Stellantis tem motor 100% a etanol nos planos; híbrido flex chega em um ''futuro próximo''

Empresa, que reúne marcas como Fiat e Jeep, destaca papel central do biocombustível em sua estratégia de descarbonização para o mercado brasileiro
Detalhe do motor 1.3 GSE produzido em Betim (MG)

Detalhe do motor 1.3 GSE produzido em Betim (MG) | Imagem: Divulgação

A Stellantis concedeu nesta sexta-feira (31) uma importante coletiva de imprensa na qual apresentou alguns pilares de sua estratégia de descarbonização para o mercado brasileiro. 

As movimentações da empresa devem ser analisadas com atenção, uma vez que a Stellantis, ao reunir marcas como Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën, atualmente lidera os mercados brasileiro e da América do Sul, sendo, portanto, uma importante formadora de tendências. 

Em suas apresentações, os executivos da Stellantis deixaram clara a relevância que o etanol terá nos planos da companhia por aqui, inclusive em uma etapa anterior à eletrificação do portfólio nacional. 

As razões que fazem a Stellantis centrar sua estratégia no etanol começam pela ampla experiência que o Brasil possui no setor, com mais de 40 anos de uso do combustível no país, contando com uma plataforma consolidada de produção, logística e distribuição. 

Além disso, ao usarmos como exemplo o ciclo de desenvolvimento da cana-de-açúcar, o vegetal é capaz de absorver de 70% a 80% do CO2 liberado na produção e queima do etanol pelos automóveis, um dos principais motivos que tornam o combustível tão sensato para o país. 

Em paralelo, a própria biomassa resultante dos processos para obtenção de açúcar e do etanol pode ser aproveitada na produção de biometano, o qual poderá servir para movimentar caminhões e máquinas agrícolas, realçando a versatilidade dos biocombustíveis. 

Motor a etanol

Por essas razões, a Stellantis salienta que tem nos planos, inclusive, colocar no mercado brasileiro a opção de um motor 100% a etanol. 

Vale lembrar que, em 2021, quando iniciou a produção da gama de motores GSE em Betim (MG), a Stellantis entrou em detalhes sobre o protótipo E4, o qual tomava por base o 1.3 turbo flex com injeção direta, porém munido de diversas soluções técnicas para otimizar a queima de etanol, algo que não é alcançado mesmo em motores flex mais modernos.  

A empresa não estabelece um prazo para colocar no mercado seu motor 100% a etanol e, segundo apuramos, tal solução não ficará necessariamente restrita ao 1.3 turbo. 

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O motor E4 foi uma escola sobre o que podemos fazer para otimizar o uso do etanol. As soluções desenvolvidas ali podem ser aplicadas em outros motores que utilizamos no Brasil”, explicou João Irineu Medeiros, vice-presidente de assuntos regulatórios da Stellantis América do Sul. 

A Stellantis reconhece, em paralelo, que serão necessários estímulos – talvez até tributários – para promover uma aceitação maior de motores 100% a etanol. Até mesmo um trabalho de conscientização do público sobre as vantagens de tal propulsor precisaria ser feito. 

Eletrificação à brasileira 

Já no que diz respeito à eletrificação, a Stellantis pondera que o alto custo dos carros puramente elétricos torna esses veículos pouco adequados a um país em desenvolvimento, como é o caso do Brasil. 

Não se trata, portanto, de contrapor descarbonização e eletrificação. A descarbonização é o resultado desejado e necessário, enquanto a eletrificação é um dos caminhos para se alcançar a descarbonização da mobilidade. O emprego do etanol combinado com eletrificação é o caminho mais rápido e viável do ponto de vista social, econômico e ambiental para uma crescente eletrificação da frota brasileira”, resume a Stellantis. 

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Jeep Compass 4xe: híbrido plug-in à venda pela Stellantis no Brasil chega importado da Europa
Imagem: Divulgação

A produção nacional por parte da Stellantis do seu primeiro automóvel com mecânica híbrida flex deverá ocorrer em um “futuro próximo”, respondeu o presidente da empresa para a América do Sul, Antonio Filosa, quando questionado sobre o tema. 

O executivo não entrou em detalhes sobre qual produto vai inaugurar a tecnologia dentro do grupo, mas que sistemas do tipo híbrido-leve (MHEV), híbrido pleno (HEV) e híbrido plug-in (PHEV) podem, cada um em etapas diferentes, ganhar as linhas de montagem da Stellantis no Brasil. 

De acordo com nossas apurações, o sistema híbrido-leve flex deverá ser o primeiro a ser colocado em um veículo nacional da Stellantis até por conta do valor mais acessível deste tipo de solução. Posteriormente conjuntos mais sofisticados deverão ser acrescentados ao portfólio brasileiro da Stellantis, seguindo o ritmo de absorção do mercado. 

Em sua fala de encerramento, o presidente da Stellantis América do Sul destaca que a eletrificação da frota no Brasil deverá ganhar mais força entre 2026 e 2027. 

Não acho que o futuro será exclusivamente de carros elétricos. As variáveis são muitas em diversas regiões do planeta e o que serve hoje para a Europa ou os EUA pode não funcionar no Brasil, no restante da América do Sul ou no Norte da África, por exemplo, por isso acredito que vamos ter diversas formas de descarbonização coexistindo nos próximos anos”, conclui Filosa. 

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