Carro ficou preso na enchente? Saiba o que fazer para evitar prejuízos maiores

Especialista traz dicas sobre os cuidados com o veículo que ficar submerso
Confira alguns cuidados na hora de trafegar por vias sob chuva intensa

Confira alguns cuidados na hora de trafegar por vias sob chuva intensa | Imagem: Agência Brasil

Quem mora em um país tropical, como é o nosso caso, precisa ficar atento com as chuvas mais intensas. Em uma época de clima cada vez mais instável, as tempestades podem ocorrer a qualquer momento e algumas delas podem resultar em consequências graves para o seu carro. Só quem já passou pela situação ou esteve na iminência de ter o carro vitimado por uma enchente sabe o quanto a sensação é ruim. 

Se o seu carro estava parado na rua ou você ainda estava ao volante e tomou a prudente decisão de abandonar o veículo assim que o nível da água ficou acima do centro da roda, o melhor mesmo é esperar a chuva mais forte passar para depois cuidar do seu automóvel. 

É importante todos saberem que existem algumas precauções que, seguidas à risca, certamente vão colaborar para minimizar o seu prejuízo. Quem conversou com o AUTOO sobre o tema foi Erwin Franieck, da Comissão Técnica de Transmissões da SAE Brasil, especialista que nos deu algumas dicas muito importantes sobre o assunto. 

Em primeiro lugar, é bom destacar que os seguros não cobrem mais danos em decorrência de enchentes, então é importante reduzir ao máximo os custos de reparo do carro. No caso de enchentes, estamos falando de uma água que pode estar contaminada ou suja e está ocupando um espaço no carro que ela não deveria ocupar. A reação rápida é fundamental, mas é bom evitar ao máximo acionar qualquer sistema do carro. Você pode começar, por exemplo, desconectando os pólos da bateria, se possível. Evite retirar qualquer mangueira do motor enquanto o carro estiver sujo e, sob hipótese nenhuma, dê a partida”, recomenda o engenheiro. 

Franieck destaca que, uma vez que você e o carro estejam em segurança e tomados todos os cuidados acima, é fundamental rebocar o carro para um local onde poderá ser feita a limpeza completa do carro, começando pela higienização interna e externa. Até esse momento, é recomendável que o carro siga com o motor desligado. “Ficar com a chave desligada é fundamental. Tudo o que a pessoa não deve fazer é acionar a ignição. Sequer é recomendável virar a chave para ver se há energia no carro. Se a pessoa fizer isso ela pode até danificar coisas que ainda estavam boas”, alerta. 

Entre as medidas importantes que devem ser feitas no começo da recuperação do veículo, já com auxílio profissional, está na substituição de todos os filtros do carro, como o de combustível, ar, entre outros. Também é necessário verificar, soltando a mangueira antes e depois do filtro de combustível, se entrou água no tanque do carro, o que também vai exigir uma limpeza profunda do reservatório. 

Se entrou água dentro do cárter do motor, acrescenta Franieck, algumas medidas também podem ajudar, como realizar a chamada “troca de óleo suja”. Ela consiste em reaproveitar o líquido utilizado por outro veículo apenas para circular óleo puro pelas galerias do motor. Após realizar o processo algumas vezes, aí sim é possível completar com o óleo novo recomendado pelo fabricante. 

É muito importante, depois do tanque de combustível e cárter do motor verificados, analisar também as linhas de ar e água do carro. Depois de tudo isso é possível reconectar as partes elétricas, girar a chave e ver o que acontece”, detalha o engenheiro. Se, ao rodar com o carro, você notar algum ruído anormal, talvez seja necessário efetuar uma manutenção mais profunda abrindo o motor. 

O escapamento é outra peça do carro que exige atenção depois de uma enchente, uma vez que a água que entrar por ali pode afetar o abafador e o catalisador e chegar até o motor, causando problemas mais sérios.

Carros são testados para funcionar até uma certa altura de água

Ao ligar o carro após toda a inspeção, é provável que água resultante do processo de queima do combustível entre em contato com a água suja que pode ter se acumulado no escapamento. É aconselhável, de acordo com o especialista ouvido pelo AUTOO, deixar o motor trabalhando por um tempo em marcha lenta para eliminar os resíduos no sistema. Após o motor atingir a temperatura ideal de funcionamento, aí sim é possível acelerar normalmente o carro. 

Se você perceber que o motor ficou ‘preso’, isso pode ser uma perda de carga no escapamento gerada por algum bloqueio ou detrito na tubulação. Nesse caso será necessário abrir o escapamento, retirar o catalisador e analisar o reticulado do componente. Se alguma coisa quebrou ou ficou entupida, a recomendação, conforme as normas de emissões vigentes, é a troca do catalisador por completo”, explica Franieck. 

O engenheiro também pondera que é necessário dedicar atenção especial para outros componentes do carro, como alternador (deve ser limpo e seco antes de ligar o carro), correias e até mesmo o chicote elétrico também deve ser verificado. “Os conectores dos chicotes elétricos seguem alguns padrões, como o IP 7, e permitem um certo tempo de submersão. Mas passou de 24h com o carro na água, é muito provável que você tenha que fazer uma revisão completa no chicote para evitar algum mau contato ou problemas mais graves”, alerta. 

Também é interessante, com um eletricista de confiança, realizar uma checagem geral de faróis, lanternas, e outros itens importantes. Uma dica é passar algum anti-corrosivo nos terminais para evitar que qualquer umidade possa, passado algum tempo, desencadear um problema. 

Vale a pena citar que os carros atuais são projetados e validados para enfrentar uma determinada altura dágua. Esse teste é feito em uma velocidade específica e, para ser aprovado, é obrigatório que o veículo não desloque água para a entrada de ar do motor bem como o escapamento, com isso podendo vencer algumas situações de alagamento. 

Com as dicas relevantes passadas pelo engenheiro da SAE Brasil, ainda é possível evitar um custo pesado para o bolso. “Dependendo da complexidade dos reparos, recuperar o carro de uma enchente pode consumir de oito a 20 horas de trabalho. Considerando o que é praticado em uma concessionária ou uma oficina especializada, estamos falando hoje de uma mão de obra na faixa de R$ 100 a hora”, finaliza Franiek. Isso ainda sem levar em conta peças e demais componentes que demandem a troca. Logo, é bom ficar sempre atento nas recomendações passadas aqui!

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