Quando o veículo é maior que a marca

Para algumas montadoras, apenas um modelo responde pela maior parte de suas vendas, uma situação um tanto perigosa

Volvo XC60 | Imagem: Divulgação

O "cálice sagrado" das montadoras é conseguir que um cliente seja fiel a marca, migrando de modelo para modelo conforme progride na vida. Para algumas delas, como as alemãs Audi, BMW e Mercedes, isso é possível já que seu portfólio é vasto e compreende de compactos de R$ 100 mil a luxuosos sedãs de mais de R$ 500 mil.

Já para outras presente no Brasil, a vida se resume a depender de apenas um veículo. É o caso da Volvo. A marca tem nada menos que 72% das suas vendas concentradas no XC60, um crossover de sucesso por aqui, que já emplacou 546 unidades em 2012.

Além dele, existe agora o sedã S60 e os modelos C30 e XC90, ambos já próximos do fim de seu ciclo de vida. A marca, que passou das mãos da Ford para as da chinesa Geely, promete mudar esse panorama nos próximos anos com várias novidades, segundo comentou o presidente da empresa para o Brasil durante o Salão de Genebra.

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Outra marca que passou a viver essa situação é a Land Rover. Se até o ano passado os jipões da marca inglesa tinham vendas relativamente equilibradas - com destaque para o Freelander e para o Discovery -, a chegada do Evoque mudou tudo. Primeiro crossover criado por ela, o veículo caiu no gosto do público e já responde por dois terços de seus emplacamentos este ano.

Show-room vazio

Se os dois exemplos acima se justificam pelo fato dessas marcas serem mais restritas, entre as montadoras chinesas é questão de tempo para que isso mude. Por ora, no entanto, Chery e JAC dependem de seus modelos mais baratos para vender bem por aqui. A primeira tem 52% das vendas concentradas no QQ, um hatch acessível com preço na casa dos R$ 25.000. Já a segunda vê no J3 metade das suas vendas em nosso mercado. Mas ambas já planejam o lançamento de mais veículos nos próximos, inclusive, produtos feitos no Brasil.

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A situação mais curiosa é vivida pela Toyota. Maior montadora do mundo até 2011, a fabricante japonesa vive das vendas o sedã Corolla no Brasil. Em 2012, o famoso automóvel tem uma participação de nada menos que 57% em seu mix de vendas. O motivo é que a marca hoje tem um show-room esvaziado no país, composto apenas da picape Hilux e de sua irmã SW4, do SUV RAV4 e do recém-lançado Camry, além do Corolla, é claro.

A Toyota promete corrigir isso a partir do 2º semestre quando lançará novos modelos como o híbrido Prius e o compacto nacional Etios, além de ter na manga outros produtos para deixar de vez de ser apenas a montadora do Corolla.

No contraponto

A Mini é um exemplo de fabricante que tinha apenas um produto na gama e que sentiu a necessidade de crescer e aumentar a família. Desde que a versão moderna do Cooper surgiu em 2001, o modelo ficou como o único carro da marca durante quatro anos. Hoje a montadora tem um portfólio diversificado, que conta com conversível, cupê, perua e até crossover, e embora o hatch continue como o seu carro chefe, o mix de vendas é bem mais equilibrado.