Elis Regina e a Kombi: entenda por que o Conar investiga propaganda

Órgão regulador abre processo ético e questiona uso da inteligência artificial para recriar a cantora
Maria Rita e Elis Regina em propaganda da Kombi elétrica

Maria Rita e Elis Regina em propaganda da Kombi elétrica | Imagem: Reprodução

A propaganda da Volkswagen que recriou a cantora Elis Regina, morta em 1982, com o uso da inteligência artificial para anunciar o lançamento da Kombi elétrica ID.Buzz será alvo de processo no Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária).

O órgão regulador questiona uma série de fatores e o processo foi aberto após uma queixa. A informação é da colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo.

O conselho diz que consumidores "questionam se é ético ou não o uso da Inteligência Artificial (IA) para trazer pessoa falecida de volta à vida como realizado na campanha". O processo deve analisar se o procedimento pode ser feito mesmo com a autorização da família.

No caso da propaganda da Volkswagen, a peça contou com a presença da também cantora Maria Rita, filha de Elis Regina.

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Outro ponto que o Conar vai avaliar é a falta de aviso de que houve uma recriação com o uso da inteligência artificial. Segundo o conselho, o filme pode ter levado parte do público, que não conhecia a artista, a acreditar que se tratava de uma pessoa real.

"Questiona-se a possibilidade de tal uso causar confusão entre ficção e realidade para alguns, principalmente crianças e adolescentes", diz o órgão.

Segundo o Conar, o caso deve ser julgado em até 45 dias.

"Elis" aparece dirigindo a Kombi no comercial da Volkswagen
Imagem: Reprodução

A investigação pode ser um ponto de partida para a regulamentação do uso da inteligência artificial em publicidade. Não há hoje no Brasil uma regra definida.

Quando lançada no começo de julho, a peça gerou polêmica nas redes sociais. Enquanto muitos usuários do Twitter relataram se emocionar com o encontro inédito de mãe e filha, outros se incomodaram com o uso da música, que era um protesto contra a ditadura militar no Brasil (1964-1985).

Isso porque a Volkswagen foi apontada como cúmplice da repressão e assinou em 2021 um acordo com o compromisso de destinar R$ 36,3 milhões a ex-empregados presos, perseguidos e torturados, assim como a iniciativas de promoção de direitos humanos.

Volkswagen ID.Buzz 2024
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Imagem: Divulgação

Um documento divulgado pela própria companhia em 2017 reconheceu a colaboração entre a segurança industrial da fábrica brasileira e a polícia política do governo militar.

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Ex-empregados afirmaram à Comissão Nacional da Verdade que, durante a ditadura militar, a empresa forneceu aos órgãos policiais informações sobre os funcionários e permitiu, dentro de sua própria fábrica, prisões sem ordem judicial e tortura policial.

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