Renault e Mercedes juntas? Acredite
Dois dos maiores grupos automotivos do mundo anunciarão uma profunda parceria que envolve veículos, motores e componentes
O maremoto passou e quase não houve náufragos no mercado automobilístico mundial. As maiores vítimas foram as marcas da General Motors que já não faziam muito sentido mesmo, como Pontiac, Saturn e Hummer. Mas o temor pelo pior ainda persiste na maior parte dos grupos industriais do setor.
A ordem é tentar reduzir custos e a principal saída tem sido a sinergia no desenvolvimento de produtos. Somente isso para explicar a parceria entre a francesa Renault e a alemã Daimler, dona da Mercedes-Benz.
Apesar de concorrerem em alguns segmentos, as duas têm perfis diferentes – a Renault foca no consumidor comum enquanto a Mercedes é a marca premium mais conhecida do mundo. E encontraram diversas sinergias entre elas que serão reveladas no dia 14 de abril, quando o anúncio da parceria foi realizado.
Compactos e motores
Não é diferente do que fazem hoje a BMW e PSA, dona da Peugeot e da Citroën, mas muito mais profundo. Em vez de apenas motores, a parceria Renault-Daimler produzirá novos modelos sobre a mesma plataforma. Uma delas é o projeto Edison, conforme revela a revista Auto Week. O Edison deu origem à linha de elétricos que a Renault fará em breve, entre eles o Twizy, um carro urbano de dois lugares que servirá como base para os novos Twingo e Smart ForFour, que serão produzidos na Eslovênia.
Toda a tecnologia híbrida e elétrica das duas empresas também será combinada, inclusive a parceria da Daimler com a chinesa BYD, dona das melhores baterias de lítio do mercado.
E por falar em propulsão, o acordo prevê a produção de novos motores, um quatro cilindros a gasolina com injeção direta e turbo, e um diesel common-rail, ambos para serem usados na Renault, Smart, Mercedes-Benz e Nissan. A ideia é equipar as novas gerações do Clio e do sucessor do Classe A e B em 2012.
Furgões iguais
Se a sinergia é interessante nos modelos de passeio, na área de comerciais leves ela é imensa. Um dos projetos em vista é o do novo Kangoo que substituiria o Viano, da Mercedes. Também a Sprinter e a Máster teriam mais em comum com o passar do tempo.
Tamanha aliança não pode ser vista como um acordo de curto prazo, claro. Por isso, as duas empresas anunciarão em conjunto a compra de ações de ambas, para selar a ligação entre elas. Apesar disso, não existe um plano de fusão, segundo os rumores que vêm da Europa.