Sedã XF confirma volta por cima da Jaguar
Nova geração do modelo mais vendido da marca britânica está em pé de igualdade com rivais alemães
Sensação com seus SUVs, a Land Rover ofuscou sua irmã britânica, a Jaguar, nos últimos anos. É verdade que a tarefa da marca criadora do Defender tinha uma missão mais fácil afinal o utilitário esportivo virou produto de desejo em todos os países representados na ONU – ou mais.
Mas a vez da Jaguar chegou. Uma das maiores referências da cultura inglesa, a marca, aos poucos, vai mostrando que virou o jogo após um período pouco inspirado em que a Ford mandou e desmandou em seu território.
A ironia é que hoje, nas mãos dos indianos da Tata, a Jaguar nunca foi tão britânica. Seus modelos recuperaram o design provocativo e também voltaram a instigar seus ocupantes.
O ponto de partida foi o XF, sedã que substituiu o apagado S-Type em 2007. É verdade que o modelo surgiu antes de a Tata assumir a Jaguar, mas sem a mentalidade dos indianos talvez o XF virasse mais um carro para esquecer.
Quase dez anos depois, a Jaguar é outra e o XF também. O carro mais vendido da fabricante ganhou nova geração que soube preservar as linhas do primeiro, mas acrescentar retoques mais esportivos e crescer a ponto de acomodar com muito mais conforto seus ocupantes.
Receita conhecida
O novo XF é parte da ofensiva que a Jaguar promove no mundo inteiro. Ela começou com o XE, sedã de entrada da marca e que a coloca num segmento onde estão o Classe C, da Mercedes, o Série 3, da BMW, e o recém-renovado A4, da Audi. E terminará com a chegada do F-Pace, primeiro SUV da Jaguar, que está sendo lançado na Europa nesta semana.
Mas é o XF a estrela do portfólio atualmente. Se o XE encara os alemães citados acima, cabe ao XF a tarefa de disputar espaço com uma trupe mais sofisticada que inclui o Mercedes-Benz Classse E, o BMW Série 5 e o Audi A6.
Nesse segmento, motores potentes, tração traseira ou integral e câmbios velozes são imprescindíveis. E o que traz o XF na bagagem? Um pacote muito bem acertado, com direito a dois motores, um quatro cilindros turbo com 240 cv de potência e um V6 3.0 litros de 380 cv – ambos utilizam uma transmissão automática de oito velocidades com opção sequencial.
São três versões, sendo duas (Prestige, mais clássica, e S, com visual mais esportivo) com o motor 2.0 turbo e a XF S, equipada com o V6. Esta acelera de 0 a 100 km/h em 5,3 segundos enquanto as duas outras cumprem a missão em 7 segundos – a velocidade máxima é limitada eletronicamente em 250 km/h.
Voltado para o lado piloto
O Jaguar XF é daqueles carros que te fazem sentir um piloto. A posição de guiar é baixa, os comandos estão bem próximos e a visão é um pouco mais restrita justamente para transparecer esportividade.
Com quase 5 metros de comprimento, o XF impressiona e agora também acomoda melhor seus ocupantes em seus 2,96 metros de entre-eixos. A assinatura em LEDs ressalta os faróis longilíneos e as lanternas são marcadas por dois semi-circulos também em LED. Por dentro, há uma certa familiaridades com outros carros da Jaguar e até da Land Rover, como nos botões do ar-condicionado e a central multimídia – afinal, algo tem que ser compartilhado entre elas.
R$ 267,400 Sedã médio de luxo Mercedes-Benz Classe E, BMW Série 5 e Audi A6 297 unidades 2.0 turbo gasolina 240 cv a 5.500 rpm 34 kgfm a 1.750 rpm Automática de 8 velocidades 4,954 m de comprimento, 1,987 m de largura, 1,457 m de altura e 2,96 m de entreeixos 2.210 kg 505 litrosJaguar XF Prestige 2.0 2016
Resumo
Preço
Mecânica
Motor
Dimensões
Medidas
Freio de estacionamento elétrico, assim como a partida por botão. Por falar nele, a transmissão utiliza um elemento giratório que pode ser escondido quando estacionado. Atrás dele, as teclas de ajuste do sistema Adaptive Dynamics, que permite que você escolha o modo de direção.
A Jaguar trouxe do esportivo F-Type a suspensão dianteira “double-wishbone” que trabalha em conjunto com uma suspensão traseira multilink – a direção é elétrica de grande precisão.
Espelhamento de smartphones
Apesar do design interno um tanto clássico, o XF incorpora vários elementos atuais. A central multimídia, por exemplo, utiliza o sistema InControl Apps que espelha smartphones de última geração. São dois tipos de central, a InControl Touch, com 8 polegadas, e a InControl Touch Pro, com 10,2 polegadas. Já o sistema de som é Meridian com oito alto-falantes e 380W de potência.
A Jaguar também equipou o XF com controle de cruzeiro ativo e aviso de saída de faixa, dois recursos que podem ser visualizados no Head-up Display, o visor ao nível dos olhos que projeta informações no para-brisa.
Comportamento impecável
AUTOO acelerou o novo XF numa viagem entre São Paulo e o Autódromo Velocittá, no interior de São Paulo. Lá pudemos andar com a versão V6 XF S na pista. No “ambiente civil”, o XF mostrou-se um carro previsível, potente e seguro. Direção ágil e o câmbio ZF estão bem acertados com o motor 2.0 turbo. Na estrada, o sedã não cansa numa viagem de 200 km com uma parada rápida. Os materiais são de bom gosto e o espaço interno é adequado – não chega a ser uma limusine, mas é bem confortável.
O ponto negativo está nos dois sistemas autônomos. Tanto o controle de cruzeiro como o aviso de saída de pista têm uma atuação menos incisiva do que esperávamos. A marca explicou que eles não têm esse papel de autonomia que outras concorrentes oferecem, o que é uma pena.
Na pista, o XF S acelerou com vigor e a tração traseira, devidamente controlada pelos sistemas eletrônicos, mantém a diversão sem nos deixar abusar da emoção.
Segmento limitado
A tarefa do XF não deve ser das mais difíceis, afinal o sedã britânico já vendia bem nesse segmento intermediário de luxo. O problema aqui está mais nos baixos volumes de carros que custam acima de R$ 260 mil. Ou seja, se emplacar mais de 300 carros durante 2016 já será uma meta e tanto. Mas de uma coisa não há dúvida: a Jaguar está de volta ao jogo.