Chery promete reviravolta no Brasil

Montadora chinesa quer descolar da imagem de carro barato que apostou no início e planeja reposicionamento agressivo da linha para ganhar clientela brasileira

No Brasil, o modelo seria rival do Honda City e do Chevrolet Cobalt | Imagem: Karina Simões

Entre as montadoras chinesas com operação no Brasil, a primeira e, por enquanto, única com fábrica no País é a Chery. Durante o Salão de Xangai, que acontece até 29 de abril na China, executivos da divisão nacional da marca anunciaram planos agressivos para o Brasil. “A gama de futuros produtos da Chery vai surpreender o País”, disse ao AUTOO Thiago Marques, supervisor de marketing da empresa.

Preços baixos, o principal atrativo da montadora quando chegou em terras tupiniquins, estão fora da nova estratégia - na época o compacto QQ ostentava o slogan de carro mais barato do País vendido a R$ 19.990. "Não queremos mais ser lembrados como marca de carros baratos, o que dá a impressão de veículos frágeis. Somos uma marca brasileira agora e não vamos mais brigar com as chinesas", explicou o executivo.

Futuro

Como parte do reposicionamento da linha no Brasil, novos produtos estão no radar, como a nova geração do sedã Arizzo 5, principal destaque do estande da Chery no salão chinês. O sedã de visual imponente chegaria ao Brasil para brigar com sedãs compactos como o Honda City, o Chevrolet Cobalt e o Ford New Fiesta.
No campo dos SUVs, a marca deixou escapar que está estudando um crossover compacto para o mercado brasileiro que entraria no nicho efervescente onde se encontram os recém-lançados Honda HR-V e Peugeot 2008.

Concreta mesmo é a chegada do Tiggo 5 ao Brasil, já anunciada no ano passado. Ele desembarca no País no final do segundo semestre ainda importado, mas tudo indica que ele seja o terceiro modelo da linha a ganhar montagem nacional, ao lado do Celer e do QQ.

O Tiggo 5 virá equipado com motor 2.0 DVVT de 140 cv acoplado a uma transmissão manual ou CVT. Rival de modelos como Honda CR-V e o Hyundai iX35, ele ficará posicionado acima do Tiggo 3, com o qual irá conviver.

Passado

Aliás, batizado informalmente de Tiguinho, o Tiggo 3 que chega para nós importado do Uruguai já está de cara nova para os chineses. Certamente a mudança chegará ao Brasil, mas “ainda levará tempo”, diz a marca. Na China, o modelo é equipado com motor 2.0, que recebeu melhorias, e câmbio CVT, mas também há a opção de um bloco 1.6 com transmissão manual de 5 marchas.

Presente

O novo QQ chega às lojas a partir da semana que vem ainda importado e equipado com motor 1.0 de três cilindros a gasolina. Todavia, a marca promete motorização com tecnologia flex para o compacto no final de 2015.

Questionada sobre a possibilidade de perder vendas ao lançar um produto já com facelift previsto, a Chery não parece estar preocupada. Segundo Marques, o motor a gasolina é muito econômico e a vinda do flex é para mostrar ao cliente brasileiro que a marca está detém a tecnologia e não está defasada perante as concorrentes.

Embora a plataforma do antecessor tenha sido mantida, o novo QQ conta com alterações no visual e em componentes mecânicos como caixa de direção e suspensão - que também foram incorporadas aos modelos vendidos na China. “Estamos ensinando os chineses a fazer carros”, conclui Marques.

Enquanto isso...

Enquanto a gama de produtos não se completa, a Chery espera vender entre 20 e 25 mil unidades neste ano no Brasil e reforça que volume não é sua preocupação no momento. Convenhamos que nem teria como ser diferente.

Os funcionários da fábrica de Jacareí (SP), inaugurada em agosto de 2014, estão em greve desde o dia 6 de abril em protesto contra baixos salários e condições de trabalho. Segundo o sindicato, um montador na Chery ganha o piso de R$ 1.199, enquanto um trabalhador com a mesma função na GM recebe R$ 3.500.

Por conta disso, o estoque do Celer nacional (lançado na semana passada!) se esgotou do pátio da fábrica, mas a montadora garante que as 72 concessionárias da rede estão abastecidas para pouco mais de um mês de vendas.

Mesmo enfrentando contratempos, a marca está confiante (até demais). “A Chery será um novo case no Brasil parecido com o que foi a Hyundai”, disse Marques. Será mesmo que eles estão com essa bola toda?