O que acontece com os carros 7 lugares no Brasil?

Aquela velha pergunta feita por uma marca questionando se os seus biscoitos vendiam mais porque eram fresquinhos ou eram fresquinhos porque vendiam mais hoje se aplica ao segmento de carros 7 lugares no Brasil. Pelo visto ninguém consegue explicar se os modelos com três fileiras de assentos não proliferam aqui no Brasil por falta de procura ou não são muito desejados já que a oferta é pequena.

Sobretudo quem tem até R$ 100.000 para comprar o próximo automóvel e considera um modelo 7 lugares, você praticamente ficará na mão de duas opções: a minivan Chevrolet Spin ou o Fiat Doblò.

Uma das poucas minivans que restaram no mercado após a ascensão dos SUVs, a Spin traz em sua versão LTZ a opção dos 7 lugares. Hoje o modelo é tabelado em R$ 72.490 e é a única opção automática nesse cenário de automóveis 7 lugares até R$ 100.000. A Spin LTZ traz um bom pacote de equipamentos, contemplando ar-condicionado, direção com assistência elétrica, central multimídia, dentre outros. Ela deve um motor mais moderno que seu atual 1.8 flex, mas ao menos tem o preço mais acessível para quem busca hoje um carro 7 lugares.

Quem exagera um pouco no preço é a Fiat, uma das consequências da falta de concorrência. Hoje um Doblò Essence 7 lugares é tabelado em exorbitantes R$ 85.490 sem oferecer muita coisa para justificar esse preço tão elevado. Em relação ao próprio Spin LTZ, o Doblò Essence 7 lugares não conta com câmbio automático e não traz sequer central multimídia. É fato que o Doblò graças a seu estilo quadradão oferece um aproveitamento e nível de espaço singulares, mas o preço de exatos R$ 13.000 acima do cobrado na Spin LTZ é assustadoramente alto.

E se enganam aqueles que acham que não existe demanda para carros 7 lugares no Brasil, uma vez que a versão mais procurada do Doblò atualmente é a sua configuração Essence 7 lugares. O mesmo podemos dizer da Spin, onde a opção LTZ, já com seus 7 lugares de série, responde por cerca de 40% das vendas. 

Hoje em dia a situação muda um pouco para quem conta com o orçamento um pouco mais folgado.

A Citroën importa ao Brasil seu excelente Grand C4 Picasso, que chega às lojas por R$ 131.400 na versão Seduction e pode atingir até R$ 142.000 na topo de linha Intensive. Além dos 7 lugares, o Grand C4 Picasso em sua versão mais cara ainda conta com recursos como painel de instrumentos digital, central multimídia, teto panorâmico, dentre outros. O Grand C4 Picasso é beneficiado pelo bom motor 1.6 THP. Com turbo e injeção direta, ele se destaca sobretudo pelo torque de 24,5 kgfm, um nível de força muito bom sobretudo quando você andar com o monovolume carregado.

Para quem quer o melhor em conforto e tecnologia, o Grand C4 Picasso ainda conta com um opcional muito interessante, o “Pack Luxe”. Ele custa caro, no caso R$ 25.400, mas traz para o modelo recursos como o farol alto com comutação automática, alerta de ponto cego, aviso de saída de faixa, a conveniência do assistente de estacionamento e diferenciais como os bancos dianteiros com aquecimento e massagem, apoio para pernas do passageiro dianteiro, dentre outros.

No caso da gama Citroën, a procura pelo Grand C4 Picasso regula com o C4 Picasso, com uma pequena vantagem para a opção com 5 lugares.

A Peugeot, como já está confirmado, é outra marca que vai investir no segmento de carros 7 lugares com a importação do 5008 ainda neste ano. O modelo também trará uma proposta mais arrojada como o Citroën Grand C4 Picasso, porém com uma das carrocerias mais desejadas do momento, no caso a de um SUV. O Peugeot 5008 também vai apostar na modularidade de seus assentos como um atributo importante, já que a terceira fileira de assentos é composta por bancos individuais, o que garante mais conforto, e podem ser acomodados no assoalho do porta-malas ou retirados do carro quando não utilizados. O 5008 também utilizará o mesmo motor 1.6 THP presente no Citroën Grand C4 Picasso e no próprio Peugeot 3008.

De qualquer forma, para quem precisa mesmo de espaço, tem a família muito grande, ou trabalha com transporte executivo, a Kia tem em sua gama uma excelente opção, só que você precisa preparar o bolso. É possível comprar aqui no Brasil a Grand Carnival, van grande com capacidade para até 8 passageiros com conforto. Ela é tabelada em R$ 259.990 e conta com um bom 3.3 V6 sob o capô para você ter sempre uma reserva de potência e torque em seus deslocamentos, além de um pacote muito completo, com airbags frontais, laterais e de cortina, alerta de ponto cego, central multimídia com navegador, câmera de ré e tela de 8”, abertura elétrica da tampa do porta-malas e das portas laterais corrediças, dentre outros.

Claro que, pelo preço, a procura do Grand Carnival é pequena por aqui, mas 15 unidades da van grande foram vendidas por aqui em janeiro, o que não deixa de ser um bom resultado para um modelo de nicho tão específico.

Entre os SUVs a situação melhora muito e você consegue encontrar opções sobretudo nos segmentos de médio e grande porte, como o Toyota SW4 com preços de R$ 166.470 na configuração SR flex até R$ 248.400 na topo de linha SRX diesel 4x4. Uma pedida interessante é o Land Rover Discovery Sport, que é montado no Brasil e pode receber 7 lugares com um pacote opcional. Ele custa entre R$ 224.700 (SE gasolina) e R$ 289.900 (HSE diesel), todos sempre com tração integral.

É interessante destacar que a partir deste ano as opções de veículos 7 lugares devem aumentar no Brasil, já que, além do Peugeot 5008, o novo Volkswagen Tiguan vai chegar ao país a partir de março com sua inédita configuração de três fileiras de assentos. A Honda também não discarta a possibilidade de importar o CR-V em sua nova geração também com a opção de 7 assentos.

Claro que esses SUVs custarão acima de R$ 100.000 e pouco resolvem a questão do patamar de entrada do mercado, porém, com mais modelos chegando e a aceitação melhorando, pode ser um incentivo para que as marcas possam rever seu posicionamento envolvendo carros mais acessível e capazes de acomodar três fileiras de assentos. O mercado e uma boa fatia de consumidores terá muito a agradecer.