Ricardo Meier

Comenta o mercado de vendas de automóveis e tendências sustentáveis

Carros chineses já 'invadiram' o Brasil? Números mostram que não

Boas vendas da BYD e GWM acabaram anuladas pela queda nos emplacamentos da CAOA Chery, mas panorama deve mudar nos próximos meses

A profecia já vem sendo espalhada há tempos: primeiro foram os japoneses, depois os sul-coreanos e agora chegou a vez de os carros chineses invadirem o Brasil.

De fato, as marcas de automóveis da China nunca estiveram numa situação tão propícia para cair no gosto do público brasileiro, mas esse momento ainda não ocorreu.

Após uma estreia atrapalhada a partir de 2009, as montadoras chinesas perderam o rumo com o aumento dos impostos para importação e acabaram errando na mão ao apostar em fábricas no país.

A redenção veio com a entrada do grupo brasileiro CAOA, que assumiu a operação da Chery em 2017, primeira montadora chinesa a lançar um veículo de passeio no Brasil.

Nas mãos da CAOA, a Chery viu suas vendas saltarem para quase 40 mil unidades em 2021, desbancando marcas consagradas como Ford, Peugeot, Citroën e Mitsubishi.

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Mas este ano, a fabricante não tem conseguido repetir o mesmo sucesso e terminou o primeiro semestre com apenas 10,6 mil veículos vendidos.

Marca e ano 2018 2019 2020 2021 2022 2023
CAOA Chery 8.572 20.305 20.083 39.680 35.306 10.604
Haval           2.162
BYD 46 8 20 135 260 1.703
JAC 3.882 2.027 802 930 1.237 395
Lifan 2.312 229 35 10    
Total 14.812 22.569 20.940 40.755 36.803 14.864
Participação no mercado 0,6% 0,8% 1,1% 2,1% 1,9% 1,6%

Fonte: Denatran

É justamente essa queda que fez a participação das marcas chinesas cair em vez de subir. Se em 2021, elas tinham pouco mais de 2% do mercado de novos, neste ano elas representam 1,6%.

Mérito da boa estreia da BYD e da GWM, que já beiram os 4 mil veículos emplacados em 2023, compensando também a constante queda da JAC Motors, outra marca pioneira no país e que já viu tempos bem melhores.

BYD Dolphin 2024
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Imagem: Divulgação

Investimento pesado no Brasil

Apesar disso, as perspectivas são animadoras já que as três grandes chinesas têm planos de eletrificação bem mais avançados que suas concorrentes mais tradicionais.

A GWM vai colocar sua fábrica em Iracemápolis (SP) para funcionar em 2024, inicialmente com uma picape média e um SUV ambos híbridos enquanto a BYD acaba de anunciar um investimento de R$ 3 bilhões em um complexo a ser instalado em Camaçari, na Bahia.

A CAOA Chery, por sua vez, tem duas fábricas já funcionando e pode retomar seu protagonismo em breve.

Com veículos nacionais e preços atraentes (como se vê nos modelos elétricos que estão sendo lançados aqui), os chineses podem enfim transformar a “invasão” em algo real, para sorte dos consumidores brasileiros, beneficiados pela maior concorrência.

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