Carro elétrico importado está com os dias contados no Brasil?

Governo deve acabar com a isenção de imposto de importação para veículos elétricos e anunciar nova fase do Programa Rota 2030
Estações e recarga no Brasil seguem em expansão. Hoje em dia são cerca de 3.200, segundo dados da ABVE

Estações e recarga no Brasil seguem em expansão. Hoje em dia são cerca de 3.200, segundo dados da ABVE | Imagem: Reprodução

As próximas semanas prometem mudanças importantes no já conturbado setor automotivo no Brasil. Isso porque, até o fim do mês, deverá ser anunciada a nova fase do Programa Rota 2030, que passará a se chamar "Mobilidade Verde e cujas medidas deverão entrar em vigor em novembro, segundo fontes do mercado.

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Uma das principais novidades do "Mobilidade Verde" é que a medição das emissões  passará a considerar do poço à roda, pegando todas as etapas do ciclo do uso do combustível e não mais do tanque à roda, como é atualmente. A alteração favorece os veículos flex, que podem ser abastecidos com etanol, combustível com parte de suas emissões compensadas durante sua produção.

Segundo  a ANFAVEA (Associação  Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), as mudanças introduzidas no "Mobilidade Verde" terão como foco a melhoria da eficiência energética dos veículos e o aumento da segurança.

Junto com essa nova fase do Rota 2030, existe a expectativa do fim do imposto de importação para veículos elétricos, conforme entrevista do secretário secretário de Desenvolvimento Industrial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Uallace Moreira, à agência Reuters, na semana passada. Segundo ele, em breve, a taxação deverá subir gradualmente ao longo de três anos até atingir uma alíquota de 35% para estimular a produção local de carros com "tecnologia verde".

Um terceiro ponto que também está ligado a esses dois outros temas é o estudo da consultoria Bright Consunting que mostra que as fabricantes consideradas "premim" que focaram  suas vendas em modelos apenas a combustão perderam participação nas vendas,  o que demonstra que esse é um mercado altamente ligado à vanguarda da tecnologia. Ou seja, o consumidor tem buscado cada vez mais modelos eletrificados, tanto que as vendas mensais desse tipo de veículo se aproxima das 10 mil unidades mensais.

Claro que esse aumento nas vendas também se deve à entrada de modelos elétricos importados, em boa parte chineses, que não pagam imposto de importação atualmente. E que esses modelos estão chegando em uma faixa de preço compatível com rivais a combustão fabricados no Brasil hoje em dia.  

Eletrificados fabricados no Brasil

BYD Dolphin 2024
BYD Dolphin deverá ser fabricado no Brasil a partir de 2025 e tem feito bastante sucesso no mercado brasileiro, trazido da China
Imagem: Divulgação

Entre os chineses, BYD e Great Wall Motors já anunciaram que vão fabricar veículos no Brasil. A primeira deverá iniciar suas operações apenas a partir de 2025 e a outra já anunciou que vai começar a fabricar a picape híbrida flex Poer, em maio de 2024.  Temos também a CAOA Chery, que já produz no Brasil e também investirá no aumento de volume de fabricação dos seus SUVs híbridos.

Dentro desse contexto, a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), defende que a tributação retorne apenas a partir de 2025, e ao longo de cinco anos, quando a projeção é que a participação de mercado dos plugins, entre os mais populares na categoria de eletrificados nos mercados desenvolvidos, deve atingir 5%. Hoje está em 1,7%, segundo os dados da entidade, patamar que considera ainda baixo para estimular a produção local.

Conforme o presidente da ABVE, Ricardo Bastos, quando a penetração dos veículos plugins atingir 5% a 6% do total de vendas de novos, os consumidores já estarão mais familiarizados com a tecnologia e a infraestrutura de recarregamento estará mais disseminada.

Entre as fabricantes que estão instaladas no Brasil há décadas, também há planos de fabricar eletrificados no país, mas não estão tão adiantados como os das marcas chinesas.  A Stellantis já disse que vai começar seu primeiro hibrido a partir de 2024. A Volkswagen chegou a dizer no Salão de Munique (Alemanha) que pretende fabricar um carro 100% elétrico no Brasil, a partir de 2026, mas sem dar mais detalhes.

A GM também comentou que quer fabricar elétricos no Brasil, mas isso deverá acontecer apenas a partir de 2030.  A Toyota já produz híbridos flex e vai continuar lançando mais modelos do gênero, como o Yaris Cross, em 2024. E não há nos horizontes da Renault, pelo menos por enquanto, a fabricação de elétricos no Brasil. Terá híbridos flex, como já chegou a confirmar, mas isso também inclui a categoria híbrido leve, menos eficiente que o completo e o plug-in.

Portanto, espera-se que os consumidores que buscam carros eletrificados, econômicos e que emitem quase nada de emissões de poluentes não sejam tão prejudicados desta vez quanto foram em 2012, quando foi criado o famoso "Super IPI", que interrompeu investimentos e prejudicou competitividade.

O principal objetivo deve ser a descarbonização e a melhoria da eficiência dos modelos vendidos e fabricados no Brasil, mas em um ambiente que tenha previsibilidade e em que as fabricantes consigam competir entre si em igualdade de condições. 

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Estações e recarga no Brasil seguem em expansão. Hoje em dia são cerca de 3.200, segundo dados da ABVE

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