Ford vai ''rever modelo de negócios'' para a América do Sul

Fabricante desmente reportagem publicada nesta semana de que sairia da América do Sul
Ford Ranger 2017

Ford Ranger 2017 | Imagem: Divulgação

A Bloomberg divulgou no início desta semana uma notícia que chamou a atenção por abordar o futuro da Ford na região da América do Sul. De acordo com apurações de bastidores e fontes ligadas à empresa as quais a agência de notícias teve acesso, a Ford estaria se aproximando de algumas companhias, dentre elas a Volkswagen e a Fiat Chrysler, para negociar a venda de suas operações em mercados da América do Sul.

Oficialmente, de acordo com um porta-voz ouvido pela própria Bloomberg nos EUA, a Ford classificou a reportagem como “imprecisa”. Procurada pelo Autoo para comentar, a subsidiária brasileira da fabricante emitiu um posicionamento parecido, que reproduzimos na íntegra: “a Ford não está considerando uma saída da América do Sul. Conforme já dito pela companhia, os resultados financeiros na América do Sul estão abaixo do desempenho esperado e um redesenho de nosso modelo de negócios é necessário para determinar onde devemos participar e como podemos vencer neste mercado.

É fato que a reportagem da Bloomberg surge em meio a uma série de boatos que se espalham pelas cercanias da sede da Ford aqui no Brasil. Alguns rumores, inclusive, dão conta de que até mesmo a tradicional fábrica de São Bernardo do Campo (SP) poderia ser fechada, enquanto outros citam a venda da unidade de veículos comerciais, dentre outros. Essas conversas chegam embaladas por alguns cortes de funcionários afetando diversas áreas da empresa.

A grande questão que afeta os negócios da Ford por aqui é o baixo retorno financeiro que a empresa consegue obter na América do Sul mesmo após vários investimentos. Voltando para a reportagem da Bloomberg, em uma recente apresentação dos negócios globais da Ford, a América do Sul é apontada como a região com a menor performance em termos de ganhos para a companhia. A empresa, por exemplo, registrou uma perda de US$ 178 milhões no segundo trimestre deste ano.

“Nosso negócio na América do Sul carece de uma forte posição competitiva ou pilares de lucro. Nós não ganhamos um retorno apropriado no investimento feito na região. Por essa razão, nós estamos nos movendo para um significativo redesenho de nosso plano de negócios, explicou Bob Shanks, responsável pela área financeira da montadora. 

Fato é que, seguindo as novas tendências e futuras demandas do público, a Ford está investindo cada vez mais na eletrificação de seus modelos nos EUA e no desenvolvimento de tecnologias de condução autônoma, duas áreas que consomem investimentos vultosos e exigem que a empresa seja cada vez mais criteriosa sobre onde vai destinar seu dinheiro.

A grande questão, como bem destaca a Bloomberg, é que dificilmente algum outro grande conglomerado global do setor automotivo estaria disposto a assumir as operações da Ford na América do Sul, uma região, como bem sabemos, repleta de incertezas jurídicas, políticas e econômicas. Por isso, alguns especialistas do setor argumentam que talvez uma possível união com outra marca local, nos moldes da extinta Autolatina, poderia ser um caminho para a continuidade saudável das operações da Ford na América do Sul. 

Resta saber se haveria condições para tal negociação hoje em dia, uma vez que notamos um movimento de saneamento das operações globais por parte das grandes fabricantes. A GM, por exemplo, vendeu seu braço europeu (marcas Opel e Vauxhall) que vinha registrando perdas há 20 anos para a francesa PSA, bem como optou por se retirar de mercados como a Índia, Tailândia, Indonésia e Rússia.

Interessante destacar que, pelo menos do ponto de vista comercial aqui no Brasil a Ford parece estar em boas condições. O Ka, por exemplo, registrou um crescimento de 22% nas vendas em julho e é o segundo carro mais vendido do Brasil hoje em dia. O modelo, inclusive, recebeu um investimento importante recentemente com a chegada do câmbio automático. Logo, como a própria montadora argumenta, parece muito mais uma questão de rever sua estratégia para o mercado da região do que simplesmente deixar de operar por aqui.

De qualquer forma, dentre as “quatro grandes” instaladas em nosso país, até o momento só a Ford não anunciou um plano de novos investimentos e renovação da gama para o Brasil e os demais países vizinhos, nos moldes do que já sabemos de Volkswagen, Fiat e GM/Chevrolet.

Vamos acompanhar de perto as próximas movimentações da Ford por aqui e manteremos todos atualizados aqui no Autoo. Acompanhe! 

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