HR-V Touring, T-Cross Highline... como eles criaram um nicho entre os SUVs compactos

Versões que ultrapassam os R$ 100 mil oferecem uma proposta singular dentro da categoria
Volkswagen T-Cross 2020

Volkswagen T-Cross 2020 | Imagem: Divulgação

No começo deste mês talvez uma das notícias mais polêmicas no universo automotivo brasileiro foi a estreia do Honda HR-V 2020 trazendo a volta da versão Touring. Agora com motor 1.5 turbo, a novidade estreia nas concessionárias por estratosféricos R$ 139.900.

O valor, obviamente, é alto demais mesmo considerando o reforço em equipamentos que a Honda também trouxe para o HR-V Touring, mas analisando de uma forma mais profunda, a chegada do HR-V de R$ 140 mil ao mercado deixa bem claro um nicho entre os SUVs compactos que, ao que tudo indica, será cada vez mais explorado pelas marcas daqui para frente.

Estamos falando de versões que ultrapassam consideravelmente o teto de R$ 100.000, o que seria um limite para delinear a categoria dos SUVs compactos, na busca de que elas possam entregar um pacote de desempenho, tecnologia e equipamentos superior mesmo em relação às versões de entrada de SUVs médios. Vale a pena destacar que um Jeep Compass Sport 2.0 flex parte hoje de R$ 113.990 ou até mesmo é possível encontrar um VW Tiguan Allspace na sua configuração de entrada 250 TSI com 5 lugares por R$ 128.990.

Mas isso não é impedimento para que a Honda posicione seu HR-V Touring beirando os R$ 140 mil, assim como a Jeep possui o Renegade Trailhawk por um valor semelhante (custando os mesmos R$ 139.990) e a Volkswagen oferece o T-Cross Highline partindo de R$ 109.990, mas que pode atingir R$ 126.730 considerando uma pintura especial e o acréscimo de todos os pacotes de opcionais.

Apenas como uma observação, o segmento ainda conta, de maneira discreta, com excelentes opções para quem deseja um SUV compacto com “algo a mais”, como é o caso do Subaru XV (versões de R$ 123.900 a R$ 142.000) e da dupla S-Cross e Vitara da Suzuki. Nos três casos você encontrará SUVs compactos com o diferencial da tração integral e motorização turbo para os modelos da Suzuki.

No caso do Renegade Trailhawk, além do sistema de tração integral, um ponto que o difere mais profundamente no segmento é a motorização diesel, algo que não estávamos tão acostumados de ver aqui no Brasil. Com torque de sobra (35,6 kgfm), uma peculiaridade desse tipo de motor, o Renegade diesel ainda oferece baixo consumo e elevada autonomia, atributos bem desejados por quem roda muito e deseja reduzir seu custo por quilômetro. O câmbio automático de 9 marchas também ajuda nesse aspecto. É fato que o Renegade cobra caro pelo motor diesel, mas inegavelmente foi um modelo que trouxe esse tipo de propulsor mais para perto dos brasileiros.

O VW T-Cross Highline e o Honda HR-V Touring, por sua vez, trocam o apelo de maior robustez do Renegade diesel para seduzirem seus clientes a pagar caro por eles pelo bom pacote de eficiência e desempenho, combinado a um interior mais sofisticado e com um nível de equipamentos muitas vezes não oferecido nas versões de entrada dos SUVs médios.

No caso do T-Cross Highline, o preço quando todo equipado aproxima-se dos R$ 130.000, mas lhe dá direito a recursos avançados como o assistente de estacionamento, tecnologia que oferece uma boa ajuda na hora de realizar balizas mais apertadas. Além disso estão presentes nele o teto solar panorâmico, faróis full-LED e uma completa central multimídia que opera combinada com o painel de instrumentos digital, recurso ainda raro mesmo em categorias superiores. Claro que, tudo isso movimentado pelo competente motor 1.4 TSI e as boas acelerações e retomadas que proporciona ao T-Cross sem exagerar no consumo.

O polêmico HR-V Touring de R$ 139.990 vai pela mesma linha do T-Cross topo de linha. Ao pegar emprestado o motor 1.5 turbo do Honda Civic em sua versão homônima, o SUV compacto certamente terá seu nível de desempenho aprimorado, algo relevante para quem deseja uma condução mais esportiva ou ter potência e torque de sobra para encarar uma viagem por trechos em aclive de uma forma mais relaxada, sabendo que terá um carro pronto para responder em eventuais ultrapassagens.

Convenhamos que, pelo preço, a Honda poderia ter caprichado mais nos assistentes de condução por exemplo, uma vez que o único recurso que pode ser apontado como algo mais avançado no HR-V Touring é o sistema LaneWatch, que nada mais é do que uma câmera posicionada no retrovisor direito e que projeta as imagens na tela da central multimídia para ampliar o campo de visão e reduzir pontos cegos. É bom citar que o já citado Subaru XV em sua configuração de R$ 142.000 traz, além da importantíssima tração integral, um pacote bem completo de assistentes de condução. Chamado EyeSight, ele reúne o alerta de colisão com frenagem autônoma de emergência, controlador de velocidade de cruzeiro adaptativo, alerta de saída de faixa, advertência de oscilação de faixa, detector de pontos cegos nos retrovisores, alerta de tráfego cruzado na traseira do veículo, entre outros.

Mas é fato que a Honda espera justificar o valor cobrado no HR-V Touring com outros aspectos inerentes ao próprio projeto de seu SUV compacto, como a cabine ampla e versátil e o bom porta-malas, pontos em que ele se sai melhor até mesmo em relação à SUVs de um segmento acima como é o caso do Jeep Compass. Conciliando a boa reputação do HR-V dentro do segmento com um tempero esportivo maior, a Honda considera ter encontrado aí uma receita pela qual os brasileiros estão dispostos a pagar caro por isso.

Do ponto de vista comercial e estratégico para as empresas, as versões de SUVs compactos bem acima de R$ 100.000 oferecem boas margens de lucro e, mesmo que a procura seja pequena, investir nelas pode resultar em um bom retorno financeiro. Obviamente que cabe ao público optar por elas ou não.

Bem equipados, eficientes, seguros e mais modernos, os SUVs compactos dentro desse nicho de R$ 100.000 a R$ 150.000 podem atender quem está satisfeito com o porte desses carros, mas busca apenas um conjunto mais sofisticado. Não é por acaso que nos modelos de Volkswagen e Honda encontramos um acabamento diferenciado nas versões topo de linha, com destaque para a opção do interior claro oferecido para o HR-V Touring. Vamos ver, ao longo dos próximos meses, em especial como as versões mais caras de VW T-Cross e Honda HR-V vão se sair. E você, considera pagar cerca de R$ 140.000 em um SUV compacto? Acha o valor razoável? Comente e participe. 

Volkswagen T-Cross 2020

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