Do motor às rodas: conheça os tipos de tração de um veículo

Dianteira, traseira, 4x4... entenda como funciona o sistema e as diferenças de cada um
O Subaru Ascent possui tração integral (AWD)

O Subaru Ascent possui tração integral (AWD) | Imagem: Divulgação

Motores podem ter diversas concepções, tamanhos, número de cilindros ou níveis de potência. Porém, a forma como a força gerada chega nas rodas segue o mesmo princípio, independente de quantos cavalos esse motor produz.

Nos carros a combustão, a potência gerada pelo motor não vai diretamente para as rodas. O caminho é um tanto mais longo e passa por uma série de componentes.

Um dos mais importantes é o virabrequim. Localizado na chamada parte baixa do motor, ele é o responsável por transformar o movimento de sobe e desce dos pistões em rotação.

Acoplado na extremidade do virabrequim está o volante do motor, que transmite esse movimento circular para a transmissão, que pode ser manual, automatizada, automática com conversor de torque, CVT ou de dupla embreagem.

A partir daí, cada tipo de transmissão atua de uma forma. Praticamente todas (exceto a grande maioria das caixas do tipo CVT) têm gerenciamento de potência e torque feito por um conjunto de engrenagens.

Essas engrenagens formam as marchas, uma maneira de otimizar a entrega de potência e torque de acordo com a demanda exigida pelo motorista ao pressionar o pedal do acelerador. Afinal, arrancar com o carro de um farol e manter 120 km/h em uma rodovia são situações bastante diversas, e exigem comportamentos diferentes da transmissão.

Ao sair da caixa de câmbio, essa “força” vai em direção às rodas. E aqui surge o conceito de tração, que pode ser dianteira, traseira ou 4x4 (também conhecida como integral).

Potência no motor x potência na roda

Antes de falar dos tipos de tração, vale uma observação. Durante esse trajeto, até 20% da potência do motor pode se perder por causa do atrito das peças.

Você tem todas as perdas que passam pela transmissão, cardã (no caso da tração traseira), homocinéticas e até no contato do pneu com a superfície”, diz Fábio Maggion, supervisor de engenharia da Mitsubishi Motors no Brasil.

Assim, se um motor tem 100 cv na medição em um dinamômetro de bancada, a potência nas rodas pode chegar a “apenas” 80 cv.

E os números informados pelas fabricantes nas fichas técnicas são aqueles aferidos nos dinamômetros de bancada, com o motor instalado fora do veículo.

Os tipos de tração

Agora sim, vamos falar dos tipos de tração. Atualmente, a maior parte dos carros novos tem tração dianteira. Mas nem sempre foi assim.

O primeiro carro de tração dianteira surgiu em 1934, quando a Citroën lançou o Traction Avant, que, na tradução do francês, significa... tração dianteira. Mesmo assim, esse tipo de mecanismo só se popularizou a partir dos anos 1980.

Até então, a “queridinha” do público era a tração traseira.

Acima o Citroën Traction Avant, primeiro automóvel com tração dianteira, lançado em 1934
Acima o Citroën Traction Avant, primeiro automóvel com tração dianteira, lançado em 1934
Imagem: Divulgação

Tração dianteira

As razões para a tração dianteira ter se tornado a mais popular são simples: seu conjunto é menor, mais leve e tem produção mais barata.

A partir da caixa de transmissão, os semieixos fazem o trabalho de levar esse movimento circular até as rodas. Como todos os componentes estão na frente, o “caminho” acaba sendo mais curto.

[A tração dianteira] é bem eficiente em consumo energético, porque a quantidade e o tamanho dos componentes são reduzidos, já que motor e rodas motrizes estão na dianteira”, afirma Maggion.

Além de ser mais eficiente, a tração dianteira ainda deixa o carro com comportamento mais previsível, facilitando a recuperação do controle em caso de abuso do motorista.

A desvantagem é que, como as rodas da frente acumulam as funções de tracionar e direcionar o veículo, o desgaste dos pneus também é maior.

Dependendo da recomendação da fabricante, ainda é preciso realizar o rodízio dos pneus entre os eixos dianteiro e traseiro para equilibrar o desgaste.

Tração traseira

Antes da popularização da tração dianteira, a maior parte dos carros saía de fábrica com tração traseira.

Uma das vantagens da tração traseira é que o motor pode ser posicionado na dianteira, no centro ou na traseira. Porém, a complexidade é maior.

Em um carro com motor dianteiro, mas tração traseira, por exemplo, é necessária a instalação de um eixo cardã logo na saída da transmissão.

O cardã é uma espécie de barra que leva o movimento circular até os semieixos das rodas traseiras. Todo esse aparato acaba roubando espaço no interior do veículo, além de ter a produção mais cara e deixar o carro mais pesado.

Maggion ainda explica que, em modelos de maior performance, veículos de tração traseira tendem a ser mais equilibrados.“Em uma curva, por exemplo, os pneus traseiros são usados para tracionar e manter o carro na trajetória, e não esterçar. Já na tração dianteira, todas as responsabilidades do pneu ficam na dianteira”.

Tração integral

Esse é o mais complexo dos sistemas de tração. A tração integral é mais utilizada em veículos que precisam encarar terrenos acidentados ou com menos aderência.

Para começar, ela pode ser de dois tipos: permanente, também conhecida como AWD ou 4WD, ou sob demanda, chamada de 4x4.

Como o nome já adianta, a tração integral permanente é aquela em que todas as rodas tracionam o veículo o tempo todo. Na segunda, existe a possibilidade de desacoplar a tração em um dos eixos.

Nos sistemas mais modernos e inteligentes, a eletrônica é capaz de detectar a perda de aderência em um eixo (ou mesmo em uma roda específica) e transferir a força da roda que está girando em falso para aquela que está em contato com o solo.

Porém, o engenheiro da Mitsubishi aponta algumas desvantagens dos sistemas de tração 4x4. “Quando se roda com tração integral sem necessidade, o consumo de combustível e os níveis de ruído e vibração são maiores”.

Elétricos e híbridos

A evolução dos veículos elétricos e híbridos pode representar uma mudança na forma de tracionar um carro.

Existem diversos modelos que se valem de mais de um motor para conseguir tração integral.

Nesses carros, há eficiência, velocidade de atuação do sistema e precisão muito maiores e mais refinados do que em carros com sistema de tração convencional, mecânico”, diz Maggion.

Um exemplo é um híbrido que combina um motor a combustão para empurrar as rodas dianteiras e outro elétrico instalado na traseira, responsável por tracionar as rodas daquele eixo.

Mesmo modelos totalmente elétricos já utilizam essa estratégia. É o caso do Audi e-tron S Sportback, que tem um motor elétrico na frente e outros dois atrás. Assim, ele consegue entregar mais de 100 kgfm de torque com uma tração integral.

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