Carros chineses já 'invadiram' o Brasil? Números mostram que não
Boas vendas da BYD e GWM acabaram anuladas pela queda nos emplacamentos da CAOA Chery, mas panorama deve mudar nos próximos meses
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A profecia já vem sendo espalhada há tempos: primeiro foram os japoneses, depois os sul-coreanos e agora chegou a vez de os carros chineses invadirem o Brasil.
De fato, as marcas de automóveis da China nunca estiveram numa situação tão propícia para cair no gosto do público brasileiro, mas esse momento ainda não ocorreu.
Após uma estreia atrapalhada a partir de 2009, as montadoras chinesas perderam o rumo com o aumento dos impostos para importação e acabaram errando na mão ao apostar em fábricas no país.
A redenção veio com a entrada do grupo brasileiro CAOA, que assumiu a operação da Chery em 2017, primeira montadora chinesa a lançar um veículo de passeio no Brasil.
Nas mãos da CAOA, a Chery viu suas vendas saltarem para quase 40 mil unidades em 2021, desbancando marcas consagradas como Ford, Peugeot, Citroën e Mitsubishi.
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Mas este ano, a fabricante não tem conseguido repetir o mesmo sucesso e terminou o primeiro semestre com apenas 10,6 mil veículos vendidos.
Marca e ano | 2018 | 2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023 |
---|---|---|---|---|---|---|
CAOA Chery | 8.572 | 20.305 | 20.083 | 39.680 | 35.306 | 10.604 |
Haval | 2.162 | |||||
BYD | 46 | 8 | 20 | 135 | 260 | 1.703 |
JAC | 3.882 | 2.027 | 802 | 930 | 1.237 | 395 |
Lifan | 2.312 | 229 | 35 | 10 | ||
Total | 14.812 | 22.569 | 20.940 | 40.755 | 36.803 | 14.864 |
Participação no mercado | 0,6% | 0,8% | 1,1% | 2,1% | 1,9% | 1,6% |
Fonte: Denatran
É justamente essa queda que fez a participação das marcas chinesas cair em vez de subir. Se em 2021, elas tinham pouco mais de 2% do mercado de novos, neste ano elas representam 1,6%.
Mérito da boa estreia da BYD e da GWM, que já beiram os 4 mil veículos emplacados em 2023, compensando também a constante queda da JAC Motors, outra marca pioneira no país e que já viu tempos bem melhores.
Investimento pesado no Brasil
Apesar disso, as perspectivas são animadoras já que as três grandes chinesas têm planos de eletrificação bem mais avançados que suas concorrentes mais tradicionais.
A GWM vai colocar sua fábrica em Iracemápolis (SP) para funcionar em 2024, inicialmente com uma picape média e um SUV ambos híbridos enquanto a BYD acaba de anunciar um investimento de R$ 3 bilhões em um complexo a ser instalado em Camaçari, na Bahia.
A CAOA Chery, por sua vez, tem duas fábricas já funcionando e pode retomar seu protagonismo em breve.
Com veículos nacionais e preços atraentes (como se vê nos modelos elétricos que estão sendo lançados aqui), os chineses podem enfim transformar a “invasão” em algo real, para sorte dos consumidores brasileiros, beneficiados pela maior concorrência.
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