Mercedes-Benz GLA 250: para tirar a clientela de cima do muro

SUV compacto com motor de 211 cv quer abocanhar consumidores que achavam o 1.6 fraco demais e o AMG de 360 cv forte demais; preços partem dos R$ 171.900

Com mais potência, chega ao Brasil as versões 250 Vision e 250 Sport do GLA | Imagem: Mercedes-Benz

A Mercedes-Benz não está para brincadeira com o GLA. A aposta no SUV compacto - que será produzido no Brasil, na futura fábrica de Iracemápolis (SP) - é tamanha que a montadora alemã está investindo em versões para todos os gostos. Agora, a marca lança no Brasil o GLA 250, que chega ao mercado na segunda quinzena deste mês nas versões Vision e Sport, equipado com um motor mais potente que a linha GLA 200 e com equipamentos apenas disponíveis na versão mais cara, como teto solar panorâmico, câmera de ré e partida por botão.

Pela Vision paga-se R$ 171.900, enquanto a Sport custa R$ 189.900 por conter o kit visual AMG. Ambas ocupam agora a faixa intermediária entre as sete versões do GLA, que começa com a 200 Style – outra novidade recém chegada ao mercado – por R$ 128.900 e culmina na animal 45 AMG que cobra R$ 298.900 pelo apetite voraz de seus 360 cv de potência.

SUV pronto para o ataque

A Mercedes quer atrair o público jovem para dentro de suas lojas, o que justifica o apelo visual do GLA. Ele é bonitão e ao mesmo tempo que tem linhas modernas e refinadas na dianteira, conta com uma traseira imponente e larga. Lembra um felino pronto para o ataque. Convenhamos que com o extenso número de versões, a ideia da Mercedes é esta mesmo, atacar por todos os lados.

A impressão que eu tive durante a apresentação do carro foi que a montadora ouviu os pedidos dos clientes e fez alterações pontuais no GLA. Os que achavam que o motor 1.6 turbo com injeção direta de 156 cv que equipa as versões 200 não dava conta do recado – e realmente ele não empolga muito -, mas em contrapartida não queria investir na 45 AMG, mais cara da gama, ficavam sem saída. Agora não mais. As versões 250 ostentam sob o capô um motor 2.0 litros turbo, com 211 cv de potência e 35,7 kgfm de torque, associado à transmissão 7G-DCT de dupla embreagem. O conjunto leva o SUV da imobilidade aos 100 km/h em 7,2 segundos (contra os 8,8 das versões com motor 1.6) e permite chegar à velocidade máxima de 235 km/h (limitada eletronicamente).

Na prática, a dirigibilidade permaneceu a mesma da versão mais mansa, porém, com fôlego na medida para empurrar seus 1.455 kg. Quem já dirigiu o Classe A vai encontrar muita semelhança no SUV, até porque ele parece maior e mais alto do que realmente é. O assento do motorista é bem baixo, quase no chão, e os bancos são esportivos do tipo concha, porém, muito confortáveis. A direção elétrica é leve, direta e precisa, assim como as trocas de marchas do câmbio. Por isso a impressão de se estar guiando um hatch e não um SUV. Nesta versão, todavia, o motor passou a corresponder conforme a força que colocamos no pedal do acelerador. Que bom!

No test-drive optei pela versão Sport, com a mesma configuração mecânica da Vision, mas equipado com kit visual esportivo e belas rodas de 19 polegadas (na Vision são 18 polegadas). Percorremos um trecho longo de estrada e minha diversão era se aproveitar das alças de acesso de uma rodovia para outra para entrar nas curvas com "pé embaixo" para conferir quão hatch este SUV compacto consegue ser.

Embora a versão não ofereça tração integral, o GLA 250 cola no chão e a carroceria fica firme, o que me deixava surpresa a cada curva e tranquilizava meu parceiro de teste durante o percurso – geralmente os testes são realizados em dupla. O comportamento exemplar da suspensão se dá graças ao conjunto que utiliza sistema McPherson na dianteira e braços múltiplos na traseira. Os três braços administram as forças atuantes sobre a suspensão em cada roda, permitindo que as movimentações longitudinal e lateral ocorram independentemente.

No mais, o GLA conta com a assistência do controle de tração e estabilidade e possui distribuição eletrônica de frenagem, que faz correções direcionais ao frear em superfícies com diferentes níveis de aderência. Sem contar os freios ABS, airbags, assistente de partida em rampa, entre outros itens. Ou seja, dá para se divertir bastante e se sentir muito seguro dentro dele.

Inconfundível interior dos MB

Para quem não está acostumado aos modelos da marca, vale lembrar que a alavanca de câmbio não está no console, como a maioria dos automóveis. Em vez disso, existe uma pequena alavanca atrás do volante. O freio de estacionamento é elétrico e fica do lado esquerdo do painel.Com entre-eixos de 2,7 m (mesma medida do hatch) o espaço para os ocupantes não chega a ser abundante, mas é razoável. A qualidade de acabamento da cabine dispensa comentários. Superfícies de toque macio e revestimento em materiais de qualidade se estendem por todo o interior do SUV.

O painel obviamente conta com as cinco aberturas de ventilação em formato de turbina e aquele display de 7 polegadas emoldurado que mais parece um porta-retratos de loja de aparelhos eletrônicos da rua 25 de março. Ok, tem quem goste, mas minha birra é declarada para a telinha. Conto os dias para a Mercedes modernizar o dispositivo e não só colocar uma tela integrada ao painel e não pendurada nele, como tornar o sistema sensível ao toque. Pelo botão no console demora um pouco até você conseguir mexer no sistema de forma rápida e intuitiva.

Tanto a versão Vision quanto a Sport, oferecem GPS, permitem acesso à Internet por meio de conexão Bluetooth a dispositivos móveis com pacote de dados e tem memória de 10 GB para arquivos de áudio. Há ar-condicionado de duas zonas, teto solar panorâmico com abertura frontal e sistema de estacionamento “Active Parking Assist”, que estaciona e tira o veículo automaticamente de vagas paralelas ou longitudinais. Apenas a versão Sport conta com câmera de ré.

Quero ser jovem

Enquanto a Mercedes-Benz via a concorrência (leia BMW e, sobretudo, Audi) entrar na lista de desejos do público jovem endinheirado, sua marca passava a ser associada a uma faixa etária, digamos, mais avançada. Para mudar este panorama, os investimentos estão sendo aplicados na renovação dos produtos e na comunicação para alertar os jovens como a marca da estrela de três pontas é “cool”. Inclusive, não são apenas filhos de magnatas que podem adquirir um exemplar do GLA. A nova política de preços inclui valores bem mais realistas - como mencionei no começo desta matéria com a versão de entrada na faixa dos R$ 128 mil – e seguros mais em conta.

Os principais concorrentes do GLA no Brasil são o Audi Q3 e o BMW X1. Ambos vice-líderes no line up de suas marcas por aqui com 1.148 e 632 unidades emplacadas até março de 2015, respectivamente. O SUV da Mercedes está conseguindo acompanhar de perto os rivais em números de vendas, até fevereiro deste ano, foram emplacadas 2.300 unidades, desde seu lançamento em setembro.

Evandro Bastos, gerente de marketing de produto da divisão brasileira da montadora, acredita que novidades atraentes e na mesma faixa de preço do GLA 250, como o novíssimo Discovery Sport da Land Rover, por exemplo, não são uma ameaça. “É uma outra proposta, não acho que sua chegada, embora agressiva, vá afetar nossas vendas”, explica.

A marca acredita que a nova motorização será responsável por 19,5% das vendas na linha, divididas quase igualmente entre a Vision e a Sport. A mais vendida, com 42% do mix, seria a 200 Advance enquanto a nova versão de entrada Style seria responsável por 15%, segundo a empresa. Na berlinda, fica a poderosa 45AMG com apenas 2,5 %. O importante, no fundo, é oferecer opções para os clientes escolherem dentro da loja, para que eles tirem a mente e o olhos da grama do vizinho, quero dizer, das outras marcas alemãs.

 

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