Mesmo com fim de imposto, vendas de carros importados não decolam

Alta da cotação do dólar anulou benefício do fim do IPI extra do programa Inovar Auto, diz Abeifa
Kia Sportage 2019

Kia Sportage 2019 | Imagem: Divulgação

O “bicho papão” da Anfavea não passou de história da carochinha em 2018. A associação das fabricantes de veículos sempre demonizou a importação de automóveis como possível causa da destruição da indústria automobilística no Brasil (embora todas as montadoras sejam estrangeiras e enviem remessas de lucros para o exterior).

Por essa razão a associação viu com bons olhos a instituição da “multa” de 30 pontos percentuais de IPI para marcas que resolvessem importar veículos sem ter uma fábrica no país. A regra, no entanto, foi julgada ilegal pela OMC, a Organização Mundial do Comércio, e eliminada com o fim do Inovar Auto, o programa de incentivo à indústria criado pelo governo da ex-presidente Dilma Rousseff.

Mas na prática o fim do imposto extra não transformou o Brasil no paraíso dos carros importados, como se pregava. Em 2018, apenas 304 mil veículos emplacados no país vieram do exterior, ou 12,3% do total. O crescimento em pontos percentuais foi de parcos 1,3% em relação a 2017.

A ironia é que a 87% desse volume foi importado, quem diria, pelos próprios associados da Anfavea. Mas, afinal, por que os veículos produzidos no exterior não voltaram com força no ano passado?

Para a Abeifa, associação que reúne as marcas importadoras e também algumas com linha de montagem no Brasil, a razão está no câmbio: “o aumento do dólar na casa de 21% anulou o benefício do fim do IPI extra”, explicou José Luiz Gandini, presidente da associação.

Segundo a entidade, a moeda americana saltou de R$ 3,21 para R$ 3,88, aumentando os custos para importar os veículos. Por essa razão, a Abeifa viu sua previsão de 40 mil unidades em 2018 ser frustrada, com um número cerca de 10% menor – 37,5 mil veículos.

 

Chery Tiggo 8 2019
A CAOA Chery é uma das associadas da Abeifa que promete crescer bastante em 2019
Imagem: Divulgação

 

Para 2019, as incertezas de um governo em início de mandato fizeram a associação imaginar uma venda total de 50 mil veículos importados além de 55 mil produzidos no Brasil pelas suas associadas. A projeção para o mercado brasileiro como um todo é de 2,75 milhões de veículos, segundo ela.

Longe do melhor momento

O ano do “terror” para a Anfavea foi 2011 quando a então “importadora” Hyundai vendeu 115 mil carros e os associados da Abeifa trouxeram outros 200 mil carros do exterior. Os grandes responsáveis para esse número foram a Kia, com 77 mil emplacamentos, e a chinesa JAC, que estreava naquele ano e conseguiu o feito de vender mais de 23 mil automóveis em cerca de nove meses.

O temor da “velha guarda” da indústria era de que esses veículos, com valores bem mais competitivos, pudessem esvaziar a produção local e causar prejuízos e desemprego. Mas é fato que a cotação do dólar na época era praticamente irreal: apenas R$ 1,76, o que fazia qualquer veículo montado no exterior uma pechincha com o real valorizado.

De lá para cá a moeda brasileira perdeu força e com ela a vantagem de importar produtos. Ou seja, no fim o “tsunami” dos carros importados não passou de “marolinha”, o que deve continuar assim por bastante tempo.

Volvo XC40 2019
A Volvo quase dobrou suas vendas no Brasil no ano passado
Imagem: Divulgação

Ricardo Meier

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