Primeiro carro 100% pernambucano da Fiat pode chegar em 5 anos

FCA abre centro de desenvolvimento na região metropolitana do Recife em busca de projeto completamente nacional

Stefan Ketter, presidente da FCA na América Latina | Imagem: Divulgação

A cena aconteceu há pouco mais de um ano quando a FCA, holding que controla as fabricantes Fiat e Chrysler (e suas marcas), debutou na Bolsa de Valores de Nova York. Sergio Marchionne, o CEO do grupo, surgiu à frente do famoso prédio em Wall Street em meio aos modelos da recém criada empresa. Atrás dele, três bandeiras estendidas: a americana, a italiana e a brasileira.

Na época, a deferência ao Brasil soou mais como o reconhecimento da importância do nosso país para a Fiat, onde lidera há vários anos e é seu maior mercado mundial, superando até mesmo a Itália.

Mas a ‘homenagem’ era mais que isso, como ficou claro nesta quarta-feira (2) quando a FCA inaugurou oficialmente seu centro de desenvolvimento de softwares de motores e transmissão em Recife.

“Sempre foi um desejo da FCA investir no Brasil”, reconheceu Stefan Ketter, o novo presidente da empresa na América Latina, que assumiu há algumas semanas o lugar de Cledorvino Belini. “O mercado brasileiro é um dos mais importantes para o grupo e pretendemos ampliar essa atuação a ponto de tornar a região numa plataforma de exportação”, completou.

Carro 100% local

O novo centro é apenas parte de um complexo tecnológico que inclui também um campo de provas, laboratórios de testes e uma unidade de desenvolvimento de veículos e motores, todos instalados na região metropolitana de Recife e também em Goiana, onde está a mais nova fábrica do grupo FCA.

Segundo Ketter, em 2016 esses núcleos começarão a contribuir para que a FCA possa desenvolver produtos mais modernos e eficientes não apenas para a região, mas também participar de projetos mundiais.

O centro de desenvolvimento de software, inaugurado hoje, foi aberto justamente no Porto Digital, uma área recuperada de Recife onde foi instalado um parque tecnológico voltado para start-ups. O objetivo do grupo é assumir a responsabilidade e o conhecimento nesse segmento, hoje nas mãos de fornecedores.

Quando estiver a pleno vapor, o braço pernambucano da FCA será capaz de desenvolver um projeto completo de veículo, desde os primeiros traços de estilo até a produção de motores e transmissões mais avançadas. “Queremos ter produtos mais eficientes e avançados, além de agradáveis de dirigir”, explicou o novo CEO da FCA na América Latina.

Se tudo correr bem, esse produto 100% pernambucano pode sair da linha de montagem de Goiana daqui a cinco anos, tempo necessário para um projeto ter seu desenvolvimento iniciado. Mas antes disso, Recife e cercanias já estarão contribuindo a ponto de justificar a presença da bandeira hasteada em Wall Street.