Após duas décadas de parceria com a Hyundai, CAOA atinge um milhão de veículos vendidos no Brasil

Representação da marca sul-coreana começou em 1999, após tentativas frustradas de outros grupos, e passou por momentos críticos há poucos anos
Hyundai Santa Fe 2019

Hyundai Santa Fe 2019 | Imagem: Divulgação

O grupo CAOA revelou ter atingido a marca de 1 milhão de veículos da Hyundai vendidos no Brasil nesta semana. As duas empresas são parceiras há mais de 20 anos quando estabeleceram um contrato de representação no país após tentativas frustradas de outros grupos de emplacar os modelos da marca sul-coreana. Desde então, a empresa brasileira transformou a imagem da Hyundai entre o público brasileiro, aproveitando, é claro, a mudança de estratégia da montadora no exterior.

O marco parece corriqueiro, mas basta lembrar do cenário do mercado brasileiro no início dos anos 2000 para entender o quão significativo é o fato. Na época, a Hyundai era uma estranha no ninho de um setor que experimentava uma desorganizada abertura econômica que trouxe várias marcas ao país. A própria CAOA vinha de uma experiência traumática com a Renault, da qual foi importadora e mais tarde dispensada quando os franceses resolveram fincar o pé no Brasil.

Com vendas em baixa por conta da crise cambial, o mercado automotivo não ensejava grandes esperanças e a Hyundai, então apenas uma marca desconhecida que vendia automóveis pouco chamativos, sobrevivia mais pelos utilitários como a van H100. O início da parceria, no entanto, não fazia crer que poderia resultar em sucesso, mas a combinação de uma estratégia agressiva de marketing combinada a uma linha de produtos de melhor qualidade começou a fazer diferença.

Se em 2002, seu modelo mais vendido foi a H100 com quase 1,3 mil emplacamentos, quatro anos mais tarde o SUV Tucson já terminava 2006 com 3.565 unidades vendidas. Apostando em veículos mais equipados e sobretudo em utilitários esportivos, a Hyundai forneceu à CAOA as armas para incomodar as marcas estabelecidas no Brasil e que viviam acomodadas.

Empolgado com a boa receptividade dos carros da Hyundai, o proprietário da CAOA, Carlos Alberto de Oliveira Andrade, decidiu bancar uma fábrica própria em Anápolis, Goiás, para montar o Tucson e o caminhão HR.

Hyundai i30 2012
Hyundai i30 2012
Imagem: Divulgação

Em 2009 foi a vez de lançar um hatch médio, o i30, e causar um estrago enorme no mercado. O modelo conseguiu a proeza de liderar o segmento no ano seguinte, desbancando figurões como o Focus, Golf e Astra. O sedan Azera chegou a fazer frente a alguns modelos médios e bem menos sofisticados, o que gerou protestos de algumas marcas, que acusavam a Hyundai e a CAOA de venderem seus modelos com prejuízo.

Uma sucessão de novos automóveis passou a ser lançada no Brasil com preços competitivos como o Sonata, i30CW e o ix35, sucessor do Tucson, mas que aqui não o tirou de cena. Houve, é claro, alguns vexames como o pseudo-esportivo Veloster, um cupê de três portas e design chamativo mas que veio ao país com um fraco motor 1.6 aspirado que rendeu a ele o apelido de "Lentoster", entre outros.

Tempos atribulados

O começo da década parecia prever o cenário perfeito para a Hyundai e, consequentemente, a CAOA. Mas foi justamente quando a situação da parceria ficou mais abalada. Primeiro porque os sul-coreanos resolveram abrir uma filial no Brasil e lançar uma linha de produtos local, a família HB20. A ideia era ter uma rede própria de concessionárias, mas isso esbarrava no contrato de representação com o parceiro brasileiro. A solução, um tanto surreal, foi estabelecer lojas de importados e outras de modelos nacionais e também permitir que a CAOA os vendesse.

A chegada do HB20 mudou o patamar de vendas da Hyundai no país e fez os números explodirem, mas ao mesmo tempo uma medida do governo Dilma Rousseff acabou jogando os veículos importados no chão. Com o aumento das alíquotas de importação para níveis absurdos (e considerados ilegais pela OMC, a Organização Mundial do Comércio), e posteriormente a implantação do programa Inovar-Auto, os modelos vendidos pela CAOA minguaram.

Hyundai HB20 2020
Hyundai HB20 2020
Imagem: Divulgação

O SUV Santa Fe, um dos veículos mais famosos da marca, caiu de um patamar de 8 mil unidades por ano para menos de mil cinco anos depois. Modelos como o i30, Sonata e Veloster desaparecerem enquanto outros como o Azera e Elantra passaram a ter emplacamentos modestos.

Nesse meio tempo, a CAOA e a Hyundai passaram a se estranhar. Os coreanos pareciam querer o fim do contrato a fim de assumir toda a operação no Brasil enquanto o grupo brasileiro passou a procurar novos parceiros internacionais. De fato, a CAOA acabou assinando um acordo ainda mais amplo com a montadora chinesa Chery, que até então só perdia dinheiro no país. Parecia o fim de um casamento de longa data, mas a substituição do presidente da Hyundai no Brasil por um executivo mais conciliador revertou o processo de desgaste entre as duas empresas. A reaproximação, como se vê, rendeu frutos, mesmo com os vultosos investimentos na CAOA Chery, a sociedade com os chineses.

Difícil afirmar como serão os próximos anos dessa parceria, mas certamente os números comprovam seu sucesso.

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