SUV da Jaguar pode? Pode

Nenhuma marca teve a imagem tão maltratada nos últimos tempos como a Jaguar. Famosa por modelos como o clássico E-Type, a Jaguar passou por uma longa crise de identidade após ser comprada pela Ford 1990. Os americanos criaram, então, a divisão de veículos de luxo PAG, que incluía a Land Rover, Aston Martin e a Volvo, além da própria Jaguar.

Foi uma fase de equívocos já que a gigante americana achou por bem padronizar plataformas globais usando sua tecnologia e isso deu origem à modelos tristemente lembrados como o S-Type e o X-Type, praticamente um Mondeo com roupagem britânica.

Sem nunca ter dado lucro à Ford, a Jaguar acabou vendida em 2008, juntamente com a Land Rover, para o grupo indiano Tata. Parecia o início do fim, afinal a Tata, embora grande, não compreendia o segmento de luxo, mas aconteceu justamente o contrário. Nas mãos dos indianos, a Jaguar ganhou autonomia e investimentos e parte agora para a fase mais ousada de sua longa história.

“Hoje a Land Rover vende 80% e a Jaguar, 20%”, explica um executivo da JLR ao AUTOO, a holding que reúne as duas marcas. “Em breve, elas venderão o mesmo, é claro que imaginando que a Jaguar alcance o volume da Land Rover”, completa rindo nosso interlocutor.

Graça, Espaço e Velocidade

Dois modelos serão os responsáveis por esse súbito aumento nas vendas da Jaguar, hoje um tanto restritas por um portfólio mais caro. O primeiro será lançado em março, o sedã XE, o mais acessível da marca e que disputará o mercado onde estão hoje o Classe C, da Mercedes-Benz, o Série 3, da BMW, e o A4, da Audi. Por isso ele é cotado para ser fabricado no Brasil em 2016 já que seus rivais serão feitos aqui em sua maioria.

O outro veículo é o agora oficialmente batizado ‘F-Pace’. A surpresa é que a Jaguar aderiu aos SUVs, algo impensável há algumas décadas, mas hoje uma jogada sensata, tamanho é esse mercado, já explorado por suas rivais alemãs.

Mas a montadora nega que o F-Pace será um Land Rover com o logo do felino. “O F-Pace vai honrar seu nome. Será um esportivo com um formato crossover e não um modelo off-road”. O funcionário da Jaguar faz menção ao termo ‘Pace’, algo como velocidade em inglês e que foi por muito tempo parte do slogan da marca na Europa – ‘Grace, Espace, Pace’, que exaltava a beleza, o espaço e a velocidade de seus carros.

O F-Pace terá um visual baseado no conceito C-X17, mostrado nos últimos salões, e deverá usar motores, transmissões em comum com modelos da Land Rover. Até a produção deverá ocorrer numa das fábricas originais da marca de off-road, mas a base vem do sedã XE. OS motores devem combinar versões 2.0, de entrada, a V6 3.0 e até um V8 numa suposta versão R. Haverá tração integral, mas a capacidade off-road será mais limitada.

O Jaguar ‘familiar’, como definiu o designer-chefe da marca, Ian Callum, deverá ser revelado no Salão de Frankfurt e começar as vendas até o final do ano. Ele promete importunar a vida de outro modelo que flerta com os cupês e os SUVs, o Macan. Afinal de contas, se a Porsche pode ter um SUV por que não a Jaguar?