Avaliação: Ford F-150 é exagero de ponta a ponta

Picape tem quase seis metros de comprimento e a maior potência entre as caminhonetes grandes
Ford F-150 2023

Ford F-150 2023 | Imagem: Fernando Pedroso/Autoo

“Será que cabe na garagem?” Foi com esse receio que aceitei o convite de testar a Ford F-150 ao longo de uma semana. Moro em um prédio antigo, com vagas apertadas entre colunas revestidas de pastilhas doidas para arranhar latarias desavisadas. O meu carro mesmo guarda marcas dessa batalha entre manobras distraídas e concreto.

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A picape da Ford não permite distrações. São 5,88 metros de comprimento e 2,09 m de largura, mas vai a 2,43 metros contando os espelhos retrovisores. Sim, são 34 cm de espelhos, ou 17 cm cada um. Para facilitar, há câmeras por todo lado que formam uma visão superior da F-150 para ver melhor as manobras. E tudo muito bem calculadinho.

O primeiro contato com a picape impressiona. Não só pelo tamanho exagerado, mas pelo visual da versão Lariat, a mais em conta disponível no Brasil. Só de chegar perto dela com a chave no bolso todas as luzes brancas se acendem. Da placa ao filete de led que contorna os grandes faróis.

As luzes dentro de dois quadrados empilhados lembram a F1000 bumpside vendida no Brasil nos anos 1980 até o comecinho dos 1990. A homenagem à antecessora famosa no Brasil na linha F-Series termina por aí. Talvez a grade meio quadriculada seja outra menção, mas não vamos forçar também.

Ao abrir a porta é preciso usar o estribo lateral para ter acesso mais fácil ao interior da picape. O ajuste na posição do motorista é tranquilo e tudo elétrico e com memória. Os bancos contam com ajuste de distância, altura e lombar. O volante sobe, desce e vai pra frente e vem pra trás em uma coreografia comandada por um simples botão na coluna.

Ford F-150 2023
Ford F-150 2023 vem com rodas de aro 20  escurecidas com pneus 275/60¨para dar um aspecto mais esportivo à picape
Imagem: Fernando Pedroso/Autoo

Até os pedais podem ficar mais para frente ou para trás com ajuste elétrico. Aposto que o motorista da F1000 não sonharia com isso.

Antes de sair também é preciso olhar bem em volta. A porta do passageiro fica longe e o banco do carona está distante um console central enorme, com cerca de 30 cm. Ao olhar pelos espelhos, é picape que não acaba mais.

Ao volante

Mas vamos logo ao que interessa. Pé no freio, botão Start e o ronco do V8 5.0 aspirado a gasolina de 405 cv, o mais potente da categoria, é bem tímido. Quem esperava um urro do Mustang, que usa esse mesmo propulsor —mas com 485 cv—, vai se decepcionar. Mas calma.

A alavanca do câmbio estava deitada, uma função que faz sentido na versão Platinum, que pode ter uma mesa sobre ela, mas na Lariat vira só um charme. Mais um botão para apertar e ela se levanta depois de um sono relaxante como quem pergunta “para onde vamos?”. Coloco em D e saio devagar por uma movimentada avenida de São Paulo.

Ford F-150 2023
Interior tem acabamento primoroso, vários recursos e muito, mas muito espaço mesmo para cinco ocupantes 
Imagem: Divulgação

As faixas estreitas, os motociclistas passando, ônibus apressados e caminhões querendo fazer suas entregas logo não estão nem aí para você se acostumando com uma picape massiva. Entre olhares de “folgado”, há também os curiosos com a nova geração da F-150 que é uma novidade nas ruas.

Na cidade é mesmo complicado usar uma picape desse tamanho, mas o congestionamento permite notar que o acabamento da F-150 importada para o Brasil é primoroso. Há revestimento de couro, plástico macio e aço escovado onde as mãos podem encostar. 

Os bancos também contam com aquecimento ou ventilação, inclusive os traseiros, e a central multimídia com tela de 12 polegadas é bem fácil de ser operada. É nela que aparecem as informações do ar-condicionado também, mas os botões são físicos e separados. Agradeço por isso, Ford.

Ford F-150 2023
Painel digital bastante completo guardou o resumo do nosso teste que teve uma média de 7,2 km/l rorando quase 560 km
Imagem: Fernando Pedroso/Autoo

Celulares podem ser ligados aos sistemas Android Auto ou Apple Carplay sem fio. Há carregador por indução, portas USB e três tomadas, sendo uma no painel, outra no banco traseiro e a última na caçamba. O padrão, no entanto, é o americano, então leve um adaptador.

Aliás, porta-objetos não faltam no interior da F-150. São grandes nas quatro portas, no painel, no console central e um baú embaixo do banco traseiro, como o da “irmã menor” Maverick. Dá para levar alguma bagagem ali, já que a caçamba só tem capota marítima se o comprador passar antes pela mesa do vendedor de acessórios que tem em toda concessionária.

Pé na estrada

Bom, já que na cidade o uso da picape é complicado, melhor ir para a estrada. Por coincidência tinha uma viagem marcada para a cidade de Botucatu, cidade a cerca de 230 km da capital paulista. A rodovia Castelo Branco parece bastante adequada para a F-150.

A 120 km/h, limite da estrada, o motor V8 continua na dele, fazendo pouco barulho e, acredite, gastando pouca gasolina. A média marcada no computador de bordo chegou a marcar 10 km/l, o que, para um motor desse tamanho puxando um carro de 2,5 toneladas, é uma marca excelente.

Aliado ao tanque de 136 litros, andando devagar, dá para passar dos 1.000 km sem visitar um posto. Mas, também, é bom preparar o bolso na hora que essa visita for necessária.

Ford F-150 2023
Escadinha com apoio para as mãos é necessária para facilitar o acesso à caçamba que pode levar até 1.370 litros, segundo a Ford
Imagem: Fernando Pedroso/Autoo

A marca piorou um pouco quando foram necessárias algumas retomadas e ultrapassagens. Aí lembra do urro que queríamos ouvir do V8? Ele aparece quando o acelerador é pisado com mais força e o câmbio de 10 marchas precisa reduzir algumas delas. O ronco que sai do escapamento com saída lateral é de nenhum fã de carro botar defeito.

No fim da viagem, a marca foi de 8,9 km/l, um pouco melhor que a medida do Inmetro, que foi de 8,6 km/l.

As ruas estreitas da cidade do interior, as valetas, muitas subidas e descidas fez a média piorar. Após a volta para São Paulo e mais dois dias de uso na cidade, foram 556 km rodados, média de 7,2 km/l e estimados mais 354 km até esgotar o tanque.

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Mas foi o equilíbrio entre estrada e cidade que me fez questionar: precisa mesmo ser tão grande? É um exagero de tamanho, de potência, mas também de conforto. Quem vai pagar R$ 479.990 pela Ford F-150 talvez não se preocupe com isso, mas vale avisar: na hora de ir na padaria, vai dar preguiça de tirar a picapona da garagem, então é bom ter um carro menor pronto para uso. E sim, ela coube na minha garagem.

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