Ricardo Meier

Comenta o mercado de vendas de automóveis e tendências sustentáveis

Vendas de veículos em junho esbarraram em burocracia para obter descontos

Volume de emplacamentos atingiu 180 mil unidades, apenas 8% a mais que em maio, mês que foi prejudicado pela espera pelas medidas de estímulo do governo

O primeiro mês do programa de incentivo à indústria automobilística lançado pelo governo federal terminou com resultados ainda modestos. Foram emplacados 180 mil veículos leves no país, uma pequena alta de 8% em relação a maio.

O panorama foi ainda mais decepcionante se levarmos em conta que o mercado de carros novos parou, à espera das regras de descontos lançadas, que no fim estipularam uma espécie de bônus de IPI e Cofins/CSLL para modelos de até R$ 120 mil.

As vendas modestas, no entanto, foram causadas pela burocracia para viabilizar os emplacamentos com redução nos preços, explicou a Fenabrave.

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A entidade que representa 7.400 concessionárias de veículos se mostrou otimista com as medidas que, segundo ela, elevaram o patamar de efetivação de vendas para 22 mil unidades diárias nos últimos dias de junho – até então, o ritmo era de 5 mil unidades/dia.

Ainda de acordo com a Fenabrave, entre os entraves para refletir o reaquecimento do mercado estão o tempo necessário para fechar um negócio, de cerca de duas semanas, e os trâmites para atualizar informações junto aos Detrans.

A associação estima que o novo aporte de R$ 300 milhões em isenções tributárias deve se esgotar ainda em julho e busca convencer o governo a anunciar medidas mais sustentáveis para o setor.

Citroën C3 2023
Citroën C3 2023
Imagem: Divulgação

Fiat e Renault se deram melhor

Donas dos carros mais baratos do mercado, a Fiat e a Renault viram suas vendas se expandirem em um patamar mais alto que a Chevrolet, por exemplo. A montadora norte-americana não foi tão agressiva nos descontos de seus carros e por isso teve um crescimento de apenas 3% em relação a maio.

A Renault, graças ao Kwid, subiu 33% enquanto a Fiat expandiu as vendas em 23%. Vale citar a Citroën, dona da maior expansão, com 60% mais emplacamentos, mas a marca partiu de um patamar muito baixo, pulando de 2 mil para 3,2 mil unidades.

Por outro lado, a Toyota – outra que não se empolgou com o programa – e a Jeep caíram, 6,4% e 17%, respectivamente.

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A maior alta em emplacamentos por um veículo no top 30 foi do Kwid, um salto de 2.725 unidades para quase 6 mil carros. No entanto, em março o menor Renault já havia vendido mais do que isso e certamente parte da demanda de junho foi herdada de abril e maio, quando os rumores sobre os descontos já se refletiam nas lojas.

“Esse cenário fez com que o salto nos emplacamentos fosse observado apenas na última semana do mês, mas já foi suficiente para termos um resultado melhor que o de maio. Isso nos mostra que os primeiros dias de julho poderão ser positivos, pois devem refletir emplacamentos de vendas realizadas e não registradas em junho”, acredita José Maurício Andreta Jr, presidente da Fenabrave.

Veja o ranking de 15 marcas mais vendidas em junho e a variação em relação a maio:

Posição Marca Junho Maio Diferença Variação
Fiat 42397 34436 7961 23,1%
Volkswagen 29912 27526 2386 8,7%
Chevrolet 27087 26189 898 3,4%
Toyota 15387 16440 -1053 -6,4%
Hyundai 12460 10918 1542 14,1%
Renault 10579 7961 2618 32,9%
Jeep 9796 11814 -2018 -17,1%
Honda 6666 6706 -40 -0,6%
Nissan 5734 6338 -604 -9,5%
10° Peugeot 3214 2931 283 9,7%
11° Citroën 3175 1980 1195 60,4%
12° CAOA Chery 2779 1963 816 41,6%
13° Ford 2128 2446 -318 -13,0%
14° Mitsubishi 1473 1268 205 16,2%
15° BMW 1091 1257 -166 -13,2%

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