Fernando Calmon

Engenheiro e jornalista especializado desde 21 de agosto de 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix na TV Tupi (RJ e SP) até 1980

SUVs dominaram 37% do mercado no 1º semestre; T-Cross liderou em disputa acirrada

Fernando Calmon faz um resumo das vendas na primeira etapa de 2022; confira os destaques

Ainda sem atingir a normalidade da produção pela falta de chips e atrasos na cadeia global de logística, o primeiro semestre do ano mostrou que os SUVs ocuparam 37% do mercado brasileiro de veículos leves. Foram vendidas 315.362 unidades em quatro segmentos. Os compactos, com dois segmentos, somaram 266.481 unidades (31%). Somando-se os 54.563 hatches subcompactos aos hatches e sedãs pequenos a participação sobe para 38%.

Entre os 14 segmentos que dividem o mercado dois modelos se destacaram. O HB20 firmou-se na liderança entre os hatches compactos, deslocando para segunda posição o Onix que ainda enfrenta dificuldades de produção.

Outra mudança aconteceu entre os SUVs compactos. Com 212.739 unidades comercializadas representaram 25% do mercado total. 

O T-Cross liderou pela primeira vez, mas a disputa foi tão acirrada que apenas 1 ponto percentual de diferença separou os primeiros cinco colocados. Renegade, líder em 2021, caiu para a quarta posição.

Um modelo que chegou, viu e venceu foi o Commander entre os SUVs médios-grandes.

O Corolla alcançou participação recorde de 70% com a saída de cena do Civic, que voltará como híbrido importado e, assim, com pouca força de vendas. Mas nada se compara aos 87% da picape Strada. Foram entregues 50.945 unidades, individualmente o veículo mais vendido no Brasil, ressalvando que só há três produtos nesse segmento contra 16 entre os hatches compactos e 20 entre os SUVs compactos.

Ranking da coluna tem critérios próprios e técnicos com classificação por silhuetas. Referência principal é distância entre eixos, além de outros parâmetros. Base de pesquisa é o Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam). Citados apenas os modelos mais representativos (mínimo de dois) e maior importância do segmento. Compilação de Paulo Garbossa, da consultoria ADK.

Hatch subcompacto: Mobi, 58%; Kwid, 42%; E-JS1, 1%. Mobi com mais folga.

Hatch compacto: HB20, 26%; Onix, 20%; Gol, 14%; Argo, 13%; 208, 9%; Yaris, 7%; City, 4%; Sandero, 3%; Polo, 1%. HB20 novo líder.

Sedã compacto: Onix Plus, 26%; Cronos, 16%; HB20S, 15%; City, 12%; Voyage, 8%; Yaris, 7%; Logan, 5%; Versa/V-Drive, 4%; Grand Siena, 3,9%; Virtus, 3%. Onix avançou.

Sedã médio-compacto: Corolla, 70%; Cruze, 16%; Civic, 7%. Ampliada a vantagem do líder.

Sedã/cupê médio-grande: BMW Série 3/4, 78%; Audi A4/S4, 7%; Mercedes Classe C, 6%. BMW consolidado.

Sedã/cupê grande: Taycan, 43%; Panamera, 26%; BMW Série 5/6, 13%. Único elétrico a liderar.

Cupê esportivo: Mustang, 53%; BMW M3/M4, 33%; Camaro e Challenger, 5%. Mustang tranquilo.

Cupê esporte: 911, 49%; 718 Boxster/Cayman, 23%; Corvette, 9%. Inabalável o 911.

SUV compacto: T-Cross, 15%; Creta, 14%; Tracker, 13%; Renegade, 12%; Pulse, 11%; Kicks, 8%; Nivus, 7,8%; C4 Cactus, 5%; Duster, 4%. A disputa mais apertada.

SUV médio-compacto: Compass, 44%; Corolla Cross, 31%; Tiggo 7, 6%. Sem ameaças ao Compass.

SUV médio-grande: Commander, 33%; SW4, 23%; Tiggo 8, 15%. Commander, novo líder.

SUV grande: BMW X5/X6, 29%; XC90, 14%; Cayenne, 13%. Líder avançou.

Picape pequena: Strada, 87%; Oroch, 7 %; Saveiro, 6%. Strada ainda mais à frente.

Picape média: Toro, 31%; Hilux, 26%; S10, 17%. Toro com menor vantagem.

Volkswagen T-Cross 2021
Volkswagen T-Cross: modelo se destacou em batalha acirrada no segmento de SUVs compactos
Imagem: Divulgação

Anfavea espera enfraquecimento nas vendas

Previsões para o mercado brasileiro em 2022 estão em baixa segundo a Anfavea, em linha com que a Fenabrave anunciou no começo deste mês. Em dezembro de 2021 a associação das fabricantes estimava para este ano expansão de 8,5% nas vendas internas, 9,4% na produção e 3,6% nas exportações. Cerca de 170.000 veículos deixaram de ser produzidos no Brasil até agora.

A inflação puxou os juros para cima e afastou parte dos consumidores, embora ainda exista forte demanda reprimida. Estoques nas fábricas e concessionárias subiu para 24 dias ainda longe do mínimo de 35 dias considerados normais. Márcio Leite, presidente da Anfavea, prevê agora crescimento de apenas 1% no mercado interno, de 4,1% na produção e alta expressiva de 22,2% nas exportações.

Leite não comentou, porém, o mercado externo pelo visto foi priorizado por dois motivos claros: desvalorização do real tornou os modelos nacionais mais competitivos e vendas perdidas no exterior ficam mais difíceis de recuperar.

O presidente do Sindipeças, Claudio Sahad, é mais cauteloso: produção de autoveículos teria leve retração de 0,7% este ano.

Volkswagen planeja autônomos sob demanda

Tecnologia para veículos autônomos avança, apesar de acidentes recentes com carros de teste no tráfego. Em um aspecto não há evolução: preço continua proibitivo. Em entrevista à Bloomberg, Dick Hilgenberg, líder da Cariad, subsidiária da VW para softwares, afirmou que atualizações remotas não servirão apenas para melhorar o desempenho dos carros. 

“Existe um novo modelo de negócios – assinatura ou função sob demanda – quando você pode dirigir de forma autônoma, se quiser, pelos próximos 100 quilômetros, por exemplo”, afirmou o executivo. Essa seria uma forma de ajuda aos motoristas que se sintam cansados ou preferem adiantar alguma tarefa antes de chegar ao destino.

Fiat Strada 2022
Fiat Strada responde por quase 90% dos emplacamentos em seu segmento
Imagem: Divulgação

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