Na carona dos carros, pneus ganham tecnologia e mais eficiência

Nova linha de produtos inclui pneus especiais para SUVs, maior durabilidade e frenagens em distâncias menores

Pneu LTX Force, da Michelin: frenagem dois metros antes que os rivais | Imagem: Michelin

Num evento há alguns anos, um diretor de marketing de uma marca de pneus, vindo do setor alimentício, definiu o produto que tinha nas mãos: “um círculo preto com um buraco no meio”. O executivo lamentava a dificuldade em diferenciar seu produto de outros mais baratos e ruins. Basicamente, não há muito o que fazer, mas parece que essa situação está mudando.

Embora o pneu continue a ser um componente idêntico aos mais antigos, novas tecnologias e compostos têm permitido incrementar a eficiência, durabilidade e segurança nos novos compostos.

A Michelin, por exemplo, lançou na semana passada uma nova família de pneus voltados para utilitários esportivos, segmento em alta no Brasil. Batizado de LTX Force, o pneu aproveita a experiência da empresa francesa com competições como o rali Dakar e o campeonato mundial de rali, o WRC.

Meio carro a menos

Entre os diferenciais do modelo estão a maior durabilidade, o melhor desempenho em frenagens e menor possibilidade de aquaplanagem, uma das condições mais perigosas que encontramos nas ruas.
Segundo a Michelin, o LTX Force dura cerca de 35% mais tempo que seus rivais diretos, também de uso misto – quando o pneu pode andar com desenvoltura tanto no asfalto quanto na terra.

Mas é na segurança que o novo produto da empresa impressionou nas demonstrações em que o AUTOO presenciou. Num teste em que estivemos a bordo do carro, o pneu foi comparado a um concorrente numa situação de aquaplanagem, quando o motorista vira praticamente um passageiro. 

Isso pode ocorrer por uma questão um tanto simples: pressão do pneu vs. pressão da lâmina de água. Quando esta última é maior, dá-se a aquaplanagem já que a água consegue deformar o pneu a ponto dele perder o contato com o piso. Para evitar o fenômeno, é preciso não só mais pressão como também uma banda de rodagem mais eficiente capaz de armazenar mais água nos sulcos longitudinais e expelir esse excesso com mais rapidez.

No teste com os dois pneus, o produto da Michelin conseguiu atravessar com segurança um trecho molhado a 85 km/h enquanto seu concorrente fez o carro sair de controle por cerca de 10 metros (após isso havia um trecho seco que permitiu a recuperação do carro).

Mas a dimensão mais significativa que mostra como é possível avançar num composto de borracha foi no teste de frenagem. O pneu da Michelin conseguiu frear mais de 2 metros antes que o concorrente. É praticamente metade de um carro de passeio, o que, em teoria, significaria evitar um choque ou, no caso do rival, uma batida grave. Realmente, o pneu não é apenas um círculo com um buraco no meio.