Hyundai ix35 quer ser o novo Tucson

Se não herdou seu nome no Brasil, o novo crossover sul-coreano quer vender tanto quanto seu antecessor

Hyundai ix35 | Imagem: Hyundai

A pergunta tem duplo sentido. Sob o ponto de vista tecnológico, a resposta é sim: o ix35 é o sucessor do Tucson. A diferença é que, enquanto lá fora o novo crossover aposenta o utilitário esportivo, por aqui ele será mais uma opção na gama Hyundai, se encaixando entre o Tucson, que continua à venda, e o Santa Fe, que tivera seu preço reposicionado para não colidir comercialmente com a novidade. Mas será que o ix35 repetirá o sucesso mercadológico alcançado pelo caçula da família de SUVs da Hyundai? É o que a marca quer.

Novo nome, novo espírito

A primeira mudança está no nome. Pergunte em qualquer concessionária da Hyundai sobre o New Tucson e você será imediatamente corrigido: “não é novo Tucson, senhor, é ix35”, advertem os vendedores, invariavelmente. É que em quase todos os mercados onde o SUV é vendido seu nome passou a ser New Tucson, já que de fato ele substituiu o “Old Tucson” – e como no Brasil o velho continua a ser comercializado, preferiram adotar outro nome para o estreante.
O novo batismo, felizmente, traz mudanças profundas. A visual é a mais marcante, mas nem por isso a mais importante. Não se trata apenas de uma reestilização, mas sim de um (completamente) novo carro. As linhas atuais não deixam dúvida: traços refinados, elegantes e complexos no lugar de um desenho reto, apenas funcional. O novo desenho tem até nome: Fluidic Sculpture, ou escultura fluída.

As dimensões também são outras. O ix35 tem 4,41 m de comprimento, 1,82 m de largura e 2,64 m de entreeixos. Ou seja, ele é 8,5 cm, 2 cm e 1 cm maior, respectivamente, que o Tucson. Só não cresceu na altura, pelo contrário, ela diminuiu 2,5 cm mantendo a altura livre do solo intacta, em 19,5 cm, confirmando seu DNA de crossover. E as rodas, antes de 16 polegadas, agora são de raio 17 e, opcionalmente, 18.

Um carro maior deve ter um motor maior, certo? Não. O ix35 traz opções mais modernas e potentes, mantendo o mesmo volume. Saem de cena os blocos 2.0 16 válvulas (142 cv) e 2.7 24 válvulas V6 (180 cv) e invadem o cofre do novo Hyundai os motores 2.0 16V, de 166 cv e 20,1 kgfm de torque; e 2.4 16V de 177 cv e 23 kgfm de torque – este último, segundo a CAOA, que representa a marca sul-coreana no País, chega só mais tarde. A transmissão reforça que o antigo conjunto ficou realmente obsoleto: o câmbio automático tem agora seis marchas, contra quatro da do Tucson – o manual continua com cinco.

Mais sedã, menos jipe

Internamente, a transformação também é radical. Tudo é novo e mais refinado. Os materiais usados são mais agradáveis ao tato e no olhar, e o painel transpira modernidade. Tem-se a impressão de estar num sedã de luxo, e não num jipe um pouco mais requintado.

O resultado, claro, é um carro mais caro. O catálogo G596, de entrada, traz CD player com MP3, comandos no volante, entrada para iPod e disqueteira para 6 discos, ar condicionado analógico, computador de bordo, bancos em tecido e couro, banco traseiro bipartido, faróis de neblina, sensor crepuscular, ABS com EBD airbab duplo, entre outros. A Hyundai pede R$ 88.000 pelo modelo, valor que salta para R$ 93.000 se o comprador optar pelo câmbio automático.

Depois vem o G595, que soma aos equipamentos anteriores botão de partida do motor, ar condicionado digital, piloto automático, banco do motorista com ajustes elétricos, retrovisores externos rebatíveis eletricamente e sensor de estacionamento. Preço: R$ 103.000, ou R$ 108.000 com tração integral sob demanda (4WD). O mais caro da lista traz todos os equipamentos, mais teto solar panorâmico, airbags laterais e de cortina, controles de estabilidade e tração e câmera de auxílio a manobras por R$ 115.000. Futuramente, a Hyundai promete trazer esse mesmo modelo, mas com tração 4WD – que certamente responderá pela menor participação no mix de vendas.

O Tucson, hoje nacional, parte de R$ 63.000 na versão GL e chega a R$ 80.000 na GLS, com motor V6. Nem de perto, oferece os equipamentos do seu sucessor.

A quinta maior

O presidente da Hyundai, Kim Tae Kim, avisa que até 2015 quer sua marca na quinta colocação do ranking nacional, atrás somente de Fiat, Volks, GM e Fiat. O ix35 é, sem dúvida, peça fundamental nessa meta – como fora o Tucson anos atrás. Há pouco mais de dois anos, o SUV vendia cerca de 2 000 carros por mês, ficando à frente de muitos modelos mais baratos. Nesse mesmo período, um conhecido da Hyundai não incomodava, estacionado no pelotão do fundo: o Sportage, gêmeo do Tucson. Mas agora talvez a história seja diferente.

Sportage e ix35 são o mesmo carro, apenas com visual, interior e equipamentos diferentes. O crossover da Kia chega em outubro, por preços menores, estima-se. Não bastasse a briga “interna”, o ix35 deverá ainda enfrentar modelos consagrados, como Honda CR-V, Chevrolet Captiva e VW Tiguan. Respondendo à segunda parte da pergunta inicial: qualidades não faltam ao ix35, mas uma política de preços agressiva, como é a do Tucson, seria uma boa aliada.