Classe G 55 AMG é opção para os excêntricos

Superjipe da Mercedes-Benz fabricado desde 1979 tem capacidade para o off-road extremo e acelera como esportivo no asfalto com seus 507 cv

Mercedes-Benz G 55 AMG | Imagem: divulgação

Exótico? O Mercedes-Benz Classe G 55 AMG é muito mais do que isso. Ele é único. É um jipão que mistura a rusticidade visual de um Land Rover Defender com artigos de luxo comparáveis ao de um BMW Série 5. E tem mais. Por baixo do capô ele é um senhor superesportivo alemão. O motor 5.5 V8 Kompressor gera colossais 507 cv e torque máximo de 71 kgfm graças ao “tempero” da divisão esportiva AMG. Tal força é equivalente a de sete Fiat Uno 1.0 dos novos com o acelerador no “talo”. E falamos de um utilitário que nasceu em 1979 com um “motorzinho” de meros 79 cavalos...

O Classe G é raríssimo no Brasil, apesar de ser oferecido por aqui desde 2001. Nos Estados Unidos ele é “hit”, em especial entre o público feminino e diversas celebridades. Alguns de seus ilustres proprietários são a atriz Brooke Shields e o ex-boxeador Mike Tyson. No Oriente Médio também é popular, onde, aliás, já teve até versão com pintura dourada. Por aqui, os apresentadores Luciano Huck e Faustão já garantiram seus exemplares, dois dos nove vendidos em 2010.

A meta de vendas para este ano é mais ambiciosa. “O plano é vender ao menos 19 unidades em 2011”, afirmou Leirson Fachina, coordenador de marketing de produto da Mercedes-Benz no país, complementando ainda que nove modelos já foram emplacados neste ano. “Já alcançamos o volume do ano passado em menos de seis meses”, comemora.

O G é raro em território nacional por dois fatores. O primeiro é seu visual antiquado, mas que para alguns é o suprassumo do design veicular justamente por ser assim, antigão. Quem gosta também tem muito dinheiro, pois o jipão da Mercedes é extremamente caro. Custa US$ 295.000, ou R$ 462.000 se preferir pagar com a moeda brasileira. Por esse valor é possível comprar SUVs de luxo como um Porsche Cayenne S ou então um Range Rover Vogue, que também passam da barreira dos R$ 450.000 e vendem mais por serem carros, digamos, mais contemporâneos. Gosto cada um tem o seu e isso não se discute.

Pau pra toda obra

A capacidade fora-de-estrada do G 55 AMG é algo que parece não ter limites. O modelo desafia a física ao poder inclinar até 54° em barrancos sem capotar, além de poder entrar e sair de buracos descomunais com facilidade. “Nem precisar acelerar muito”, me avisava o instrutor enquanto superávamos uma enorme rampa de terra com mais de 50° de inclinação. Essa aptidão, por ironia, é mérito da rusticidade do “Mercedão”, que possui eixos rígidos e chassi de longarinas, concepções já ultrapassadas no mundo dos SUV modernos, montados com suspensões independentes para cada roda e estruturas em monobloco. Mas eles não chegam aonde o G vai.

Outro equipamento fundamental para o off-road mais pesado e presente no Classe G são os bloqueios manuais dos diferenciais frontal, central e traseiro. Esses recursos distribuem a força do motor entre as rodas de forma individual, ajudando o veículo a superar atoleiros ou trechos que literalmente tiram os pneus do chão. Quem não quiser apertar botão algum pode recorrer a ajuda no sistema 4ETS, que cumpre a mesma função, mas com apoio dos sistemas de freios ABS e controles eletrônicos de estabilidade e tração.

A versão AMG ainda leva vantagem na terra por conta de sua força colossal. A faixa de 71 kgfm de torque, disponível entre 2.650 rpm e 4.000 rpm (sete vezes a força do já citado Uno Mille), pode ser praticamente duplicada com a transmissão no modo Low (com caixa de redução ativada), permitindo ao carro, literalmente, subir paredes. O câmbio, com 5 marchas, também tem modo sequencial na alavanca, o que ajuda bastante na hora de encarar trechos alagados ou completamente tomados pela lama. E ele também ajuda o carro a acelerar, e muito!

Em linha reta o Classe G anda com tanto vigor (o ronco do V8 é um sinfonia) quanto um Mercedes C 63 AMG, por exemplo, mesmo pesando “paquidérmicas” 2,5 toneladas (vazio) e sendo tão aerodinâmico quanto um container de carga, desses que vimos em navios. O modelo vai do 0 aos 100 km/h em apenas 5,5 segundos e atinge 210 km/h, velocidade máxima limitada eletronicamente. Mais do que isso, apesar dos 507 cv permitirem tão façanha, é algo que supera os limites da física e também do bom-senso. Como está serve até demais.

Mas nas curvas a história é bem diferente. A 60 km/h os largos pneus 275/55 em rodas aro 19” já começam a “gritar” ao primeiro giro mais rápido do volante. Para frear também preciso cuidado, pois a máquina é pesada. Por isso é melhor começar a pisar no freio bem antes de chegar ao obstáculo. Já o consumo de combustível gira em torno de 5 km/l, como mostrou o computador de bordo do modelo avaliado pelo AUTOO.

Passeio pelo pior caminho

O “Defender” da Mercedes-Benz mesmo sendo um carro hábil no que se propõe ele foge a regra do ramo dos “jipes brutos” ao trazer conforto. Não é o melhor dos mundos, mas um banco com regulagem inflável e um eficiente ar-condicionado digital, sem falar ainda do equipamento de som Harman Kardon, fazem de uma severa expedição na selva um passeio tranquilo. No banco traseiro, no entanto, o espaço é reduzido e os encostos são retos demais, deixando o passageiro em uma posição mais complicada para uma eventual soneca.

Chamam atenção ainda o cuidado no acabamento de montagem da cabine, com encaixes emborrachados e até revestimento de couro Alcantara no teto. Por outro lado, a cabine do Classe G deixa à mostra um parafuso ou outro pelo interior. Mas nesse ramo isso vale. Há quem ache ainda que ele fica mais bonito sujo de lama e com o interior empoeirado...

Por mais 30 anos?

Na Europa, a versão curta do Classe G (essa não é oferecida por aqui) já ganhou até série de despedida após mais de 30 anos na ativa. No entanto, isso não implica na descontinuação do modelo “Station”, como explica Thomas Schwegler, gerente mundial do produto Classe G. “Nunca vendemos tantos G. Neste ano caminhamos para emplacar mais de 6.400 unidades. Enquanto o público continuar comprando, nos vamos continuar fabricando”, explica o alemão. Como comparação, em 2003 foram comercializados 3.700 Classe G.

Com a queda do dólar, a Mercedes percebeu que este pode ser o momento do Classe G no mercado Brasil, após 10 anos com uma presença muito tímida. Por este motivo, clientes abastados com gostos excêntricos podem finalmente voltar seus olhos ao jipão rústico. Se vir um G pelas ruas e estradas do país pode ser que o motorista ao volante não seja uma celebridade, como o Faustão ou então o Mike Tyson.

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