Ótimas notícias sobre recarga rápida no Brasil. Mas quem liga para isso?

Mais uma vez temas negativos superam fatos positivos a respeito dos carros elétricos na cobertura da imprensa

Duas ótimas notícias chegaram para o universo brasileiro da eletromobilidade neste mês de fevereiro, ambas relacionadas à infraestrutura pública de carregamento rápido – o tema que, naturalmente, mais nos interessa.

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Primeiro da BYD, que (finalmente!) terá sua rede própria de recarga rápida pública. A montadora chinesa se associou à Shell Recharge (Raízen) e a parceria prometeu instalar nada menos do que 600 carregadores DC no Brasil até 2027, em oito capitais. Os primeiros hubs de recarga começarão a ser construídos já este ano em São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Salvador (BA) e Belém (PA) – ou seja, em todas as regiões do país.

A segunda é da Volvo Cars, que vai inaugurar ainda até o fim deste mês mais 13 de seus eletropostos rápidos, sendo que sete deles já estão em funcionamento nas cidades de Balneário Camboriú (SC), Angra dos Reis (RJ), Capitólio (MG), Nova Mutum (MT), Rondonópolis (MT), São José dos Campos (SP) e Itumbiara (GO). Os outros seis serão abertos em Ubatuba (SP), Paracatu (MG), Açu (RN), Sinop (MT), Riviera de São Lourenço (SP) e Campos Altos (MG). 

Mas provavelmente você não tenha ficado sabendo disso, pois a imprensa generalista (e parte da especializada) preferiu requentar material estrangeiro dando conta de dificuldades enfrentadas por motoristas de carros elétricos diante do rigoroso inverno nos Estados Unidos.

Frio extremo

Veículo com aquecedor no radiador para a água do motor não congelar no frio extremo
Veículo com aquecedor no radiador para a água do motor não congelar no frio extremo
Imagem: Reprodução

O que me espanta não é a abordagem de questões técnicas envolvendo os elétricos e as temperaturas congelantes, que realmente existem. O que me causa assombro é como essa notícia foi amplamente divulgada pela imprensa brasileira – como se aqui tivéssemos temperaturas fortemente abaixo de zero – e o curioso “esquecimento” de que carros a combustão também têm seríssimas dificuldades quando o assunto é frio extremo.

Vou apenas lembrar que nos países nórdicos, onde essa situação é mais comum, os automóveis a combustão têm um sistema onde são conectados a uma tomada – repito, uma tomada – para que os fluidos não congelem quando o veículo permanecer estacionado por algumas horas, o que impossibilitaria a partida.

Interessante também notar como “esqueceu-se” que em muitos destes países, como a Noruega, os elétricos já são maioria das vendas e não se registram problemas como os ocorridos nos EUA.

Simples: os motoristas de lá já estão mais acostumados a lidar com a situação, que foi inédita no país da América do Norte. Também não vou mencionar que nos Estados Unidos milhares de caminhões a diesel ficam ligados a noite inteira, consumindo combustível e poluindo, apenas para manter em funcionamento o ar-condicionado aquecido enquanto o motorista descansa.

Igualmente ninguém recordou-se disso na hora de abordar o tema frio e veículos, aparentemente. É de congelar de raiva o coração dos usuários de carros elétricos no nosso país tropical...

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