Importados têm caminho dificultado para o Brasil

Veículos, autopeças e pneus precisarão de uma licença prévia antes de entrar no país

Fiat 500 vem importado da Polônia | Imagem: divulgação

Uma notícia que pode atrapalhar o próspero mercado de carros importados no Brasil. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Exterior lançou uma nova lei que exige de veículos, autopeças e pneus importados uma licença prévia para autorização de entrada no país. A medida entrou em vigor já nesta quinta-feira (12). Segundo o secretariado, a ação foi instituída para “monitorar o fluxo de importações”, informa a assessoria de imprensa.

O Ministério, porém, descarta uma provável retaliação ao governo argentino, que recentemente também passou a exigir ordens prévias para entrada dos mesmos produtos no país. A indústria brasileira, por sinal, já sente os efeitos da nova lei argentina, que é refletida em enormes filas de caminhões-cegonha parados nas fronteiras à espera da licença.

Por determinação da Organização Mundial do Comércio (OMC), essa exigência tem de valer para todos os países com o qual o Brasil tem relações comerciais. O prazo de permissão para entrada em território nacional será de até 60 dias. Antes da nova medida, todo processo era realizado automaticamente.

Aproximadamente 60% dos carros importados à venda no Brasil vêm da Argentina e do México, de onde os carros chegam isentos da alíquota de importação de 35%. O restante desembarca da América do Norte, Europa e Ásia pagando mais impostos. Nenhuma montadora ou entidade do setor automobilístico ainda se pronunciou sobre a nova lei.

Queda nas vendas

Atualmente mais de 20% dos automóveis vendidos no Brasil são importados e a participação cresce a cada ano. Com preços competitivos e mais tecnologia, esses carros se aproveitam também do Real valorizado e dos altos custos dos modelos produzidos internamente. A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), inclusive, prepara um estudo sobre como aumentar a competitividade dos veículos nacionais para ser entregue ao governo. No entanto, seus associados são os maiores beneficiários na importação de automóveis e também de autopeças.

Medida comercial do Brasil foi intempestiva, diz Argentina

Segundo informações da Agência Reuters, o governo argentino disse que o Brasil agiu de forma intempestiva e sem avisos prévios ao aplicar licenças não-automáticas para importação de automóveis, afetando 50% do total do comércio bilateral com a Argentina.