Mesmo com incentivos, carros argentinos e mexicanos vendem mal no Brasil
Apesar disso, algumas montadoras ainda insistem em importar veículos em vez de fabricá-los aqui
No mundo ideal, as barreiras comerciais seriam mínimas, estimulando as trocas de produtos, a competição e a prática de preços mais justos. Mas, como todo mundo sabe, a realidade é bem diferente.
Em busca de proteção, muitos países restringem importações enquanto passam por dificuldades no caminho inverso, criando distorções imensas em alguns setores. Um deles, claro, é o automobilístico.
No Brasil, o advento do Mercosul, o mercado comum que reúne também a Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela, deveria ter promovido uma integração comercial muito grande, mas as diferenças econômicas e políticas acabam interferindo nesse fluxo.
Mesmo o acordo bilateral entre nosso país e o México, que previa isenção de tarifas de importação para veículos, não chega a ter grande impacto para os consumidores já que são poucos os modelos vendidos por aqui atualmente, ao contrário de anos atrás quando havia uma demanda bem maior.
Nesses tempos de pandemia e problemas com componentes eletrônicos, esse panorama é ainda mais pessimista. Com poucas exceções, vender carro importado no Brasil é um mau negócio, mesmo que venha da Argentina ou México.
Obviamente que as marcas não devem perder dinheiro, porém, não conseguem estabelecer volumes competitivos. Pegue-se o exemplo do sedã Cronos, que a Fiat monta no país vizinho e que não chegou a emplacar 20 mil unidades neste ano. A Chevrolet, mesmo com sua fábrica parada por meses, obteve 37 mil emplacamentos do Onix Plus, seu rival.
Vale lembrar que o Cronos é o segundo veículo argentino mais vendido no Brasil, só atrás da picape Hilux. Esta, ao contrário, consegue manter a liderança do segmento mesmo montada pela Toyota na Argentina, mas é basicamente por conta das picapes médias que existe hoje alguma presença significativa do país em nosso mercado.
Mexicanos no fim do ranking de vendas
Das seis picapes da categoria, quatro são produzidas no vizinho – Ranger, Frontier, Amarok e a Hilux. Já quando se trata de compactos, o desempenho é sofrível. A Stellantis levou o Peugeot 208 para lá e o hatch teve 12 mil emplacamentos até agora, mesmo com o esforço de guerra da empresa em vendê-lo para clientes ‘pessoa jurídica’.
A Volkswagen, por sua vez, dividiu sua ofensiva de SUVs na região, repassando o Taos para os argentinos. No entanto, o utilitário esportivo não conseguiu até agora fazer sombra aos rivais Compass e Corolla Cross, ambos montados no Brasil.
Se a origem é o México, a situação é ainda mais decepcionante. Enquanto a Argentina se beneficia de uma ligação próxima com o Brasil, os carros produzidos pelos mexicanos têm um longo caminho até desembarcarem em nossos portos.
A logística acaba tendo um papel complicador num mercado que depende de agilidade para vender bem. Por isso, neste ano, o mexicano mais bem sucedido tem sido o sedã Versa, que a Nissan conseguiu emplacar cerca de 7,7 mil unidades até perto do final de outubro.
A Ford, que aposta no México para ampliar seu modesto portfólio, obteve menos de 800 SUVs Bronco vendidos no Brasil. A picape Maverick é outra que virá de lá em 2022, mas nem adianta nos empolgarmos porque certamente ela não terá capacidade de enfrentar a Toro ou mesmo a nova Montana, ambas nacionais.
Mesmo com esse marasmo, muitas montadoras relutam em abrir novas linhas de montagem no Brasil diante das incertezas e da crise econômica duradoura. Ao mesmo tempo em que a falta de uma integração maior com outros mercados nos tira do circuito global de produção. É um jogo em que todos perdem, infelizmente.
Posição | Modelo | Emplacamentos até outubro | Origem |
---|---|---|---|
1º | Toyota Hilux | 35350 | Argentina |
2º | Fiat Cronos | 18907 | Argentina |
3º | Ford Ranger | 16159 | Argentina |
4º | Peugeot 208 | 11461 | Argentina |
5º | Toyota SW4 | 10523 | Argentina |
6º | Nissan Frontier | 8721 | Argentina |
7º | Nissan Versa | 7614 | México |
8º | Volkswagen Amarok | 5798 | Argentina |
9º | Volkswagen Taos | 4835 | Argentina |
10º | Chevrolet Cruze | 4570 | Argentina |
Dados até 26 de outubro
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