Por que é tão difícil bater os carros líderes do mercado?
Mesmo com vários lançamentos nos últimos anos, certos modelos permanecem intocáveis como os mais vendidos de suas categorias
O segmento de carros mais popular do Brasil ganhou em quatro anos nada menos que seis novidades, muitas delas com potencial de vendas muito grande. Mas nem assim conseguiram abalar a liderança do Onix, não só o hatch compacto mais popular do país como o carro mais vendido do mercado há anos.
Curiosamente, esses seis modelos (novo Ka, Polo, Argo, Mobi, 208 e Yaris) acumulam em 2018 mais de um terço das vendas dessa categoria, um sinal de que em geral agradaram. O problema é que o Chevrolet segue com praticamente a mesma participação de mercado, em torno de 20%.
O fenômeno, no entanto, é geral: praticamente nenhuma das principais categorias têm algum tipo de revezamento na liderança e em várias o carro mais vendido demonstra enorme margem para os demais.
Difícil apontar apenas um motivo para essa aparente letargia do consumidor que acaba sendo fiel a produtos já consagrados. Pode envolver desde fatores como a insegurança da economia (quando optamos por escolhas menos arriscadas) como estratégias mais agressivas por parte das montadoras para manter um alto volume de vendas (leia-se focar também nas vendas corporativas). É claro que em boa parte desses casos o modelo líder é a síntese do que o púbico procura – mesmo que às vezes ele nem seja o melhor tecnicamente.
E nem sempre uma enxurrada de lançamentos consegue abalar essa hegemonia, como mostra o Onix. Hoje os dois únicos segmentos que podem ver uma virada é o de sedãs compactos, que conta com novos veículos, e o de SUVs compactos, o mais quente do mercado. Ainda assim nada garante que isso ocorrerá porque basta alguma ação promocional para recuperar alguma margem.
Veja abaixo a situação das principais categorias:
Picapes compactas – Fiat Strada 54,1% (+5,2%)
A Strada é hoje a líder que mais ampliou sua liderança em 2018. A picape da Fiat é a única sobrevivente da família Palio que manteve uma boa clientela. Este ano, inclusive, ela ampliou sua liderança em mais de 5%. Como sua sucessora só deve aparecer daqui um bom tempo, ela parece imbatível.
Familiares compactos – Honda Fit 49,6% (+4,3%)
Não há dúvida que o Fit é um carro único no mercado. Com sua versatilidade e confiabilidade, o Honda tem uma clientela cativa que este ano até cresceu quase 4,5%. A única ameaça é a minivan Spin, recentemente renovada, mas é pouco provável que ela o supere.
Hatches médios - Chevrolet Cruze Sport6 38,6% (+0,8%)
Num sgemento esvaziado, o Cruze se sobressai com quase 40% das vendas, margem que aumentou ligeiramente em 2018 mesmo com concorrentes fortes como o Golf e o Focus. Aqui o problema é outro: a queda geral nas vendas do segmento, cada vez menos atraente ao público.
SUVs grandes – Toyota SW4 53,1% (+0,8%)
Versão “fechada” da picape Hilux, a SW4 é um fenômeno. Mesmo disputando clientes com modelos bem mais modernos e luxuosos, a Toyota tem mais da metade do mercado e que foi ampliado em 2018. A imagem da marca tem peso nessa decisão de compra.
Sedãs de luxo – Mercedes-Benz Classe C 30,1% (+0,1%)
O Classe C tem um concorrente duro no mexicano Fusion, mas já faz um bom tempo que nem assim o Ford tem conseguido retomar a primeira colocação. A Mercedes-Benz manteve a mesma participação de 2017 até aqui, de pouco mais de 30% do mercado de sedãs de luxo.
Hatches compactos – Chevrolet Onix 21,9% (-0,2%)
Para uma categoria com inúmeros concorrentes e muitas novidades, a perda de apenas 0,2 ponto percentual do Onix é uma vitória. Ainda mais se pensarmos que o Chevrolet quase o mesmo que a soma do 2º e 3º colocados.
SUVs médios – Jeep Compass 44,9% (-1,5%)
É verdade que o Compass é um sucesso absoluto, talvez o mais impressionante no Brasil. Mas também é verídico que ele transita entre duas categorias: é um pouco maior que os SUVs compactos mas não chega a ter o porte dos SUVs médios. Nada disso tira o mérito de um projeto que soube agradar o consumidor com estilo e bons equipamentos além de uma gama bem extensa.
Picapes médias – Toyota Hilux 29,8% (-1,8%)
Não é à toa que a Toyota tenha mexido no visual da Hilux. Embora seja líder desde 2016 (desbancando a então imbatível S10), a picape perdeu um pouco de espaço para a rival da Chevrolet que até liderou alguns meses. Apesar da proximidade, é pouco provável que a Toyota vá dar chance à S10 de retomar o primeiro lugar.
SUVs compactos – Honda HR-V 15,9% (-3%)
É hoje o líder mais ameaçado. Além de ter ganhado vários concorrentes o Honda está sendo acossado pelo seu rival tradicional, o Renegade que se aproximou rapidamente nos últimos meses. Kicks e Creta estão por perto revelando um raro equilíbrio no mercado.
Sedãs médios – Toyota Corolla 42,7% (-3%)
O Corolla, rei dos sedãs, anda perdendo espaço para os SUVs mas também para seus concorrentes diretos, o Civic e o Cruze. Este ano o Honda tem quase 20% das vendas contra 18% em 2017 enquanto o Chevrolet abocanhou 14,5% das vendas, mais de um ponto percentual que no ano passado. Com isso o Toyota encolheu 3%, mas segue inalcançável na liderança.
Sedãs compactos – Chevrolet Prisma 18,2% (-3,6%)
Ao contrário do Onix, o sedã Prisma sentiu o baque de uma nova safra de concorrentes. Cronos, Yaris Sedã e sobretudo o Virtus chegaram bem ao segmento e hoje o Chevrolet amarga a maior queda entre os líderes – 3,6%. Mesmo assim, a distância para o VW no acumulado do ano é tão grande que a chance de perder a coroa é mínima. Já em 2019 quem sabe...
* Dados de janeiro a julho de 2018 comparados aos 12 meses de 2017
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