Ricardo Meier

Comenta o mercado de vendas de automóveis e tendências sustentáveis

SUVs 2008 e Captur vivem pior fase de suas carreiras no Brasil

Modelos da Peugeot e Renault registram poucos emplacamentos e têm futuro questionado no país

Embora seja a categoria mais popular no gosto do consumidor, os utilitários esportivos nem sempre se mostram uma receita infalível para vender bem. Há modelos que, apesar de algumas virtudes, não emplacam, literalmente. É o que tem ocorrido com dois deles, o Peugeot 2008 e o Renault Captur.

Neste semestre, eles tinham acumulado até esta quarta-feira somente 1.050 unidades vendidas – 657 do 2008 e 393 do Captur. Para dar uma ideia de como isso é pouco, o Nissan Kicks, apenas o 5º colocado do ranking neste ano, emplacou 1.025 em apenas 12 dias de outubro.

A má fase certamente tem explicações além da falta de interessados por eles. Um deles tem sido usado com frequência, a escassez de componentes eletrônicos, razão alegada pela Renault para as vendas pífias do seu SUV.

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O irmão Duster, no entanto, já vendeu quase 17 mil unidades em 2022, embora seja por assim dizer menos “sofisticado”.

A carreira do Captur no Brasil, na verdade uma versão local do Kaptur russo, foi um tanto quanto meteórica. Após estrear em 2017, o SUV chegou a 26,5 mil unidades em 2018 e quase 29 mil em 2019. Após a pandemia, no entanto, as vendas despencaram e o carro tinha até ontem 2.839 unidades registradas.

Os emplacamentos do 2008 e do Captur desde seus lançamentos
Os emplacamentos do 2008 e do Captur desde seus lançamentos
Imagem: AUTOO

Curiosamente, o modelo está no seu auge técnico, equipado com um motor 1.3 turbo de 170 cv e câmbio CVT. São três versões à venda, com preços entre R$ 143 mil e R$ 160 mil.

As baixas vendas, no entanto, fizeram surgir rumores de que a Renault encerrará sua produção no final deste ano, o que foi negado pela empresa ao AUTOO.

Projeto antigo

O 2008 chegou ao Brasil antes do Captur, em 2015, mas nunca chegou a encantar. Seu melhor ano de vendas foi 2016 quando emplacou 10,7 mil unidades. De lá para cá, as vendas foram perdendo força até que a pandemia em 2020 derrubou os números.

O Peugeot, no entanto, contou com uma “forcinha” ao passar a fazer parte do grupo Stellantis. Utilizando da mesma estratégia de vendas diretas que reina na parceira Fiat, o 2008 voltou a subir no ano passado, chegando a 7.747 unidades emplacadas.

Em 2018, entretanto, o SUV da Peugeot ganhou um “vizinho” de linha de montagem, o C4 Cactus, da Citroën, que tem obtido mais sucesso no mercado.

Por fim, a fábrica de Porto Real passou a produzir também o novo C3 neste ano e isso pode ter tomado espaço do 2008, diante da prioridade do novo produto.

Peugeot e-2008
Peugeot e-2008
Imagem: Divulgação

Fato é que o atual 2008 brasileiro é um carro já datado. Embora seja o SUV mais barato do mercado, com preço inicial de R$ 100 mil, ele não parece ser mais uma preocupação do portfólio da marca. Tanto é que a Peugeot deverá lançar a 2ª geração no país, mas importada, começando com a versão elétrica e-2008.

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