Salão 2018 retoma parte do público, mas perde marcas

Maior evento do gênero no Brasil terminou com uma pequena recuperação em visitantes, porém, sofreu a ausência de fabricantes importantes que já não veem tanto valor no evento
Salão do Automóvel 2018: mais público, menos marcas

Salão do Automóvel 2018: mais público, menos marcas | Imagem: Divulgação

O Salão do Automóvel 2018 se encerrou neste domingo, 18, com um público de 742 mil visitantes, crescimento de quase 4% em relação à edição de 2016, mas inferior a 2014 quando mais de 756 mil pessoas passaram pelo Anhembi, última edição realizada no espaço de exposição na Zona Norte de São Paulo – agora o evento ocorre no mais moderno São Paulo Expo, na Zona Sul da cidade.

A organização do evento ressaltou os números grandiosos desta edição que contou com “66 modelos lançados”, milhares de test-drives e eventos paralelos como a “Arena New Mobility” e o foco em veículos elétricos, cujo mercado no Brasil é ainda incipiente.

A realidade, no entanto, não tão “eletrizante” assim. O salão teve perdas significativas em número de marcas expostas: se foram 34 em 2016 neste ano apenas 29 marcas expuseram seus veículos no pavilhão da São Paulo Expo. Se JAC e Volvo já haviam se ausentado da edição anterior, Jaguar Land Rover e Peugeot-Citroën foram surpresas amargas em 2018.

Em comum, todas elas possuem modelos novos e que poderiam ter encontrado no salão uma vitrine interessante, porém, preferiram focar em outras ações. A decisão tem sido comum em várias montadoras mundo afora que já não enxergam os salões como um ambiente eficiente para ações de contato com seu público.

“A Jaguar Land Rover não participou do Salão do Automóvel de São Paulo em 2018 para focar seus investimentos em atividades que proporcionam experiências que marcam nossos clientes para toda a vida, como o Art of Performance Tour da Jaguar e o Above & Beyond Tour da Land Rover. Esse é um feedback dos clientes e das pessoas que já participaram de eventos de experiência nossa, então ouvimos esse recado e aumentamos o número de atividades com esse enfoque”, explicou a JLR, holding que controla as duas marcas britânicas, ao Autoo.

É uma postura semelhante a da PSA que inclusive poderia ter exposto o longamente aguardado C4 Cactus no salão mas optou por não participar pela primeira vez desde que se instalou no país. “O Groupe PSA decidiu que suas marcas não estarão presentes na edição deste ano do Salão do Automóvel de São Paulo. Em 2018, a Peugeot e a Citroën do Brasil continuarão utilizando diversas outras plataformas e canais de comunicação para apresentação de seus produtos e relacionamento com seus consumidores”, comentou a empresa.

No caso da JAC Motors, marca representada pelo grupo SHC, a ausência já era esperada. “A JAC Motors tomou a iniciativa de não participar do Salão do Automóvel de 2016, compreendendo, à época, que o consumidor brasileiro já possuía inúmeras formas de travar conhecimento com novos produtos, dentre as quais as mídias digitais, por exemplo. Além disso, o valor institucional concedido pela presença no evento não justificava os altos investimentos. Não nos arrependemos, tanto que fizemos uma pesquisa com participantes do evento in loco e tivemos um largo índice de recall da marca, mesmo sem nossa efetiva participação. Também não participamos na edição deste ano pelos mesmos motivos”, esclareceu a marca.

Fenômeno mundial

O desinteresse de alguns fabricantes pelo salão paulistano não se trata de um ato isolado. Em outros países, os salões têm perdido prestígio nos últimos tempos. A edição de 2019 do Salão de Buenos Aires, por exemplo, foi cancelada diante da situação econômica argentina e da falta de interessados no evento, que lutava para manter uma dobradinha com São Paulo após ter sido suspenso por vários anos.

Entre as montadoras, a Volvo, que passa por uma grande expansão nas vendas nos últimos anos, decidiu não estar presente nos tradicionais salões de Detroit e Genebra em 2019.

“É uma tendência natural que as marcas passem a escolher quando e em quais salões participar. Veja o caso da Volkswagen, que se ausentou do Salão de Paris, mas teve uma participação importante no Salão de São Paulo”, comentou para o Autoo um executivo de uma grande montadora que não quis se identificar.

A grande questão a respeito dos salões está nos resultados que eles proporcionam às montadoras. Trata-se de um ambiente impressionante de contato com as marcas, seus produtos e valores, mas não se sabe até que ponto essa experiência se converte em vendas.

Comic Con

Não é à toa que uma das novidades da edição 2016 acabou ampliada este ano, o test-drive. Embora restritos a um espaço relativamente pequeno, eles tornaram a ida ao evento mais produtiva à medida que o público pode avaliar in loco um produto que lhe interessa. O problema reside no fato de que as grandes novidades nem sempre estão disponíveis no salão. Em vez disso, neste ano o que se viu foram veículos de apelo para fãs de carros, mas não próximos dos consumidores.

Há bastante tempo a indústria automobilística se descolou do calendário do evento. Isso somado ao fato de que um lançamento requer uma estratégia para que sua chegada ao mercado seja feita no melhor momento acaba fazendo com que muitas marcas escondam o jogo na época do salão.

Pegue-se o caso da Chevrolet, marca mais vendida do Brasil. Seus dois modelos mais populares, o Onix e o Prisma, já rodam em testes finais no país, mas não se viu nem sinal de um deles na São Paulo Expo. Nem uma prévia como fez a Hyundai com o conceito SAGA EV, uma antevisão do próximo HB20. Mas mesmo os coreanos esconderam bem o formato final do carro para não estragar a surpresa em 2019.

Talvez o futuro dos salões automotivos esteja num formato mais interativo e diversificado como o de eventos como a Comic Con. No encontro de fãs de cinema, quadrinhos e artes em geral, os fãs gastam fortunas para ter acesso a experiências mais intensas. Além do tradicional estande aberto (e nem sempre com os carros acessíveis) um ambiente mais imersivo poderia tornar a visita mais marcante e também interessante para os fabricantes de carros.

Seja como for, os próximos salões certamente precisarão se reinventar cada vez mais para que não se tornem uma lembrança do passado. 

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