Andamos com o Zoe, o Clio elétrico da Renault

Carro abre novo patamar de economia e gasta apenas R$ 3,50 para rodar 100 km

Renault Zoe gastará R$ 3,50 para rodar 100 km | Imagem: Divulgação

Imagine chegar em casa com o combustível do seu Renault Clio na reserva e plugá-lo na tomada. De manhã, na hora de sair, voilá, seu tanque está cheio. Mas...o que será que aconteceu? Algum ser bondoso anônimo levou seu carro ao posto de gasolina durante a noite? A resposta pode não ser o que você esperava: o seu Clio agora é elétrico.

Mas o que isso significa na prática? Será que o Clio virou um bicho de sete cabeças e agora eu preciso tirar habilitação especial? Vou ter que andar com o rádio ligado no máximo para não atropelar nenhum desavisado no caminho com meu carro silencioso? Não vou mais viajar de carro por causa da baixa autonomia? Se acabar a bateria, posso colocar pilhas em algum lugar?

Nem todas essas perguntas têm respostas tão óbvias quanto parecem. Um veículo sem motor à combustão gera sim certo questionamento, já que o brasileiro ainda não está acostumado com ele. O único carro elétrico à venda no país é o Mitsubishi i-MiEV, compacto que custa algo em torno de estratosféricos R$ 200 mil e somente sob encomenda. Eu pessoalmente nunca vi um rodando pelas ruas de São Paulo (dá pra imaginar o porquê).

Agora, voltando ao Clio elétrico, uma notícia. O veículo elétrico da Renault não é um Clio. Ele tem outro nome, é o Zoe. Na verdade não é só o nome que mudou, é completamente outro carro. Mas por que chamar o Zoe de Clio?

O Zoe e o Clio não são tão diferentes quanto parecem. Ambos levam até cinco adultos e podem ter quatro portas. Os dois também têm as cidades como principal habitat. Os desempenhos não são assim tão diferentes, mas também não são iguais.  Digamos que o Zoe é o Clio do futuro, pelo menos uns 10 anos à frente.
 
Mas quem é o Zoe?

O Zoe é o primeiro veículo da Renault criado desde seu primeiro traço para ser um automóvel 100% elétrico, ao contrário da maioria dos carros que circula pelo mundo sem motores à combustão. Ele não é um carro adaptado para se tornar elétrico, algo que a Reanult fez com o Fluence e o Kangoo. E isso faz diferença. Além disso, para completar a bateria, o custo ficaria em torno de meros sete reais. É isso mesmo, são necessários cerca de R$ 3,50 de combustível para rodar 100 km!

Experiência

Guiar o Zoe é uma experiência intrigante. O carro está ligado? Só olhando as luzinhas do painel para ter certeza, o silêncio impera dentro do compacto e a vibração é nula. O interior remete um pouco como imaginávamos que seriam os carros do futuro, no passado. É bem moderno, o painel traz uma grande tela de LCD, o computador de bordo é bastante completo. No mais ele se parece com um automóvel normal.

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Após ligar o carro por um botãozinho, engate o câmbio no “Drive” e aperte os cintos. O Zoe despeja  todo o torque nas rodas com vontade e sai “rasgando”, tudo porque motor elétrico é assim: ou tudo ou nada. Curvas são devoradas com apetite de sobra e o Zoe “ancora” quando exigido, basta pisar no pedal de freio com um pouco mais de vontade. É bem bacana. O comportamento do elétrico é sim diferente de um veículo movido a um motor à combustão. Está certo que sua velocidade máxima não é lá grandes coisas, apenas 135 km/h, mas abaixo disso...

O Zoe faz um barulhinho que mais lembra um trem do que um carro em velocidades um pouco mais altas. É um apito agudo, mas que não chega a atrapalhar. Pelo contrário, ele dá até um tom especial no carro - talvez ao pegar horas de estrada comece a incomodar, mas ele nem tem autonomia para isso.

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Por falar em autonomia, o maior pecado dos elétricos até hoje, o Zoe é um meio termo. Ele é capaz de rodar até 210 km com uma carga só. Depois disso, haja paciência. São necessárias nove horas em uma tomada para completar a carga. Na verdade existem vários tipos de tomadas, mais precisamente seis tipos pelo mundo. A mais “nervosa” delas descarrega uma carga alta e “enche o tanque” da bateria do Zoe em apenas 20 minutos. É o tempo daquela parada para o café.

Trazer o Zoe para o Brasil elevaria seu preço para algo em torno de R$ 215 mil, segundo a Renault. Na Europa, ele é vendido por 21 mil euros, cerca de R$ 64 mil (sem contar impostos brasileiros). Por lá, a bateria, que é a parte mais cara, é alugada para diminuir o investimento inicial e incentivar a venda.

Realidade

O Zoe não tem como funcionar de verdade no Brasil, por enquanto. Os pontos de abastecimentos elétricos no País praticamente nem existem. Também carecemos de incentivos fiscais, um desconto que o Zoe merece e que poderia tirar mais da metade de seu valor por aqui. Quem sabe um dia possamos gastar apenas R$ 7 para recarregar nosso carro sem ter que desembolsar o equivalente a um esportivo alemão para ter isso. Por enquanto, o Zoe é apenas um futuro bem, bem distante.