''A grande falácia é que o carro elétrico tem emissão zero'', diz especialista sobre o tema

Em artigo de opinião, executivo discorre sobre o assunto polêmico
A partir de 2040, só modelos elétricos na França

A partir de 2040, só modelos elétricos na França | Imagem: Divulgação

Em um interessante artigo de opinião intitulado “Ciclo Poço-à-Roda (Well-to-Wheel) Emissão zero? Não é bem assim!”, o CPO da Bright Consulting, Murilo Briganti, analisa a importância de se levar em conta todo o ciclo de obtenção dos combustíveis ou da energia elétrica em determinada região ao abordarmos a questão das emissões no universo veicular. 

Segundo Briganti, “a grande falácia que permeia o setor automotivo no atual momento é que o carro elétrico tem emissão zero. Esse argumento se torna inválido quando passamos a analisar as emissões do poço-à-roda e não mais somente do escapamento considerando-se que 75% da matriz elétrica global é composta por fontes não renováveis”. 

De acordo com dados reunidos pela Bright Consulting, empresa especializada em análises do setor automotivo, levando-se em conta que a atual matriz elétrica brasileira emite 36 gCO2/MJ, as emissões de um veículo elétrico adotando-se o padrão do poço-à-roda chegam a ser, aproximadamente, 5 vezes menores em relação a um automóvel convencional. 

Entretanto, acrescenta o estudo, se levarmos em conta um veículo bicombustível abastecido somente com etanol, a vantagem do carro elétrico diminui para cerca de duas vezes. Já em um híbrido flex rodando com o combustível de origem vegetal, a relação cai para apenas 1,7 vez. 

Ou seja, o Brasil dispõe do etanol e do veículo híbrido flex que oferecem uma rota local pronta e madura, além de uma grande vantagem competitiva como solução de curto e médio prazos para a mobilidade eficiente e sustentável, a custos e investimento acessíveis”, explica o executivo da Bright Consulting. 

Não por acaso, diversas fabricantes, como a Volkswagen, Nissan e a Stellantis, estão desenvolvendo estudos e projetos no Brasil para incentivar o uso do etanol de forma mais eficiente em seus veículos. 

A Toyota largou na frente e, desde 2019, comercializa e produz por aqui o primeiro automóvel híbrido flex do mundo, no caso o Corolla em sua 12ª geração. Atualmente, o sedã eletrificado parte de R$ 182.090 na maior parte do território nacional na versão Altis Hybrid. 

Toyota Corolla Cross 2022
Detalhe do conjunto propulsor híbrido flex presente na gama Corolla e Corolla Cross produzidos no Brasil
Imagem: Divulgação

Outro ponto a se atentar é o fato de que a ‘baterização’ imediata da frota pode fazer sentido para um país com grande poderio econômico e que corre para substituir uma matriz elétrica suja altamente dependente do carvão, por exemplo. 

Já para o Brasil, o carro elétrico ainda não é – e nem será no curto e médio prazos – a melhor alternativa para todas as utilizações e segmentos de mercado, principalmente pelos requisitos de investimento em infraestrutura de abastecimento cujos recursos o país não tem”, acrescenta Briganti em seu texto. 

Uma vantagem competitiva para o Brasil e as fabricantes instaladas no país reside exatamente no domínio de tecnologias envolvendo biocombustíveis, que, como notamos, podem funcionar como alternativas aos conceitos importados de eletrificação, relata Briganti. 

O Brasil tem muito mais a ganhar se realizar a migração dos motores de combustão interna para a hibridização combinada com etanol até a futura bioeletrificação via célula de combustível. 

Como já dissemos reiteradamente, com certeza, o futuro é elétrico, mas devemos nos atentar não só para a competitividade futura da nossa indústria no país, como também, às conjunturas política, social, ambiental e econômica. 

Nosso país poderá, sim, ser um polo exportador da tecnologia de bioeletrificação para mercados em desenvolvimento e de baixa renda, e que terão por muito tempo ainda os veículos a combustão presentes em seu dia a dia”, finaliza o executivo.  

Detalhe do Toyota Corolla, sedã produzido em Indaiatuba (SP) e primeiro híbrido flex do mundo
Detalhe do Toyota Corolla, sedã produzido em Indaiatuba (SP) e primeiro híbrido flex do mundo
Imagem: Divulgação

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