a maioria das marcas já superara as metas porque podem embolsar incentivos fiscais que não precisam ser repassados aos preços – o que pode mais que compensar os investimentos feitos”, conclui de forma precisa o jornalista Pedro Kutney. Vamos esperar que as novas regras advindas do Rota 2030 coloquem nas ruas carros ainda mais eficientes e tornem o mercado brasileiro mais dinâmico.

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