Volkswagen sai na frente no Salão de Paris

De conceitos elétricos ao carro recordista do Guiness, grupo alemão esbanjou novidades para mostrar que tem ambição de ser a maior montadora do mundo

A pré-estreia da Volkswagen, um dia antes do Salão | Imagem: Ricardo Meier

A rivalidade entre franceses e alemães, apesar de uma cordialidade aparente, se revela nos detalhes. Em pleno Salão de Paris, a Volkswagen decidiu estragar um pouco da festa das marcas anfitriãs. Montou um palco imenso em um local afastado do evento oficial onde fez questão de mostrar as novidades de oito de suas marcas – agora incluindo a Porsche.

Com a presença de todos os seus presidentes – não por acaso, alemães – a montadora mostrou um pouco de tudo e com show digno de Broadway, com fogo, fumaça e uma “chuva dançante”.

A exibição começou com o protótipo IBE, da marca espanhola Seat que, aliás, anda ameaçada pela matriz pelos seguidos prejuízos. O conceito é um sports coupé de dimensões reduzidas para uso urbano. Por isso traz propulsão 100% elétrica com 102 cv de potência. As linhas são bastante atraentes e guardam uma certa semelhança com modelos da Audi, não por acaso.

A noite esquentou literalmente quando o Lamborghini Sesto Elemento atravessou o palco seguido por labaredas de fogo. O novo superesportivo da marca italiana segue a receita de uso extensivo de fibra de carbono e visual inspirado em aviões de combate. É um modelo extremamente enxuto – até mesmo a coluna de direção está visível no longo para-brisa.

Antes que a Porsche exibisse as duas variantes do 911, a divisão de comerciais leves da Volks e a marca Skoda mostraram o Caddy reestilizado e a perua Octavia elétrica, mas sem grande repercussão na platéia.

Os modelos Speedster e GTS da Porsche, agora incorporada definitivamente ao grupo VW, foram apresentados pelo novo presidente da marca esportiva, Matthias Müller, mas apenas o primeiro esteve presente e mostrando que o clássico 911 pode ser reinventado sempre que preciso. O conversível encantou pelas linhas fortes da traseira e o ar um tanto retrô.

Artistas juntos

Uma recomposição de época das corridas de Bugatti antecipou a entrada do Veyron Super Sport, nada menos que o mais veloz carro do mundo, capaz de atingir 431 km/h e levar apenas 14,6 segundos para ir de 0 a 300 km/h. O recorde foi reconhecido pelo Guiness World Book e constará da próxima edição do livro.

Da velocidade, o show da VW guinou para a arte. No palco, duas lendas do design automotivo, Walter de Silva, projetista chefe do grupo, e Giorgetto Giugiaro, criador do famoso estúdio Italdesign e que foi comprado pela Volks. Os dois italianos deixaram claro o enorme respeito entre eles, mas uma das grandes perguntas que pairava na mente de quem acompanha o setor era saber como conciliar estilos tão diferentes sob uma mesma marca? Walter de Silva respondeu ao explicar que, apesar da união e de ter de seguir alguns conceitos visuais, a Italdesign preservará sua identidade.

A noite contou ainda com o novo esportivo Continental GT - cujo projeto original do brasileiro Raul Pires, foi apenas retocado - e outras duas revelações, o conceito Audi quattro concept e o novo Passat, nas versões sedã e perua.

O quattro é uma grata surpresa ao introduzir mudanças de estilo na Audi, hoje um tanto repetitiva em seus projetos. O conceito é uma homenagem ao modelo quattro original, da década de 80 e que trouxe a tração integral para os carros da montadora. Além de um inovador sistema de diferencial central por coroa (cujo funcionamento tentaremos entender nesta quinta), o Audi ganhou um novo motor de cinco cilindros longitudinal em linha. O entreeixos curto e a grande potência devem fazê-lo um demônio nas pistas e na terra, certamente.

Para fechar o show, o novo Passat deu as caras oficialmente. Belo, com algumas linhas do anterior, como a coluna traseira, o sedã – e também a perua – sofrem, no entanto, do mal que aflige os últimos lançamentos da VW, a mesmice estética. Para diferenciar o Passat do novo Jetta e do luxuoso Phaeton, é preciso alguns minutos de observação. Por outro lado, o carro traz um prático recurso de abertura do porta-malas que funciona ao se passar o pé embaixo do para-choque. Uma ajuda e tanto para mãos ocupadas.